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02 jul 2009

A MURALHA


TRIPÉ

O Congresso Nacional, de forma definitiva, conseguiu provar o tamanho da sua impressionante e indestrutível estrutura. Apoiada num poderoso tripé, composto por inabalável corporativismo, farto clientelismo e terrível patrimonialismo, a muralha se revela como algo absolutamente intransponível.

A + B

O presidente do Senado, José Sarney, por tudo que estamos assistindo, provou por A + B que o problema não é ele. Tanto isso é uma verdade incontestável que, se substituído, o novo ocupante deverá manter tudo como está, ou como sempre esteve.

TRIPÉ MANTIDO

Explico: Pelo comportamento demonstrado pela maioria dos senadores, de não tomar a atitude determinante de tirar o homem da presidência, mostra o quanto estão de acordo com os vícios existentes na casa. A dedução, portanto, é lógica: Com Sarney ou sem ele o poderoso tripé será mantido.

MESMOS VÍCIOS

Mesmo que neste momento as atenções estejam muito voltadas para o Senado, a Câmara dos Deputados não fica um milímetro atrás. Para não deixar dúvidas de que os vícios são os mesmos, ontem a Comissão de Ética assinou o atestado da existência do tripé acima mencionado: absolveu o deputado Edmar Moreira. É preciso mais?

MURALHA INTRANSPONÍVEL

Da mesma forma como os congressistas mostram o que querem e podem, o povo brasileiro também mostra que reação é fazer meros desabafos verbais, dentro de suas casas, ou por escrito, via internet. A postura identifica que não há mais o que fazer. Com esta apatia a muralha do Congresso se tornou simplesmente intransponível.

SALADA

Aquela idéia de atirar ovos e tomates nos congressistas ao descerem nos aeroportos das capitais, perdeu sentido. Vamos fazer a salada e comê-la antes que os produtos apodreçam. Enquanto o povo se mantém covarde, o repórter Danilo Gentili, do Programa CQC da Band TV, é agredido pelos seguranças de Sarney. Tá vendo?

GOSTAMOS DE APANHAR

Pois é, gente: quem deveria ser agredido é preservado. Mas os covardes precisam mesmo apanhar. E muito. Só por serem covardes. Nós estamos apanhando porque não reagimos. Vamos nos convencer de uma vez por todas: gostamos mesmo é de levar pau. Ai.

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01 jul 2009

SEGUNDO SEMESTRE DE 2009


ESPERANÇAS

O primeiro semestre de 2009, como se sabe, começou cheio de maus agouros e muitas incertezas. No entanto, o seu encerramento, ontem, mostrou um clima bem diferente para este segundo round, onde as expectativas estão carregadas de boas esperanças. Tomara que assim seja.

AO ESQUECIMENTO

Com um porém: se na economia o pior já passou, como muita gente está apostando, na política brasileira, infelizmente, tudo indica que o pior sempre está por vir. Mesmo com denúncias comprovadas, os safados tratam de adiar as providências até que sejam esquecidas.

TAREFA IMPOSSÍVEL

A cada dia que passa a corrupção aumenta no país. E as impressionantes safadezas cometidas em todos os níveis de governo não conseguem ser contidas. Repito: contidas, pois acabar com elas já virou tarefa simplesmente impossível.

REAL

De qualquer forma hoje, primeiro de julho, é dia de festejar algumas coisas. Primeiramente, os 15 anos do Real, moeda que identifica a grande virada da economia brasileira. A partir daí o Brasil começou a trajetória dos acertos na macroeconomia, hoje muito festejados mundo afora.

TECNOLOGIA

Entre outras evoluções positivas, um destaque especial para quem vive o mercado financeiro: a partir de hoje deixa de existir o pregão de viva voz nas Bolsas brasileiras. A tecnologia, finalmente venceu o grito. Com isso, as operações de compra e venda de títulos passam a ser totalmente transparentes.

COPA 2014

Como a Copa do Mundo de 2014 está confirmada para o Brasil, a partir de agora tudo indica que algumas obras saem mesmo do papel. O que deve movimentar fortemente a economia das capitais escolhidas para os jogos.

ESPERANÇA POBRE

Enfim, o que mais poderíamos esperar para fazer deste país um lugar bem melhor? Bem, aí só as reformas, que estão caindo de maduras, poderiam dar o tom necessário para uma grande virada. Embora vá continuar batendo na tecla, as minhas esperanças são pobres.

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30 jun 2009

QUEM ERRA MAIS?


AGÊNCIAS

Recentemente, o governador José Serra acusou as agências que classificam o risco de crédito de governos dizendo que essas empresas trabalham para grandes especuladores. E completou dizendo que, por errarem tanto, não sabe como ainda continuam abertas.

COERÊNCIA

Ora, se o governador Serra é coerente, e está plenamente convencido daquilo que diz e pensa, se as agências de classificação de risco merecem tal fim, da mesma forma nenhuma instituição pública brasileira poderia estar funcionando.

E O SENADO?

Inclusive o seu próprio governo deveria fechar as portas, a considerar os erros que, porventura, comete. Porque Serra não reage da mesma forma e com o mesmo ímpeto com relação aos graves e continuados erros cometidos na Câmara e, principalmente, no Senado?

RELATÓRIOS

As agências de classificação de risco não são cartórios, governador. Elas têm plena liberdade para avaliar países, governos e empresas. E sempre fundamentam suas análises. Agora, quem lê os relatórios por elas emitidos não tem a mínima obrigação de concordar ou aceitar o que revelam.

INVESTMENT GRADE

Se o Brasil conseguiu o importante Investment Grade, que está promovendo forte atração de investimento, com custo bem mais baixo, é porque as agências revelaram os nossos acertos macro-econômicos. Avaliaram a situação e ratificaram a avaliação.

SÓ PARA ELOGIAR

Dependendo da vontade de José Serra as agências não deveriam existir. Ou melhor: só deveriam existir caso tivessem como propósito elogiar o seu governo. Aí é duro, não?

RISCO-BRASIL

Pois é graças ao conjunto da ópera toda, onde as agências atuam constantemente, que o risco-Brasil está hoje abaixo de 300 pontos-base. Pode haver um equívoco aqui ou ali, ou uma desconsideração, mas as agências cumprem um papel importante na contribuição da decisão dos investidores.

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29 jun 2009

A REAÇÃO HONDURENHA


EXPULSO

Se até agora os povos da América Latina se mostravam frouxos, simpáticos e muito condescendentes com os neo-ditadores, pelo menos em Honduras a reação foi outra: ontem, o presidente Manuel Zelaya, que tudo queria, acabou expulso.

APLAUSOS

Não tenho a mínima idéia das pretensões do povo e, principalmente, das Forças Armadas de Honduras sobre o futuro daquele país. Mas, só pelo fato de terem se livrado a tempo do declarado neo-ditador, já merecem aplausos.

NOVA VENEZUELA

Tudo leva a crer, por enquanto, que o motivo da expulsão de Zelaya foi mesmo o seu firme desejo de querer transformar o país hondurenho numa nova Venezuela.

OUTRO CHÁVEZ

O presidente Manuel Zelaya, para quem ainda não sabe, a exemplo de outros líderes latinos nunca escondeu as sérias pretensões de vir a ser um outro Hugo Chávez. As Forças Armadas de Honduras, atentas ao interesse do neo-ditador, impediram a tempo a manobra.

ATITUDE SALVADORA

É compreensível a dificuldade em apoiar atitudes militares que derrubam governos. Principalmente, porque essa prática já foi rotineira entre os povos da nossa América Latina. No entanto, quando a democracia está a perigo, como é o caso de Honduras, ou como se imagina, a atitude precisa ser vista até como salvadora.

REAÇÃO BRASILEIRA

O governo brasileiro, como já era esperado, em momento algum se preocupou em analisar o sério risco que Honduras corria de vir a ser tutelada por Zelaya. Por isso se apressou em condenar o episódio hondurenho.Como apóia, incondicionalmente, os atos praticados pelos amigos Fidel, Chávez, Morales, Kirchner, Correa, Lugo, etc., além de também elogiar de forma incrível o governo do Irã, em momento algum condenaria as pretensões do presidente hondurenho. Para o governo brasileiro, o salvador da Pátria de Honduras era Zelaya. Só podia.

FAZER DE TUDO

Se alguém ainda tem dúvidas, e está pendendo para o lado que condena o desfecho de ontem, em Honduras, basta observar o sentimento de Hugo Chávez. O homem ficou possesso. Solidário com o amigo destituído, Chávez disponibilizou um avião venezuelano para levar Zelaya para a Nicarágua. E disse alto e bom som que vai fazer de tudo para que Zelaya volte ao Poder de Honduras. Pra mim isso já é mais do que suficiente para ver quem está com a razão.

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26 jun 2009

FALTA DE JUÍZO


OTIMISMO NÃO É O BASTANTE

Em geral, para se sentir mais confiantes e otimistas, muita gente entende que ser otimista é o bastante. Mesmo diante de situações onde o grau de probabilidade de êxito é bastante reduzido, ainda assim o sentimento escolhido é esse.

AVALIAÇÃO

Ora, quem não se dispõe a avaliar minimamente as chances de sucesso em qualquer empreitada, só pode se declarar esperançoso. Até porque o otimismo exagerado nada mais é do que falta de juízo.

ESPERANÇA

Depender exclusivamente do fator sorte, ou o acaso, não pode ser uma demonstração de otimismo. Isto significa muito mais uma esperança. Mesmo remota é só esperança.

BENEFICIADO PELA CRISE

O Brasil (aqui entre nós), está recebendo muita atenção por parte dos investidores internacionais graças à crise mundial. É preciso, portanto, aproveitar o momento para não deixar os investidores frustrados. Otimismo exagerado sem ação pro-ativa resulta em otimismo sem causa, ou falta de juízo.

ENCANTO

Assim como o interesse pelo Brasil cresceu de forma rápida, onde a crise tem sido oportuna e fundamental, ela pode deixar de existir com a mesma velocidade. Basta que deixemos de lado as reformas. Sem elas o encanto observado hoje vira um desencanto maior ainda.

EDUCAÇÃO E REFORMAS

Vamos, portanto, manter o otimismo. Mas com a preocupação de fortalecer as condições favoráveis que o mundo nos deu com a crise. Atenção: a atração que caiu no nosso colo só permanecerá viva e contínua, caso façamos um investimento pesado em educação. E as reformas que o país necessita.

COMPROMETIDOS

Jamais podemos perder a esperança de que algo ainda seja feito por aqui. Mas só podemos ser otimistas conscientes e com juízo caso estejamos comprometidos, para valer. É preciso comprometimento com as causas.

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25 jun 2009

ROBIN LULA HOOD


APROVAÇÃO

De nada mais adianta fazer críticas aos pronunciamentos do presidente Lula. Isto já se tornou uma grande perda de tempo, pois os efeitos de qualquer comentário que contraria o pensamento explícito do presidente são simplesmente nulos. Melhor: quanto mais bobagens Lula diz, mais a sua aprovação avança.

PENSAMENTO DO POVO

Aliás, depois de ler corretamente as pesquisas de opinião sobre Lula fica claro que a insignificante minoria que o desaprova é aquela parcela da sociedade que tem algum estudo e faz deduções lógicas. Como a maioria do povo é desprovida de educação, para esses tudo que Lula diz é festa e soa sempre de forma maravilhosa.

ROBIN LULA HOOD

Quando Lula afirmou, dois dias atrás, que a desoneração fiscal, concedida pelo governo, deveria ser dada diretamente aos pobres, o povo ficou simplesmente maravilhado. Foi à loucura. Ou seja, Lula mostra que já está mais para Robin Hood, na versão tupiniquim. Robin Lula Hood.

TODOS OS CONSUMIDORES

Ora, para começar, se Lula não poderia dizer que só os pobres merecem receber qualquer desoneração fiscal, todos os benefícios oferecidos pelo governo devem alcançar todos os consumidores, sem discriminação de renda.

CARGA TRIBUTÁRIA

Além disso, o correto seria o governo diminuir brutalmente a carga tributária. A partir daí a concorrência aumentaria fortemente e, por consequência, os preços dos produtos e serviços se ajustariam de acordo com a demanda e a oferta.

ASSISTENCIALISTA

Mas, quem ouviu, ou leu, corretamente, Lula desancando o pau em cima dos empresários, por entender que os mesmos se apropriam da desoneração fiscal concedida pelo governo, já entendeu que o propósito do líder tem um objetivo: agradar os pobres de estudo, que o colocam nas nuvens por qualquer declaração assistencialista que faz.

INCONTINÊNCIA VERBAL

Como o Brasil está se beneficiando de forma extraordinária da crise mundial, ninguém está dando ouvidos ao presidente. Lula, esperto e igual a todo ser humano vaidoso, está feliz da vida com a aprovação que os brasileiros lhe conferem. Como até Obama é só elogios ao nosso presidente, isto contribui ainda mais para acelerar a sua incontinência verbal.

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