A REPATRIAÇÃO DE RONALDINHO
O retorno de Ronaldinho Gaúcho ao futebol brasileiro, que depois de ouvir as propostas de vários clubes acertou com o Flamengo, serviu para definir, categoricamente, o que é realmente importante para a nossa pobre sociedade.
PAIXÃO NACIONAL
A imprensa brasileira, anos atrás, quando percebeu que o povo havia escolhido, maciçamente, o futebol como esporte preferencial, passou a usar esta modalidade esportivo-profissional para influenciar cada vez mais a ingenuidade dos apaixonados torcedores.
FRUTOS FINANCEIROS
Agindo de maneira sempre muito mercenária e crescente, a mídia fez do futebol a sua maior fonte de negócios, tirando enorme proveito comercial conquistando patrocinadores cada vez mais poderosos.Esta soma da paixão dos ingênuos com a esperteza comercial produziu frutos financeiros que nunca mais pararam de crescer.
BENEFICIADOS
Diante dessa realidade incontestável, muitos clubes passaram a ser beneficiados e cresceram no mundo todo. Com eles, muitos atletas passaram a ser valorizados. Os mais habilidosos começaram a despontar fazendo contratos milionários com o uso de suas imagens.
LEI PELÉ
Com o advento da Lei Pelé, as atenções passaram a ser voltadas quase que exclusivamente para os jovens atletas, analisados pelo potencial apresentado. Foi aí que surgiu o Ronaldinho Gaúcho. Como os clubes não levaram a sério a Lei Pelé, o Grêmio, entre eles, pagou caro por isso: Ronaldinho foi para a Europa.
TRAIDOR?
À época, diante da ingenuidade e do cochilo do departamento jurídico do Grêmio, para não admitir a responsabilidade pela perda do craque, usou a mídia do RS (leia-se RBS), para transformar Ronaldinho em traidor. Bobagem pura, pois a torcida do Grêmio, embora sofrida com a perda, merecia uma explicação mais convincente e respeitosa.
QUEM É O TRAIDOR?
Agora, pelo visto, o Grêmio, através de seu corpo diretivo, incluindo mais uma vez o jurídico, foi ingênuo. Como a RBS mostrou forte interesse comercial com a repatriação de Ronaldinho, tão logo o Clube não conseguiu fechar o contrato com o craque, a palavra traição foi novamente usada. E, de novo, para esconder a ingenuidade, levando o torcedor gremista ao engano.
PROVINCIANISMO
A prova disto tudo é que o RS é um Estado pra lá de provinciano. E Porto Alegre é a capital da Província. Agindo como provincianos (como um sinônimo de ingenuidade), as frustrações dos aficionados prejudicados se tornam marcantes. Este sofrimento do aficionado gremista, induzido pela mídia, com a RBS à frente, passou a chamar de mercenário e traidor o craque Ronaldinho. Ora, mercenária e provinciana é a RBS, que, pasmem, chegou a publicar um caderno especial para explicar a não contratação do atleta. Traidor, gente, é o que menos existe neste episódio. Só têm ingênuos e provincianos.O curioso é que um colunista da RBS passou a hostilizar, de todas as formas, o atleta Ronaldinho. Contando, inclusive, com o apoio de um deputado estúpido que quer tornar Ronaldinho ? persona non grata ? no RS. Pode? Quanto aos políticos corruptos e às decisões desonestas que são tomadas a toda hora no ambiente governamental, a RBS não provoca os cidadãos e contribuintes para um linchamento público. Chama de traidor o atleta e não chama de traidor o político eleito. Pode?