Artigos

03 dez 2009

NO LIMITE


ENDOSSO

Pessoas minimamente civilizadas abominam badernas, atos de invasão e práticas de vandalismo. Porém, no caso da invasão do plenário da Câmara Legislativa do DF, ocorrida ontem, a sociedade reagiu de forma diferente. Endossou a atitude dos invasores.

VINGADOS

Desta vez parece que o limite foi testado. Indignado com tanta safadeza, ninguém está condenando os revoltosos. Para grande parte da sociedade os piores baderneiros, os verdadeiros vândalos são os políticos corruptos e não os invasores da Câmara. Houve, portanto, uma sensação de vingança pela impunidade reinante.

AVISO ÀS AUTORIDADES

Tomara que as autoridades tenham percebido o quanto falharam e foram omissos até agora. Daqui para frente, caso não tomem atitudes rápidas e eficientes para enfrentar a corrupção, o contingente de revoltosos e invasores vai aumentar. Com mais violência ainda.

TÍMIDA

De novo, para arrematar: pelo número crescente de práticas e de tamanhos dos roubos, qualquer atitude de revolta é considerada tímida diante de tanta safadeza. Portanto, para mostrar o cansaço do povo com relação aos bandidos, a pressão precisa continuar.

CONDOMÍNIOS

Semanas atrás escrevi sobre a importante decisão tomada pelo governo de São Paulo, com o propósito de reduzir o nível de inadimplência das cotas de condomínio. Ao permitir que os títulos emitidos pelos condomínios sejam passíveis de protestos e de notificação ao SPC, a inadimplência por lá caiu mais de 40%.

CATARINENSES ACORDADOS

Depois de perceberem o quanto os condôminos adimplentes paulistas ficaram muito satisfeitos com a decisão, os deputados catarinenses estão prontos para aprovar a mesma lei, que deve acontecer até o final de 2009. Maravilha.

GAÚCHOS OMISSOS

Considerando o sucesso da medida, quer pelo senso de justiça, quer pelos resultados comprovadamente alcançados, não posso entender a razão para que outros Estados não sigam este bom exemplo.

RS

Como o Estado do RS é um dos mais atrasados, fica a impressão de que os deputados gaúchos não gostam de pagar suas cotas de condomínio nos prédios onde moram. Também preocupa a atitude omissa e silenciosa do próprio SECOVI, Sindicato da Habitação, que nada faz para que o RS também seja premiado com a mesma decisão. Qual a razão? A lei é indecente?

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02 dez 2009

ANALFABETISMO FUNCIONAL


ARTIGO DE ONTEM

Ontem, quando optei por escrever sobre o atual momento futebolístico brasileiro, motivado pelas notícias que cercam esta última rodada do vibrante Brasileirão 2009, não imaginava que houvesse tanta falta de compreensão. Ainda assim deixo claro que, se soubesse disso não deixaria de abordar o tema.

TESTE

Hoje, pelas manifestações recebidas, além de expressar o que realmente está acontecendo vejo que o texto serviu como uma luva para testar o quanto os leitores apaixonados pelos seus clubes são capazes de raciocinar ou usar o discernimento.

SURPRESA

Sempre tive em mente que os leitores/assinantes do Ponto Crítico fazem parte de uma elite em termos de comportamento, pensamento e compreensão. Porém, pela reação que alguns tipos tiveram, para minha surpresa, mostraram não ter a mínima condição intelectual, moral e comportamental para ser assinante desta e-opinion.

LIBERDADE

Se há alguma coisa que prezo é a educação. Como liberal entendo claramente que ninguém precisa concordar com as minhas criticas ou fundamentos. Este é um direito inalienável de todos que defenderei sempre, com todas as minhas forças.

CANCELAMENTO DA ASSINATURA

Entretanto, quando alguém esbraveja, fica possesso, e ainda por cima pede cancelamento da assinatura através de mensagem malcriada, a forma como procede identifica que jamais poderia ser assinante do Ponto Crítico.

VESTIBULAR

Afinal, mesmo que, indistintamente, qualquer pessoa tenha pleno e total direito de receber o Ponto Critico, se assim o desejar, o mínimo que se espera é que não seja um analfabeto funcional. A leitura exige, enfim, discernimento suficiente para entender o que está escrito. Será que ainda vamos precisar aplicar algum tipo de vestibular com o propósito de saber se o candidato a leitor é capaz de entender o que estará recebendo? Não acredito.

IMPRENSA BOLIVARIANA

Ontem, o presidente do Equador, Rafael Correa, manifestou apoio a um projeto de reforma dos meios de comunicação no seu país. E emendou: a imprensa precisa ser regulada porque se alia a grupos empresariais contrários às suas reformas socialistas. O curioso é que a notícia foi recebida com indignação pelos jornalistas, que acusam o governo de tentar restringir a liberdade de expressão. Ora, ora, gente, o que os jornalistas estavam fazendo até agora? Será que não imaginavam os propósitos de Correa?

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01 dez 2009

A OMISSÃO DO SINDICATO DOS ATLETAS


ASSUNTOS DOMINANTES

A decisão do Brasileirão 2009, que chega ao final no próximo domingo, 06/12, de forma surpreendente e empolgante, e o grave episódio do mensalão do DEM, que envolveu de forma impressionante o governador do DF, são os assuntos dominantes desta semana, indiscutivelmente.

DOIS TEMAS

Esses dois temas, ambos extremamente envolventes, já estão mexendo com os nervos e sentimentos de praticamente toda a sociedade brasileira. E quando a paixão entra nesse jogo, aí mesmo é que a razão simplesmente desaparece.

NA POLÍTICA

Na política, a revolta do povo começa a aparecer, embora de forma ainda muito tímida. Cresce de acordo com as frequentes descobertas de casos de corrupção revelados pela imprensa, embora insuficiente para levar o povo às ruas, com determinação, para dar um basta exemplar nos cafajestes.

NO FUTEBOL

Já no futebol, a coisa já é bem diferente. As torcidas dos clubes são bem mais impacientes e intolerantes. Basta que o nível do futebol prometido pelas diretorias e pelos próprios atletas seja decepcionante para haver uma forte gritaria.

DECEPÇÃO

Em caso de decepção com o desempenho, os protestos são muito sérios e efetivos, principalmente em dois lugares: nos portões dos estádios e nos aeroportos. Em ambos há pesados xingamentos. E quando os maus resultados se repetem muito mais por conta do desinteresse dos envolvidos, aí o clamor tem o poder de derrubar técnicos e dirigentes assim como afastar jogadores. Sem dó nem piedade.

AMOR E ÓDIO

Porém, quando movidos por paixão excessiva pelo seu clube, os torcedores nutrem um sentimento idêntico de ódio ao clube rival. É quando a maioria dos torcedores fica perdida e não sabe mais o que deve exigir dos atletas e da direção. Uns exigem dignidade dos atletas e dirigentes enquanto outros pedem a total falta dela. Nesse clima de paixão e ódio todos esquecem que os atletas não são amadores. São profissionais, que precisam mostrar trabalho para tentar contratos cada vez melhores.

O SINDICATO DOS ATLETAS ESTÁ MUDO

Mesmo que o futebol, assim como em todas as atividades, também seja alvo de más administrações, de atos de corrupção e de interesses múltiplos, a maioria dos profissionais envolvidos (árbitros, atletas, preparadores físicos, treinadores, etc.) precisam sobreviver. Precisam fazer de tudo para mostrar bom desempenho e boa reputação.

REPUTAÇÃO

Depois de rotulado como corrupto, ou de fazer corpo mole, o profissional tem a sua confiança liquidada. Até porque o torcedor, mesmo enlouquecido, tem memória. Ele não esquece a atitude safada. Isto vale, também, para quem tira o pé na hora da decisão.

REAÇÕES DIFERENTES

Como o grande assunto do momento, no RS, é o comportamento dos torcedores, dirigentes e atletas, com relação àqueles que vão a campo nos jogos do próximo final de semana, tudo aquilo que for decidido pode se voltar mais à frente contra os profissionais. Os eventuais aplausos de hoje podem se transformar em pauladas de amanhã.

SURDO E MUDO

O que me chama a atenção nisso tudo é o silêncio sepulcral e inexplicável do Sindicato dos Atletas Profissionais. Não se ouve uma só palavra em defesa da honra dos profissionais. E muito menos do caráter dos mesmos. Afinal, para que serve o Sindicato dos Atletas? Existe momento mais importante para uma manifestação, onde a reputação dos filiados está em jogo? Estranha a atitude, ou melhor, a falta dela, não?

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30 nov 2009

ENTRE PANETONES E BRIOCHES


MEDIÇÕES INSTANTÂNEAS

O avanço da tecnologia de informação tem sido importante para a humanidade por vários aspectos. O principal, sem a menor dúvida, é a instantaneidade com que os dados coletados e medições obtidas conseguem chegar aos olhos e mentes dos interessados.

MEDIÇÃO DOS IMPOSTOS

Esse fantástico desenvolvimento fez, por exemplo, com que os brasileiros tomassem conhecimento do quanto o Estado arrecada com impostos. E o nome dado ao ágil equipamento, como é sabido por todos nós, foi Impostômetro, que já me referi dias atrás.

URNAS

Infelizmente, fora das urnas eleitorais eletrônicas que têm poder muito relativo de informar o que o povo quer dos políticos, ainda não há equipamentos capazes de informar com precisão o grau de indignação da sociedade quando ela é vítima de injustiças.

MUITO COMUM

Depois de tantos capítulos repetitivos de uma novela muito antiga, que mostra o elevado índice de safadeza da maioria dos nossos políticos através da prática de fantásticos mensalões, a sociedade já se convenceu de várias coisas. Uma delas é de que o mensalão é algo muito comum no meio político.

NA DESCOBERTA

Portanto, a única novidade no lamentável episódio que envolve o governador do DF, José Roberto Arruda, é somente o flagrante. A gravação da farta distribuição de dinheiro para a compra de políticos aliados é que faz a diferença entre Arruda e os demais políticos. De novo: tudo se concentra na descoberta, gente, e não na má índole dos safados.

INDIGNAÇÃO

Se a tecnologia de informação for capaz de construir um equipamento que apure rapidamente o grau de indignação da sociedade, aí, quem sabe, estaríamos diante de uma notável revolução, ou manifestação instantânea, de um povo cansado de tanta roubalheira.

MARIA ANTONIETA

Quando ouvi de uma das partes envolvidas com a grossa corrupção, de que o destino do dinheiro mostrado nas filmagens era para a compra de panetones para pessoas necessitadas, aí não pude conter o riso. Um riso de raiva por ter rotulado todos os brasileiros de palhaços.

REVOLUÇÃO FRANCESA

Foi aí que lembrei de que foram os brioches sugeridos por Maria Antonieta que resultaram na sua decapitação. Se os franceses foram à forra por causa dos brioches, os panetones não podem determinar a nossa revolução?

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27 nov 2009

UM MEGA-CALOTE


DUBAI WORLD

Os mercados financeiros do mundo todo estão pra lá de assustados. E não é pra menos, pois a paulada de U$ 59 bilhões, aplicada pelo Dubai World aos seus investidores não é pequena. Trata-se, isto sim, de um mega-calote.

ESPERANÇA

Por enquanto, a empresa de investimentos estatal Dubai World, na tentativa de deixar seus investidores com alguma esperança, informa que a incapacidade de honrar suas obrigações financeiras é temporária, daí o pedido de moratória.

VAI PIORAR

Entretanto, aqui entre nós, o mais provável agora é que no prazo de seis meses as coisas piorem ainda mais. Por dois motivos principais: se a desconfiança já ajuda no enterro das esperanças, some-se aí o sumiço total dos investidores dos imóveis construídos em Dubai. Um horror.

QUAL A PENA?

Diante desta situação tenho uma pergunta que me parece oportuna: considerando que, em Dubai, a inadimplência é punida com prisão e, dependendo do caso a pena de morte é possível, qual a pena que a turma da estatal Dubai vai tomar pelo calote anunciado?

INTERESSE TURÍSTICO

Enquanto a especulação sobre o futuro de Dubai está crescendo, muita gente já começa a apostar que os magníficos investimentos imobiliários podem ficar fechados. O interesse turístico, embalado, principalmente, pelos belíssimos projetos e pelas construções que já estão finalizadas, pode desaparecer. O que não é descartável.

O CUSTÔMETRO

O Impostômetro, aquele relógio que mede o montante que vai sendo arrecadado, minuto a minuto, pelo governo através das dezenas de impostos pagos pela sociedade, é uma obra incompleta. Para completar a informação promovida pelo Impostômetro um outro relógio, bem maior, precisa ser colocado à disposição do povo brasileiro: o Custômetro.

OS EFEITOS - TRIBUTÁRIO E FISCAL

Se o primeiro se propõe a informar o quanto está sendo arrecadado pelo governo, ou seja, o EFEITO TRIBUTÁRIO, o segundo dá a noção exata do quanto ele gasta, o que significa o EFEITO FISCAL. Como de nada adianta querer a redução da carga de impostos, caso não haja uma corajosa redução de despesas, o Custômetro é fundamental para a definição do tamanho do Estado que a sociedade quer.

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26 nov 2009

ABDICAMOS DA DEMOCRACIA


FORÇAS CORPORATIVAS

Até as pedras estão pra lá de convencidas de que quanto maiores os benefícios concedidos e garantidos para grupos ou classes, principalmente aquelas que usam as forças corporativas para obter privilégios, mais as democracias ficam ameaçadas.

LEIS PÉTREAS

O povo brasileiro, quando o Congresso Nacional aprovou a atual Constituição, em 1989, embriagado e feliz com os direitos absurdos que foram colocados no texto, não percebeu o tamanho dos privilégios concedidos e/ou mantidos para uma minoria muito esperta. Pois foi naquele momento que o povo, sem perceber, abdicou da democracia, uma vez que muitos privilégios foram blindados por leis pétreas.

IMEXÍVEL

O fato é que o trabalho foi muito bem articulado por parte das corporações, que contou, infelizmente, com a falta de discernimento da sociedade como um todo. E resultou nessa fantástica carga tributária imposta a todos nós. Com um detalhe: os privilégios, além de preservados por leis imexíveis, continuam aumentando.

SEM RUMO

Como tenho observado nos diversos encontros promovidos por inúmeras entidades empresariais do país, que uma reforma tributária é imprescindível, a minha percepção é que esse pessoal permanece acéfalo, equivocado, tonto e sem rumo.

IRREVOGÁVEIS

Afinal, gente, como e quando uma reforma tributária pode diminuir os privilégios conquistados? Ainda mais se for considerado que as vantagens concedidas estão protegidas por leis pétreas. Ou seja: estão protegidos e irrevogáveis.

DEMOCRACIA IMPEDIDA

Como todos os privilégios estão plenamente garantidos por atos democráticos, mas a própria democracia ficou impedida de revogar os direitos absurdos concedidos, só uma revolução ou guerra civil pode acabar com eles. Será que, de sã consciência, alguém imagina que as corporações vão concordar com alguma perda?

SEM MEDO

Muita gente tem receio de falar ou escrever sobre isto, para não correr o risco de vir a ser um defensor de badernas. Mesmo assim prefiro ir em frente e expressar esta pura verdade. Até porque não há revolução sem causa. Nem guerra sem motivo. E como a causa está representada pelas enormes despesas, a democracia está cada vez mais ameaçada.

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