ARTIGO DE JOSÉ PASTORE
Há quase vinte anos atrás, mais precisamente no dia 26/12/1996, o Jornal da Tarde publicou um artigo escrito pelo brilhante economista José Pastore, também membro efetivo da Academia Paulista de Letras, pesquisador da Fipe, sociólogo e especialista em relações do trabalho e desenvolvimento institucional, com o título: O BRASILEIRO É TOLERANTE?
CAMPEÕES DE DESIGUALDADE
Pastore inicia dizendo: - Quando se olha para o quadro da desigualdade, costuma-se dizer que o brasileiro é um povo bastante tolerante. Somos os campeões da desigualdade e mesmo assim detemos um "record" de pacifismo. São poucas as pessoas que se revoltam, dizem aqueles que nos comparam com os espanhóis, uruguaios e argentinos.
DADOS DE 18 ANOS ATRÁS
Examinando-se a questão com mais atenção, continua Pastore, vemos que o quadro não é bem esse. Os dados sobre criminalidade e violência (que são formas de protesto e agressão ao próximo) dizem o contrário. A proporção de homicídios no Brasil dobrou nos últimos dez anos. Entre nós, mata-se mais do que em Nova York. (vejam que o artigo completou 18 anos em dezembro passado e de lá para cá tudo piorou muito)
TOLERÂNCIA À LIBERDADE E À IGUALDADE
Os estudos sobre a tolerância costumam focalizar dois aspectos mais particulares da vida social: tolerância em relação à liberdade e à igualdade.
Aqui, a coisa de complica. A liberdade e igualdade são muito contraditórias. A sociedade democrática, ao alimentar o desejo pela igualdade, dizia Tocqueville, corre o risco de destruir a liberdade. A busca insaciável da igualdade leva ao despotismo da maioria, ameaçando a liberdade.
REAÇÃO
Esse é o tipo do problema que tira o sono de qualquer um, admite Pastore no seu artigo. É angustiante saber que temos de ceder liberdade para ter mais igualdade. Por outro lado, ninguém aceita aumentar a desigualdade para se chegar à liberdade.
Nos campos da -liberdade e igualdade-, é comum para as pessoas apoiarem os princípios gerais. Mas, quando se chega no terreno dos fatos específicos, a reação muda.
JÁ FOI MAIS TOLERANTE
Segundo o professor (em 1996) os estudos sobre a tolerância no Brasil estão (estavam) apenas engatinhando. Sérgio Buarque de Holanda defendeu a tese segundo a qual a grande contribuição dos brasileiros à civilização ocidental é a cordialidade. Mas, os comportamentos velados nas questões racial e religiosa, a criminalidade e a violência urbanas, a agressividade absurda demonstrada no futebol, trânsito e forrós fazem a gente pensar e repensar a questão.
Pastore finaliza o seu texto dizendo (em 1996): - Parece que o brasileiro já foi mais tolerante e entra agora numa nova era. Será interessante acompanhar esse assunto ao longo do tempo.
CONCLUSÃO
Pois, diante de tanta coisa que aconteceu desde 26/12/1996, data da publicação do artigo do professor Pastore, a tolerância do brasileiro deu provas de que em termos de:
1- corrupção governamental;
2- inflação alta;
3- crescimento econômico baixíssimo;
4- gastos públicos absurdos;
5- mentiras de todo tipo, etc.;
ela é simplesmente infinita e intocável.
O máximo que o povo (em geral) faz é mostrar alguma indignação. De novo: só indignação. E fica por aí.
Agora, no futebol é diferente: basta o time do coração perder duas partidas para que a casa caia de vez. Que tal?
BALANÇO MAIS MENTIROSO DO MUNDO
Finalmente, depois de várias tentativas e muitas desistências, a esfacelada Petrobras resolveu divulgar o balanço referente ao fechamento do terceiro trimestre de 2014, que deverá entrar para a história como o MAIS MENTIROSO DO MUNDO.
MAIOR ASSALTO DA TERRA
Como ainda estamos longe de conhecer o tamanho do rombo proporcionado pelo PT aos cofres da estatal, já conhecido no mundo todo como o MAIOR ASSALTO DA TERRA, tudo que aparece na peça contábil que foi divulgada ontem é FAKE, ou seja, não reflete minimamente a situação da pré-falida empresa.
VALOR PATRIMONIAL
Entretanto, quem ainda se propõe a analisar, minimamente, mais esta ENGANAÇÃO, a primeira coisa que salta aos olhos é que o impacto do ROUBO até agora desvendado deve levar a uma proporcional diminuição do Patrimônio da Petrobras. Tomando por base exclusivamente o preço superfaturado que a estatal pagou pela Refinaria Abreu Lima já temos algo como R$ 20 bilhões que deverão ser abatidos.
ATIVOS SUPERAVALIADOS
Aliás, a própria Petrobras admitiu, como aparece nas notas explicativas do balanço -não auditado- que carrega ativos em seu balanço avaliados acima de seu valor justo, no valor de 88,6 bilhões de reais. Algo como 14,8% de seu ativo total imobilizado e 47% do total de ativos nos quais a Petrobras fez uma varredura. Que tal?
TEMA QUE MAIS DOMINA
Enquanto a divulgação do balanço -não auditado- era discutido, a presidente Dilma Neocomunista Rousseff comandava a sua primeira reunião com seus -incríveis- 39 ministros. Depois de pronunciar as mais diversas mentiras, a presidente resolveu entrar no tema que seu partido mais entende, domina e pratica: a CORRUPÇÃO.
PUNIÇÃO
Dilma disse que as empresas não podem nem devem ser punidas por atos de corrupção. Punição, no seu entender, cabe, exclusivamente, às pessoas físicas que praticaram as atrocidades. Ora, no caso do monstruoso assalto à Petrobras, quem foi a grande e única punida foi a estatal. A -pessoa jurídica- foi simplesmente desmantelada por todos os lados do caixa.
RESSARCIMENTO
Mesmo que venham a ser ressarcidos alguns milhões de reais, que os bandidos confessos se comprometeram a devolver, o valor eventualmente recuperado não chega aos pés do rombo que está sendo suportado pela Petrobras. Nesse caso, até as pessoas físicas identificadas como -acionistas- serão fortemente punidas.
DUPLA EXPLOSIVA
De centenas de governantes considerados medíocres (quase todos, alias) que já estiveram à frente do Executivo do nosso pobre Brasil, quem mais fez pela destruição da nossa economia foram, sem a menor sombra de dúvida, a dupla Lula/Dilma. Todos os números e situações impedem conclusões diferentes, infelizmente.
EXCEDERAM
Mesmo aqueles que anteviam um estrondoso estrago, não tinham em mente que o país enfrentaria uma situação tão dolorosa e complicada como esta que estamos vivendo, onde o PT e seus colaboradores excederam na capacidade de destruir.
INSUPERÁVEL
Para chegar a tanto, além de colocar em prática programas enganosos e modelos comprovadamente arrasadores e atrasados, o PT ainda mostrou o quanto é insuperável na arte de mentir, dominar, roubar e corromper quem quer que seja.
DOMINAÇÃO DOS PODERES
Como poucos (muito poucos) imaginavam que seria possível tamanha dominação de Poderes, o que facilitou sobremaneira o atingimento do caos econômico que aí está, isso, certamente, fez com que muita gente ficasse surpresa com os propósitos/resultados obtidos com as plantações feitas lá atrás, a partir, principalmente, de 2004.
VOLUME MORTO
Se hoje o Brasil vive as dificuldades impostas:
1- pela falta de investimentos em energia elétrica, coisa que propositadamente a presidente Dilma arquitetou, com todo cuidado, em 2103 com a redução das tarifas; e,
2- pela estiagem que tomou conta de vários pontos-chaves do país;
o certo é que a economia brasileira, pela via desastrosa proporcionada pela Matriz Econômica Bolivariana, está, literalmente, no seu VOLUME MORTO. Com poucas chances de sair dali, infelizmente.
CLÁUSULA PÉTREA
Para não deixar chover na já tímida horta econômica brasileira, o PT, através de seu porta-voz, Miguel Rosseto (Secretário Geral da Presidência), saiu gritando, com pedras na mão em coro com as Centrais Sindicais, que a declaração feita pelo ministro Levy (Fazenda), de que o Seguro Desemprego é um modelo -ultrapassado-, foi infeliz.
Para encerrar, Rosseto disse, simplesmente, que o Seguro Desemprego é cláusula Pétrea. Pronto. Que tal?
BRASIL E GRÉCIA
Esta pequena mas significativa atitude diz bem o quanto o Brasil, dominado pelo PT, se identifica em muito com a Grécia, dominada pelo Syriza. Ou seja: Dilma está para Alexis Tsipras como Maduro está para Fidel Castro. Simples assim.
Este singelo puxão de orelhas em Joaquim Levy deixa claro e patente que só aumento de impostos interessa ao governo Dilma. As reformas estruturais, extremamente necessárias, que poderiam ensejar alguma competitividade, jamais serão feitas e/ou cogitadas. Basta falar que são necessárias para que o PT diga que nada muda. Tudo que aí está é =Cláusula Pétrea=. Que tal?
SYRIZA
Ontem, a Comunidade Europeia, notadamente os países da Zona do Euro, ganhou um legítimo presente Grego, ao ver confirmada a conquista de 149 das 300 cadeiras do Parlamento, obtida pelo SYRIZA, partido ultra-radical esquerda da Grécia, liderado por Alexis Tsipras.
CONTRA A AUSTERIDADE
O Syriza, por ser ultra radical de esquerda, já deixou bem claro, ao longo da campanha eleitoral, que não pretende cumprir o programa de austeridade, firmado entre o governo anterior e a Troika ( União Europeia, Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional).
CALOTE
Isto significa, alto e bom som, que o novo governo grego vai dar um solene CALOTE aos credores das instituições que formam a Troika. A vitória do Syriza significa que a Grécia vai dar uma legítima e sonora Banana àqueles que lhe estenderam a mão através de um mega-auxílio financeiro concedido ao país, que totaliza algo como 250 bilhões de euros. Pode?
HUMILHAÇÃO
O líder do Syriza, Alexis Tsipras, para quem não sabe, afirmou por diversas vezes, com grande ênfase, que a Troika é -coisa do passado-. E que, em caso de vitória de seu partido, confirmada ontem nas urnas, a Grécia -deixaria para trás a austeridade após cinco anos de humilhação-.
PRODUZIR POBREZA
Com a vitória do Syriza, a Grécia entra para o clube dos países social-comunistas existentes no nosso planeta. E, como é sabido através da situação de todos que optaram por esse caminho, vai produzir pobreza em grande escala. Isto em plena Europa, que por muitos anos mostrou o quanto o comunismo é capaz de destruir. Pode?
ESCASSEZ
Desfeito, na marra, o contrato firmado pelo governo anterior com a Troika, a tal -humilhação- referida por Tsipras vai dar lugar à uma -escassez- de produtos e serviços sem precedentes. Sem dinheiro e sem estímulo, o povo grego vai à míngua. Com toda força, como já acontece na Venezuela, Argentina e dentro de pouco tempo também no nosso pobre Brasil.
FAZENDO AS MALAS
Com a eleição de Tsipras, a turma da Ursal (União das Repúblicas Socialistas da América Latina), conhecida como Unasul para os desatentos, deve estar em estado de euforia. Muito provavelmente, Dilma e seus amigos já devem estar fazendo as malas para participar da posse do mais novo comunista. Será uma festa e tanto, não?
ELOGIOS E CRÍTICAS
Com poucos dias à frente do Ministério da Fazenda, o economista Joaquim Levy já recebeu alguns elogios e muitas críticas. Tanto pelas decisões que tomou até o presente momento quanto pelo que diz pretender fazer daqui para frente.
PAQUIDÉRMICO E DEFORMADO
Ora, quem tem uma mediana formação em economia e/ou em administração sabe muito bem que diante do paquidérmico e deformado corpo que compõe o setor público brasileiro, a fome por receitas tributárias é simplesmente insaciável.
Esta verdade é tão acaciana e incontestável que nem mesmo impondo uma carga tributária de 36% sobre o PIB, o governo consegue ser superavitário nas contas públicas.
ESCOLA DE CHICAGO
Como Joaquim Levy tem um currículo respeitável, com formação em economia pela Escola de Chicago, é impensável que o mesmo não tenha em mãos o correto diagnóstico dos males que levaram o país à tamanha e descomunal obesidade.
Mais: Levy sabe que para chegar a este estado deplorável, o setor público do país foi conduzido por gente safada e incompetente.
TRANSFUSÃO DE SANGUE
Como não obteve, certamente, autorização do governo para ministrar um regime alimentar de choque, visando uma imediata diminuição de peso, capaz de fazer o doente levantar da cama, Levy se decidiu por uma injeção de mais sangue nas veias do corpo deformado, que diga-se de passagem já se encontram fortemente entupidas por privilégios e gorduras com alto teor de veneno.
TRATAMENTO DE CHOQUE
O tratamento de choque, que até qualquer curandeiro sabe, deveria contemplar, no mínimo as duas coisas:
1- diminuição de peso através de alimentação reduzida; e,
2- injeções de substâncias visando um aproveitamento correto e inteligente do sangue bom, para que não seja desperdiçado em nenhum momento.
RESPIRANDO POR APARELHOS
Infelizmente, como se viu até agora, Levy só tratou de, compulsoriamente, tirar mais sangue da sociedade -em forma de impostos e contribuições- para satisfazer a insaciável fome e sede do paquidérmico Estado Brasileiro. Quanto ao regime alimentar, extremamente necessário, nenhuma providência ou comentário. Zero.
Ou seja: para manter o corpo esfomeado do setor público vivo e faceiro, os já anêmicos fornecedores de sangue (pagadores de impostos) vão precisar respirar por aparelhos. Pode?
DIMINUIR O CONSUMO
Como o perdulário, incompetente e corrupto governo liderado pela presidente Dilma Neocomunista Rousseff, só se preocupou em dar um choque de consumo sem dar a mínima pelota para um equivalente choque de oferta, fica evidente que o propósito do aumento de juros e das alíquotas de impostos e contribuições não é arrecadar mais. Vai conseguir, exclusivamente, diminuição de consumo. E, para tanto, vai matar quem cuida de oferta. Pode?
Aliás, ontem, na entrevista que deu em Davos, o ministro Levy deixou escapar que as medidas tomadas visam reorganizar as contas públicas do país. Para bom (ou mau) entendedor fica evidente que só se organiza (?) aquilo que estava desorganizado. E, como se sabe, muito desorganizado.
O PROBLEMA MAIOR É A INCOMPETÊNCIA
Antes de tudo é preciso deixar bem claro que a falta de chuvas em todo o país, ainda que represente uma enorme dificuldade na geração de energia hidroelétrica, não consegue esconder a incompetência deste governo. Principalmente por impedir, de todas as formas, que investimentos necessários fossem feitos nas áreas de geração e transmissão.
CAOS TOTAL
Ora, se o APAGÃO já está produzindo enormes dificuldades para que o país consiga crescer 0,2%, fico imaginando o que aconteceria caso o nosso PIB apresentasse uma taxa de crescimento de apenas 1%. Bastaria esta sofrível taxa de crescimento para enfiar o Brasil no caos energético total.
RAZÃO PARA O AUMENTO DE IMPOSTOS
Diante deste quadro de escassez de energia e abundância de incompetência fica evidente a razão que levou o ministro Joaquim Levy a propor mais aumento de impostos: como não há energia suficiente para produzir, e o crédito ficou mais caro para o consumidor, por exemplo, isto já basta para que ninguém precise usar aparelhos elétricos. Que tal?
SACO DE MALDADES
Aliás, falando em Joaquim Levy, que dois dias atrás despejou seu saco de maldades tributárias, transcrevo aí abaixo o texto que o economista e pensador (Pensar+) Paulo Rabello de Castro publicou no seu blog -Hotline-, com o título -Elevação de tributos marca a orientação da atual equipe de Dilma-. Eis:
EQUILÍBRIO VIA IMPOSTOS
O recurso ao bolso do contribuinte foi mais uma vez utilizado por uma equipe de governo para buscar o equilíbrio perdido entre receitas e despesas públicas. Desta vez, o peso das medidas recaiu sobre o IOF e a CIDE, sendo esta recomposta em R$ 0,22/litro da gasolina e R$0,15/l de diesel, enquanto nas operações de crédito de pessoas físicas a alíquota dobrou de 1,5% para 3%. Outras medidas foram tomadas, como elevação de PIS/Cofins para 11,25% sobre importados e mais IPI para cosméticos. O ministro Levy buscou justificativa na recomposição da “confiança na economia”. Apareceu para o anúncio dessa escalada tributária ao lado do seu novo secretário da Receita Federal, Jorge Rachid.
IMPOSTÓLATRA
As medidas são sintomáticas de que nada mudou no modo de se buscar equilíbrio nas contas públicas. O compromisso do governo é alcançar, custe o que custar, o prometido 1,2% do PIB em superávit primário, convencido de ser este o caminho para resgatar a tal confiança dos mercados. Vários economistas concordam que as medidas estão no rumo correto. Discordamos. O governo sofre de vício arrecadatório. Tornou-se um “impostólatra”..
DILMA INSENSÍVEL
Se o superávit fiscal deve ser obtido, que o seja pelo lado da despesa pública que, há mais de uma década, cresce todos os anos entre o dobro e o triplo (!) da expansão do PIB. Por isso a carga tributária continuará a aumentar. Além disso, as últimas medidas sofrem de viés recessivo, pois batem num fenômeno morto – a expansão do consumo – ao elevar o custo para os mutuários que renegociam suas dívidas penosamente, enquanto se aumenta o custo dos combustíveis num momento de perda maior da competitividade brasileira, com o rebaixamento do preço da energia em todo o mundo, menos no Brasil.
Não há como se recompor confiança no futuro enquanto o governo, hoje insensível à mudança estrutural no seu padrão de gastos, não começar a fazer o que Dilma acaba de decretar sobre os contribuintes, ao vetar o aumento de 6,5% na tabela do IR.