DESCRENTES
Diante dos comentários que tenho feito sobre a crise mundial, a qual já deixou de ser uma especulação para se tornar um FATO incontestável, alguns leitores, inconformados e descrentes, resolveram contestar os meus argumentos.BASTA REZAR
Antes de tudo recebo as críticas com muita naturalidade. Afinal, quem vive ou já viveu no Brasil tem plena consciência de que aqui muita gente entende que tudo se resolve pela reza, pela oração. Diante de algo ruim basta rezar e/ou fazer uma profissão de fé para que tudo fique bem.PROFISSÃO DE FÉ
Como não é assim que funciona, embora meus argumentos jamais conseguirão mudar a cultura da pajelança, volto às contestações.A principal delas, onde os inconformados se baseiam, é que o Brasil continua sendo um país emergente de fé porque produz commodities necessárias para o resto do mundo. Assim, com ou sem crise as nossas exportações não vão parar.EXPORTAÇÕES
O que esses leitores não estão levando em consideração é que o nosso saldo comercial tem sido sustentado pelo preço das commodities e não pela quantidade física exportada. Esta vem se reduzindo, paulatinamente.COMMODITIES
Se até poucos dias atrás os preços ainda estavam elevados, quem sustentava esse comportamento eram as operações no mercado futuro e não pelo consumo. Assim como o ouro, outras commodities também estavam muito demandadas, porque apresentavam taxas de retorno mais atraentes do que os juros dos títulos públicos.MERCADO FUTURO
Aí é que está o cerne da questão. A demanda não acontece só por aqueles que industrializam a matéria prima. É, principalmente, por quem compra contratos no mercado futuro. Quem faz o preço, portanto, é o mercado futuro.Quando a procura se acentua, com força, quem faz o preço é o vendedor. Daí a elevação forte dos preços. E, da mesma forma, quando a oferta é grande quem faz o preço é o comprador.O MOMENTO É ESTE
Com o estouro da bolha dos títulos públicos e dos orçamentos de vários países, o mundo todo entendeu que o consumo vai se reduzir. A partir daí as operações estruturadas no mercado futuro das commodities começaram a ser desarmadas. Resultado: as cotações vieram abaixo. Como os grandes compradores de commodities brasileiras moram na Ásia, pela lógica são eles que dirão o quanto estão dispostos a pagar pelo nosso minério e pelos nossos grãos.Como o custo Brasil é muito alto, com preços das commodities em baixa a nossa complicada competitividade fica ainda mais comprometida. Como isto também é FATO, aí vai o meu recado aos inconformados: pressionem o governo para que faça as reformas. Se estavam esperando por um bom momento, este é o ideal.ENTENDIMENTO
Aqui entre nós: existe algo mais importante neste momento do que a crise econômico/financeira mundial? É possível deixar de comentar ou especular sobre o assunto? Como a resposta é negativa, então vamos nessa. Com um detalhe: o importante é não procurar consolo nas análises e comentários. O que vale é o entendimento da situação, por mais duro que seja.PARA BAIXO
Se as coisas já estavam pra lá de complicadas para a economia mundial, na última sexta-feira a S&P jogou toneladas de desconfiança no mercado quando anunciou ter revisado, para baixo, a nota de avaliação de risco dos títulos americanos.RISCO ZERO
É indiscutível que os títulos públicos dos EUA não oferecem qualquer temor de calote aos investidores. Portanto, os resgates continuam assegurados. A novidade é que o tal de risco zero, identificado pelo triplo A (AAA), deixou de existir.O RISCO JÁ EXISTE
A nova nota de avaliação dos títulos da dívida americana, que pela S&P (por enquanto) passou a ser duplo A (AA+), é pra lá de boa. Repito: embora os resgates não estejam ameaçados, a novidade é que o risco deixou de ser zero. Ou seja: embora ínfimo, agora ele existe.O PROBLEMA
Entre tantos comentários que li e ouvi nesses últimos dias, a minha convicção continua a mesma: o problema não está no rebaixamento da nota de avaliação atribuída pela S&P. Está na dificuldade que os países de primeiro mundo (G-7) estão enfrentando para que suas economias cresçam.DEPRESSÃO NÃO DESCARTADA
Como nenhum deles está com folga orçamentária para poder manter um nível de atividade razoavelmente aquecido, e o setor privado, por sua vez, padece de um baixo consumo, a recessão mundial é praticamente inevitável. Não se descarta, inclusive, que venha a se transformar em depressão.CAIXA
Bem, mas isto significa o fim do mundo? Para muitas empresas, infelizmente, sim. Para outras, entretanto, significa o começo de uma nova era de crescimento e desenvolvimento. Desde que tenham caixa. As oportunidades, a preços muito baixos, vão ser muito bem aproveitadas por aqueles que têm um bom caixa.O RAP QUE GANHOU FAMA
O rap ?Gangue da Matriz
-, do músico Tonho Crocco, disponível no You Tube, nada mais é do que o retrato de uma verdade absoluta quanto ao comportamento de 36 deputados estaduais do RS, que se concederam um aumento de salário de 11,5 mil para 20 mil reais, em dezembro de 2010.FICHA
O mais interessante é que o rap do Crocco conseguiu fazer do apagado deputado federal Giovani Cherini (PDT) uma figura nacionalmente conhecida. Cherini, para quem ainda não sabe, presidia a Assembleia do RS no ano passado, antes, portanto de ser eleito deputado federal. E foi ele quem resolveu entrar com uma ação na Justiça contra o músico.CONHECIDO
Pois, uma vez que os brasileiros já sabem quem é este pobre deputado gaúcho que resolveu defender o indefensável, espero que tomem conhecimento, também, dos lamentáveis projetos que o tipo defendeu e conseguiu aprovar no Legislativo do RS.CHURRASCO
Querem um exemplo de poucas luzes? Pois, Cherini conseguiu aprovar em 17/02/2003, a lei 70/2003, de sua autoria, com o seguinte teor:O churrasco a gaúcha fica instituído como - a comida típica do RS. Parágrafo único ? para os efeitos desta lei, entende-se por churrasco a gaúcha a carne temperada com sal grosso, levada a assar ao calor produzido por brasas de madeira carbonizada ou in natura, em espetos ou disposta em grelha e sob controle exclusivamente manual. Art. 2º ? É conferido ao churrasco a gaúcha a distinção de símbolo do Estado do RS, de sua gente e de sua cultura. Art. 3º ? Fica instituído O Dia do Churrasco, em data a ser fixada em regulamento e a ser incorporada ao calendário oficial de eventos do Estado do RS. Art. 4º ? A Assembleia Legislativa do RS homenageará, anualmente, com o troféu -Nova Bréscia-, uma churrascaria a ser escolhida como modelo por sua fidelidade ao estilo gaúcho e por seu destaque em solidariedade. Art. 5º ? Júri especial apontará o estabelecimento referido no artigo anterior que mais tenha contribuído para o bom êxito do Projeto Fome Zero instituído e mantido pelo Governo Federal. Pode?PRIVILÉGIOS
Este é o cara, gente. Tem mais: em entrevista concedida nesta semana ao jornal ZH Giovani Cherini disse: - Ninguém dever ter privilégio. Nem político, nem artista, nem ninguém. Que tal? Creio que depois disso os privilégios dos deputados certamente vão acabar, não?O FILÓSOFO CHERINI
Querem mais? Pois, Cherini ainda afirmou: - Na vida a gente colhe aquilo que planta. Ora, tomando por base esta filosófica frase, o que o deputado esperava colher depois da aprovação indecente do aumento dos salários dos deputados? Flores? Ainda por cima sem espinhos? Ora, ora, Sr. Cherini...REVOLTADOS
Se os deputados, que o ex-presidente da Assembleia do RS representa, estão se sentindo prejudicados, é bom que saibam que o povo do RS todo está muito mais sentido e revoltado com o que fizeram e com o que costumeiramente fazem. Principalmente quando se auto-concedem aumentos escandalosos.INGREDIENTES DO PRATO
Tudo aquilo que está acontecendo nos mercados financeiros, no mundo todo, foi previsto pelo Ponto Crítico.Não porque este editor seja portador de algum desejo mórbido, mas porque os ingredientes utilizados por vários governos indicavam que o prato agora servido teria este sabor amargo.TRANSFERÊNCIA PARA O ERÁRIO
Tão logo os governos dos países mais atingidos saíram em socorro de suas economias, transferindo as dívidas e os ativos podres que estavam em poder do sistema financeiro para o erário público, muita gente entendeu que a crise estava contornada. Um equívoco e tanto, não?BOLHA DA ALAVANCAGEM
Pois, como o mundo todo está vendo, a quantidade enorme de títulos públicos emitidos para custear a tal transferência da bolha promovida pela excessiva alavancagem do sistema financeiro, produziu um mega-rombo nas contas dos governos imaginados como salva-vidas.O CRÉDITO E O CONSUMO
Na medida em que a economia mundial se viu obrigada a diminuir a oferta até então desmedida de crédito, o consumo, por óbvio, também precisou se adaptar. Daí a resposta para o baixo crescimento econômico.Se a bolha de crédito explodiu, a bolha de consumo, que por sua vez vinha garantindo um vigoroso crescimento econômico, também explodiu. Com menos consumo a economia mundial entrou no marasmo, fazendo com que o risco de uma recessão vire risco de depressão.TERMÔMETRO
Com isso, os governos, principalmente os socialistas, sempre muito gastadores, estão sendo obrigados a cortar drasticamente os gastos públicos. Como o mercado de ações faz a leitura do termômetro com mais rapidez, os índices só estão traduzindo o estado de doença da economia mundial.QUEDA SISTÊMICA
Bem, mas o que leva o Brasil a sofrer tanto? Ora, como a poupança interna é insuficiente para alimentar o tamanho do nosso mercado de capitais, quem vinha garantindo as compras de ativos eram os investidores internacionais. E quando eles resolvem cair fora, a queda é sistêmica. Ou seja: independe do bom ou mau resultado das empresas.BRASIL EFICIENTE
Se o governo fosse dotado de pessoas minimamente esclarecidas, antes que o Brasil seja atingido com força pela crise mundial, o que é praticamente inevitável, este seria a melhor hora para fazer reformas. É em momentos como esse que a gritaria dos contrários perde força, animando os amantes da razão e da lógica. É a hora de fazer o BRASIL EFICIENTE. Que tal?SAINDO DO SILÊNCIO
Nos últimos cinco dias, a presidenta Dilma, que vinha se notabilizando mais por ser comedida nas aparições e nas declarações, bem diferente do seu criador muito falastrão, compensou o silêncio com algumas observações equivocadas.JUSTIÇA SOCIAL?
No último sábado, no Sorteio das Chaves da Copa de 2014, Dilma já havia declarado que o Brasil, além de uma economia estável, desfruta de Justiça Social. Ora, onde está esta tal Justiça Social quando só a Previdência Social, cujos aposentados somam perto de 25 milhões de brasileiros, se dividem em DUAS CLASSES?DISCRIMINAÇÃO ODIOSA
O pior é que isto não passa de uma discriminação odiosa, pois identifica que:1- um milhão de aposentados (do setor público federal), de PRIMEIRA CLASSE, recebe, em média, mais de 5.500 reais e provocam um rombo superior a 52 bilhões aos cofres públicos;2- Enquanto isso, a SEGUNDA CLASSE (turma do INSS) que totaliza mais de 22 milhões de aposentados, recebe, em média 750 reais. E mesmo assim contribuem para um rombo de mais de 43 bilhões nas contas públicas. Isto é Justiça Social?DIABRURAS
Ontem, vestindo o surrado e arcaico traje NACIONALISTA, a nossa presidenta fez questão de dizer outras diabruras no lançamento do programa Brasil Maior.Eis o que Dilma disse: - É imperativo defender a indústria brasileira e nossos empregos da concorrência desleal, da guerra cambial, que reduz nossas exportações e, mais grave ainda, tenta reduzir o nosso mercado interno, que construímos com grande esforço e com muita dedicação.BRASIL COMPETITIVO
Ora, a indústria brasileira não precisa de proteção. Muito menos governamental. Precisa, isto sim, de liberdade, menos impostos, mais infraestrutura, menos burocracia, reformas estruturais e, certamente, menos corrupção. Isto basta para tornar o Brasil competitivo.IMPOSIÇÃO DO GOVERNO
Quem ainda duvida disso basta observar que produtos brasileiros vendidos no exterior têm preço menor do que ofertados aqui aos nossos consumidores. O que deixa bem claro que a tal CONCORRÊNCIA DESLEAL, referida pela presidenta, é uma imposição do próprio governo.PAÍS DOS PRIVILÉGIOS
O mais impressionante é que, ao invés de propor reformas (Previdenciária, Trabalhista, Fiscal, principalmente) o governo sempre dá preferência para REMENDOS, cujos efeitos têm curta duração. Pois, mesmo assim o que se viu foram aplausos de um auditório repleto de empresários satisfeitos com o que ouviram. Pode? Quanto ao pacote BRASIL MAIOR deixo para outro editorial. De antemão, entretanto, uma coisa está clara: alguns setores foram privilegiados. Mas isto é normal no Brasil, considerado, infelizmente, o país dos privilégios, não?ACORDO FECHADO
Ontem, os deputados americanos aprovaram o acordo combinado entre Republicanos e Democratas, com alguma folga. Como os senadores devem confirmar o que ficou acertado, o endividamento público dos EUA, finalmente, poderá ser aumentado.ALÍVIO FINANCEIRO
Como o acordo prevê que, para cada dólar de aumento da dívida precisará haver um correspondente corte de gastos públicos, de valor idêntico e sem aumento de impostos no curto prazo, uma coisa já é pra lá de evidente: o mundo recebeu um alívio exclusivamente financeiro e não econômico.CRISE DE CRÉDITO
Com isso, a crise mundial deflagrada pelo estouro da farra do crédito fácil, abundante e irresponsável, vai continuar apresentando seus efeitos por muito tempo. Sem data para terminar.Desde o fatídico ano de 2008, quando a bolha do subprime estourou jogando crise por todos os lados, este editor não arredou pé de suas convicções, sem apelar para a quiromancia, dizendo que o cenário não era nada bom a curto, médio e longo prazo.SEM DERROTISMO
Coisa, aliás, suficiente para que muita gente caísse de pau nas minhas observações, dizendo que se tratava do mais puro derrotismo e mau agouro. Principalmente, porque naquele momento o Brasil dava sinais de aquecimento da sua economia.AVALANCHE DE CRÉDITO
Na verdade, mesmo para aqueles que jamais vão dar o braço a torcer, foi a avalanche de crédito, jamais vista no nosso país, que funcionou como um potente anestésico capaz de deixar políticos, empresários e consumidores em estado de torpor e euforia.FALTA DE CRÉDITO
É inegável que o Brasil ganhou pontos pelo fato de ter feito uma reforma no sistema financeiro, tornando-o saudável graças ao PROER E PROES. Ainda por cima, por absoluta falta de oferta de crédito, seria simplesmente impossível o Brasil sofrer do mal do calote de dívidas de seus cidadãos.O INIMIGO É O CONCORRENTE?
Aos poucos o convencimento de que as coisas não se mostram favoráveis para o crescimento econômico mundial passou a ser melhor compreendido. Como escudo de proteção da crise global, o governo Dilma apostou todas as suas fichas no crédito, nos gastos públicos, no PAC, na Copa do Mundo de 2014 e nas Olimpíadas de 2016, basicamente. Como estes alvos dependem fortemente de dinheiro público, o nosso endividamento cresce absurdamente. E a inadimplência, idem. Enquanto os EUA aprovam um aumento de endividamento no mesmo nível da redução dos gastos públicos sem aumento de impostos, o Brasil aumenta estupidamente os gastos públicos provocando um rombo ainda maior. Que, infelizmente, será coberto por aumento de impostos e contribuições. Que tal?Enquanto os anestesiados culpam o câmbio pelas dores que sentem, o país vê nos seus concorrentes inimigos. Pode?