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22 out 2012

SIAL 2012 (1)


CRISE?

Se alguém está pretendendo viajar à Paris com o propósito de enxergar de perto os sérios efeitos da crise europeia, desde já adianto que será tomado por uma enorme surpresa: ao observar a multidão de pessoas que se aglomera, e disputa espaço, nas ruas, lojas, restaurantes e estações do metrô, etc., vai acreditar que a economia do Velho Continente está bombando.

LINDA E PRONTA

Nesta época do ano, onde o outono se manifesta de forma marcante deixando as cidades europeias com uma coloração mais cinza, as temperaturas ficam amenas e muito agradáveis. Paris, entretanto, independente da tonalidade imposta pelo clima, se mostra linda e pronta para acolher seus visitantes e moradores, todos demonstrando que querem tirar o máximo possível da cidade-luz. Um show.

SIAL 2012

Desta vez, como faço habitualmente a cada dois anos, estou em Paris para participar do SIAL ? Salon Internacional de Alimentacion-, considerada uma das mais importantes feiras do mundo, do setor, que acontece no Parque de Exposições Paris Nord Villepinte, distante aproximadamente 25km a nordeste da Capital francesa.

SOBREPESO

Esta edição do SIAL, que começou ontem, domingo, e vai até quinta-feira, 25, têm inúmeros propósitos voltados para a saúde pública. Uma dessas preocupações está no elevado número de pessoas com sobrepeso. Vários especialistas informam que, em 2015, os obesos podem ultrapassar a marca de 1,5 bilhão de habitantes do planeta.

PARCERIA

Esta previsão só não vai se tornar uma realidade caso os agentes da cadeia agro-alimentar resolverem fazer uma decisiva parceria com os consumidores, para que todos entendam que é preciso cuidar da saúde. Neste contexto, mais do que nunca a informação deverá desempenhar um papel fundamental e importante na relação produção/consumo. Para tanto, o corolário inseparável é: clareza, simplicidade, transparência.

CONEXÃO

Como um dos principais instigadores, o SIAL pretende acompanhar e desenvolver essa consciência. Para tanto assumiu o papel de construir uma CONEXÃO para lembrar constantemente uma verdade essencial: a comida, por ser necessária, deve contribuir para o prazer e saúde. Não pode, portanto, se transformar em problema, mas em solução.

DE OLHO EM TUDO

Como saúde e alimentos é do interesse de todos, ao longo da semana pretendo publicar o que de mais importante vejo por aqui. Afinal, pelo número de expositores (5.900) de mais de cem países distribuídos em 19 setores da feira, assunto é o que não vai faltar. Os organizadores do SIAL 2012 esperam receber nesta edição mais de 140 mil visitantes, o que define o grau de interesse e expectativa em tudo que vai acontecer até o dia 25. Au revoir...

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19 out 2012

MOTIVOS PARA DESCONFIAR


PROJEÇÕES

Nos últimos dias participei de alguns bons encontros promovidos por entidades, bancos e empresas, todos com o mesmo propósito: projetar o comportamento da economia brasileira e/ou mundial para 2013.

SENSAÇÃO

Em todos eles, a sensação que tive tanto de parte dos analistas-palestrantes quanto das plateias muito atentas, é de que 2013 será um ano bom, ou pelo menos melhor do que 2012, para a economia do país.

INVEJA DOS OTIMISTAS

Confesso que saí de todos os encontros envolvido por um sentimento de inveja dos otimistas. O fato é que por dever de consciência e convicção não posso deixar me levar por coisas que não acredito. Daí que não consigo disfarçar: continuo desconfiado de que mais uma vez as minhas previsões vão se confirmar.

REALISTA

Cumprindo o meu dever de crítico responsável preciso -matar a cobra e mostrar o pau-. Vamos, portanto, às razões que me fazem um ser puramente REALISTA. Em primeiro lugar não é possível confiar num país cujo governo é fã e praticante ardoroso do INTERVENCIONISMO. Governo que não confia no mercado jamais logrou êxito algum em qualquer lugar do mundo. A história deixa isto muito claro.

CRÉDITO E CONSUMO

Aqui entre nós e o mundo: o que vem sustentando a economia brasileira, principalmente os empregos, gostem ou não, é: CRÉDITO E CONSUMO. Isto é indiscutível. O governo, como se vê, está apostando todas as suas fichas aí. Quanto mais crédito for concedido, maior o consumo. O que, por sua vez, mantém o índice de emprego elevado.

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Como 61% do PIB vem do consumo, o patrimônio líquido dos consumidores (bens adquiridos comparado com dívidas contraídas) já está negativo. Ou seja, os ativos pessoais adquiridos (casa, carro e outros bens) não cobrem o passivo (financiamentos). Como o nível de poupança é baixo, as economias também não cobrem o saldo negativo. E isto, como se sabe, resulta em: 1- diminuição de consumo; ou -2 bolha de crédito.

MOVIMENTO BRASIL EFICIENTE

Se o governo fosse minimamente sério e interessado nos problemas sociais, como demagogicamente grita aos quatro ventos diariamente, deveria fazer reformas capazes de diminuir o seu voraz apetite por impostos. Atenção: cada real de imposto e/ou contribuição que o governo deixa de arrecadar é um real que sobra no bolso da sociedade. Este real é que tem capacidade de sustentar a economia.Mais: como não é sério também não tem compromisso com a eficiência. Mesmo que não queira fazer as reformas poderia simplificar a vida tributária dos brasileiros. Caso aderisse ao programa defendido pelo Movimento Brasil Eficiente (que nada tem de ideológico), em dez anos o Brasil ganharia um PIB inteiro. Pois nem isso parece interessar.Tenho mais razões para manter o meu pé atrás com este tipo de administração. O espaço é pequeno para expor tudo que penso. O fato é, enfim, que a economia brasileira vive de voos de galinha. Aos pulos. Tomara que o governo não adote uma galinha que voe para trás. Aí estamos perdidos.Na próxima semana escrevo de Paris, contando as novidades do importante SIAL - Salão Internacional de Alimentos. À bientôt!

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18 out 2012

ENXERGANDO 2013


PLANEJAMENTO

Quando o final do ano se aproxima, como de praxe governos e empresas tratam de montar seus orçamentos e planos com o propósito de definir as metas e resultados pretendidos para o próximo período.

VONTADE

Pelo que se pode observar até o presente momento, tomando por base a vontade do governo Dilma e a confiança revelada por grande parte do empresariado, quase todos estão muito convencidos de que a economia brasileira deve crescer algo como 4% ou 4,5% em 2013.

PERCENTUAL FIXO

Sem querer ser um estraga-prazer, desde já confesso que não comungo desse sentimento de otimismo, que me parece exagerado. Vale lembrar que tanto para 2011 quanto para 2012, o percentual previsto para o crescimento do nosso PIB também foi o mesmo: de 4% ou 4,5%. Pois, em 2011, como se sabe, a pau e corda o Brasil conseguiu crescer 2,7%. E, para 2012, se tudo der certo até 31/12, o crescimento do PIB deve chegar a míseros 1,5%. De novo: se tudo der certo até lá.

NÚMERO MÁGICO

Ora, confrontando a VONTADE com a REALIDADE, a distância entre ambos, como se vê, tem sido grande e frustrante. Chego a imaginar que, pela repetição do mesmo percentual (4% ou 4,5%) nesses dois últimos anos, trata-se de um número mágico. Nada mais do que mágico. Imagino que apostar neste crescimento deve ser importante para fazer com que a sociedade brasileira fique feliz e confiante de que milagres existem.

A MINHA BOLA DE CRISTAL

Na minha bola de cristal, entretanto, o que aparece no horizonte é bem diferente. Ela pode estar errada, mas nos últimos anos tem acertado bem próximo da mosca, como pode ser conferido em edições anteriores do Ponto Crítico.

NÃO PASSA DE 3%

Pois, ainda que até o final do ano possa rever a minha projeção, o percentual de crescimento que enxergo hoje para 2013 não passa de 3%. E olhe lá.

DEMOLIÇÃO

Razões para tanto não faltam no meu modo de ver: o governo Dilma, além de não promover reformas necessárias, está destruindo, de forma irresponsável, os pilares de sustentação do Plano Real, até hoje a única reforma que o país experimentou.

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17 out 2012

FALTA DE ALINHAMENTO?


DECISÃO DE ESCOLHA

Os leitores/assinantes do Ponto Crítico, espalhados por todos os cantos do país e fora dele sabem muito bem que qualquer empresário, depois de se decidir pelo Brasil tem pela frente a escolha do Estado e/ou o município que melhor atende os requisitos impostos pelo seu investimento.

LOCAL

Se a operação tem abrangência local o que mais importa é o tamanho do mercado a ser explorado. Mas, se o interesse do negócio é nacional e até internacional, a decisão do local para instalação do empreendimento dependerá de muitas respostas.

CHECK LIST

Qualquer assessoria econômica que for contratada para auxiliar no processo, de imediato apresentará um -check list- das vantagens e desvantagens de cada região do país quanto aos negócios da empresa interessada em investir.

INCENTIVOS

Os primeiros estudos tratam, obviamente, do aspecto logístico, fator determinante para o fluxo das matérias primas e escoamento de produtos acabados para os mais diversos destinos. Além disso é preciso saber se os governos, estadual e/ou municipal, têm interesse no investimento e quais incentivos estão dispostos a conceder.

COMPORTAMENTO HISTÓRICO

Quando chega a vez de analisar o Estado do RS, o chek list mostra que as desvantagens vem se mostrando muito maiores do que as vantagens. Além de estar situado no ponto mais longínquo ao sul do país, o que dificulta consideravelmente o aspecto logístico, sob a ótica do comportamento histórico do governo petista tudo fica ainda mais azedo.

FORD

O episódio da expulsão da Ford, por exemplo, somado a outros projetos que foram defenestrados por questões ideológicas, continua pesando de forma decisiva no RS. Mesmo que o atual governador insista que isto é coisa do passado, governantes de outros Estado se aproveitam desses episódios na tentativa de atrair os investimentos.O caso Ford é, certamente, emblemático, mas os obstáculos que fazem os investidores desistirem do RS são fartos. Este espaço é insuficiente para descrever tantos absurdos.

ALINHAMENTO?

Nesta semana, para quem se interessa pelo RS, o governo do RS, com Tarso Genro à frente, declarou guerra ao governo Dilma. O curioso é que ambos são do mesmo partido, o PT. Que tal? A reclamação é que o tal alinhamento entre governo Dilma e o governo gaúcho, no tocante a investimentos simplesmente não existe. Ora, aqui entre nós: que tipo de alinhamento pode haver com gente que ganhou notoriedade e especialização em destruição e demolição? Sai dessa.

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15 out 2012

OPERAÇÃO DESMONTE


PLANO REAL

O Plano Real, sem a menor dúvida, é o programa de estabilização monetária mais eficaz que o Brasil conheceu ao longo de sua história. De fevereiro de 1994 até poucos meses atrás, através das regras de conversão e uso de valores monetários, os brasileiros vinham convivendo com taxas de inflação baixas.

TRIPÉ

Embora não tenha logrado êxito no processo de desindexação da economia, o Plano Real foi a grande porém única reforma econômica realizada no país. Isto, entretanto, só foi possível porque foi assentado sobre um poderoso tripé formado pela Lei de Responsabilidade Fiscal, Câmbio Flutuante e Metas de Inflação. Foi partir de então que o Brasil passou a ser visto com confiança, o que resultou em forte acumulação de reservas. O capital estrangeiro se decidiu pelo Brasil porque o nosso Sistema Financeiro se tornou confiável.

MOEDA E CRÉDITO

Mesmo que ao longo de muitos anos a oferta de crédito tenha se mantido escassa, só a redução da inflação, que passou a ser civilizada em termos comparativos, ampliou o poder de compra da população. Até 1994, como é sabido, o governo emitia moeda de forma irresponsável, em quantidade incrível. Com isso se beneficiava da inflação galopante através da correção monetária, que só empobrecia a sociedade. E as empresas privadas, por sua vez, basicamente aquelas que tinham dinheiro em caixa, tratavam de defender seus recursos através das aplicações no over night, cuja renda era sempre maior do que a obtida com a venda de mercadorias e serviços.

ADAPTAÇÃO

Com o advento do Plano Real, tanto o setor púbico como o privado foram obrigados a se adaptar. Com inflação em baixa, o que passou a definir a renda de capital foram as taxas de juros, que até a semana passada vinha se mantendo acima da taxa de inflação.

INTERVENÇÕES

O fato é que, quase vinte anos depois, os governos Lula/Dilma resolveram destruir os pilares que sustentam o Plano Real. Primeiramente, trataram de explodir com a Lei de Responsabilidade Fiscal, usando como arma uma flexibilidade inquietante. Através de intervenções absurdas nas Agências Reguladoras e no Banco Central (que deixou de ser independente), o governo Dilma simplesmente revogou a lei de mercado. Acabou com o CÂMBIO FLUTUANTE e passou a fixar as taxas de juros prime (Selic), fazendo do COPOM um instrumento de governo.

PROGRAMA RUIM

Tudo isso, aliás, calculado. Bem de acordo com a vontade do ministro Mantega, que no momento do lançamento do Plano Real (como pode ser constatado nas edições dos jornais da época) declarou que o Plano era ruim. Ou seja: amante da inflação, Mantega, com o aval de Dilma, está, literalmente, acabando com o Real. Pode?

SEPULTAMENTO

Resumo: pelo que informam os indicadores econômicos, a Lei de Responsabilidade Fiscal já não existe; a correção monetária, que deveria ser enterrada, voltou a brilhar como nunca, em todos os setores de atividade; e, as taxas de juros reais (descontada a inflação) já estão negativas. Com isso, o dinheiro investido em títulos indexados pela inflação vai ser melhor remunerado do que aqueles que pagam juros. Quando o capital não consegue remuneração, o destino é o consumo. Como não há investimento suficiente para aumentar a oferta, o consumo alimenta mais ainda a inflação. Que tal?

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11 out 2012

EDIÇÃO DE ANIVERSÁRIO - 11 ANOS


JUSTIÇA

Neste editorial especial de aniversário do Ponto Crítico, ao agradecer as centenas de manifestações carinhosas que me foram enviadas até o presente momento, informo que vou festejar, junto com todos aqueles que clamam por justiça, a condenação dos corruptos envolvidos no Mensalão. Aqui entre nós: esta magnífica condenação imposta pelos ministros do STF precisa ser festejada, não?

HONESTIDADE

Por formação, e por usar constantemente o discernimento, entendo que nem tudo que é justo e/ou legal é considerado honesto. Os povos civilizados, cujos indivíduos são providos do discernimento, sabem bem o que é honestidade. Esses não agem, portanto, baseados estritamente nas leis escritas, mas de acordo com a lei que emana de suas consciências.

JULGAMENTO

De novo: onde a honestidade está presente, não se discute o legal. Já quem se decide pela prática de uma ou mais injustiças também sabe muito bem que, mesmo quando amparado por lei está praticando o mal. A partir daí compreende que mesmo livre de prisão acabará julgado pelos honestos.

LIBERALISMO

Foi assim que fui educado. Conheço os meus limites. Sei, perfeitamente, por exemplo, o que significa direito de propriedade. Da mesma forma que não admito que avancem sobre o que me pertence, também respeito o que é do próximo. Este é, aliás, um dos pilares sobre o qual se sustenta o liberalismo.

AS VÍTIMAS

Pela reação que alguns condenados no processo do Mensalão estão mostrando temos a impressão clara que os facínoras têm discernimento. Sentimento este, no entanto, de que ao praticar seus crimes partem do princípio que os safados são, exclusivamente, as vítimas. Neste caso, como se vê, as vítimas somos nós, os imbecis.

TEORIA DO DOMÍNIO DOS FATOS

Ontem, depois que tomei conhecimento da carta escrita e lida pelo condenado e perigoso José Genoíno, cheguei a uma única conclusão: a TEORIA DO DOMÍNIO DOS FATOS indica que os eleitores de Lula e Dilma deveriam ir imediatamente para a prisão.

ELEITORES CULPADOS

Afinal, se os condenados, depois do escore acachapante ainda se declaram inocentes e injustiçados, aí a culpa cabe, exclusivamente aos eleitores. Data venia, desta prisão eu escapo. Ainda assim, não estou livre das perseguições dos safados.

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