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PRODUTIVIDADE??? - 23.02.23


Por Alex Pipkin

 

De forma singela, produtividade significa fazer mais com menos.
No essencial quesito “produtividade”, faz muito tempo, o país continua “lindo”, a nação da vanguarda do atraso.
Por aqui aparenta que a preocupação e o foco recaíam, populisticamente, sobre nacionalismos baratos e variáveis quantitativas, ao invés do importante crescimento do “conteúdo”, ou seja, da qualidade.
A retórica demagógica que reina, é sobre o aumento das compras de produtos e de serviços nacionais, do aumento do nível de empregos, da maior inserção de pessoas no nível universitário, dentre outros bom-mocismos, muito embora pouco se discuta, e se realize, efetivamente, no que diz respeito a um aumento da produtividade verde-amarela.
É bem verdade que crises econômicas mundiais e locais atrapalham o aumento da produtividade, no entanto, não se vê políticas públicas de qualidade, aquelas endereçadas para incrementa-la, especialmente do lado da oferta. Quanto ao lado da demanda, é justamente o intervencionismo estatal que atravanca o crescimento da produtividade.
O discurso do atual governo é sobre aumentar empregos - eu diria proteger empregos ineficientes que maculam a entrada de jovens promissores nos mercados de trabalho -, encarando como acessória a necessidade de que os trabalhadores tenham melhor qualificação e acesso a melhores recursos no ambiente produtivo, tais como máquinas de produção mais eficientes, e melhores softwares para projetar, produzir, vender e entregar, entre outros aspectos fundamentais. A ordem do dia é proteger a economia e os empregos nacionais. Simplificação da legislação e dos requisitos de mão de obra, nem pensar. Escárnio.
Por nossas bandas, por uma questão de sobrevivência, muitas vezes o empresário centra seus esforços - legítimos - na redução de custos, porém, esses pouco fazem em relação ao aumento da eficiência operacional, da automação de seus processos e, em especial, da remodelação estratégica de seus modelos de negócio.
Tanto em nível macro, de país, como micro, de empresa, notadamente, não há uma relação direta entre a utilização de novas tecnologias e o aumento de produtividade. É sempre indispensável analisar, comprovar e aperfeiçoar em direção ao alcance do incremento de produtividade.
Por aqui, o que se constata em abundância, são políticas públicas que se constituem, genuinamente, em inimigas do crucial aumento de produtividade.
O bom-mocismo de políticas nacional-desenvolvimentistas já conduziu o país à bancarrota, engordando “empresários“ amigos do rei, fechando, de forma nefasta, a economia, e protegendo-a de concorrentes estrangeiros, prejudicando assim a importação de tecnologias inovadoras, de insumos e de bens de capital fundamentais para o crescimento da produtividade nacional. Isenta de pressão competitiva, nenhuma organização é impulsionada a melhorar seu desempenho.
O crescimento de produtividade também é dependente do aumento dos investimentos no setor produtivo, entretanto, os incentivos para tanto têm crescido tal qual rabo de cavalo, isto é, para baixo.
Aqui convive-se com uma selva tributária hostil a eficiência e aos custos, fazendo com que os empresários tenham que contratar mais gente, gente esta que não agrega nenhum valor, somente custos, a fim de fazer frente a uma legítima “burrocracia”, essa que somente beneficia os relacionamentos nada republicanos.
Há uma terrível insegurança jurídica no ar, promovida pela suprema pequena corte, que legisla segundo seus corações bondosos, e que altera a legislação tal qual se troca de roupas íntimas.
Não resta a menor dúvida de que a desaceleração do crescimento do capital investido por hora trabalhada contribui intensamente para o declínio da produtividade em terras de Macunaíma.
O ambiente de negócios verde-amarelo trata o empresário como inimigo do povo, impedindo um incremento da atividade econômica, da eficiência empresarial, e reduzindo drasticamente as oportunidades no mercado de trabalho.
As carcomidas instituições nacionais servem de escudo para políticas públicas sadias, direcionadas para a inovação, para o avanço tecnológico e para uma educação de qualidade efetiva.
Na importante questão da educação, demagogicamente, o objetivo central é “botar mais gente para dentro das universidades”. Decerto, o essencial seria repensar o papel e o resultado efetivo da formação universitária, no quesito qualitativo, para a crescimento da produtividade nacional, o que reverberaria em aumento dos benefícios para toda a sociedade.
Uma vez que por aqui a mentalidade é do retrocesso, não se quer transformar quase nada, destruindo-se a fundamental destruição criativa, aquela que por meio das inovações, traz no seu bojo o aumento de produtividade. Pior, amputa-se a possibilidade de se desenvolver verdadeiros talentos humanos no país.
Enfim, no país da eterna vanguarda do atraso, a oferta estatal não se cansa de prejudicar o lado da demanda, não deixando passar nenhuma oportunidade de repetir erros grosseiros do passado, impedindo o crescimento econômico e social brasileiro.
Ainda que se utilize do sentimentalismo e do bom-mocismo, o princípio é claro: proteger os interesses particulares do vetusto estande verde-amarelo.
Produtividade que nada, o que importa mesmo são os discursos e as narrativas populistas e bondosas de incapazes, capacitados para a manutenção do atraso e do retrocesso.


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LULA ÓDIO E RANCOR - 17.02.23


Por Marcel van Hattem – publicado na Gazeta do Povo

 

Não fazia nem duas semanas da vitória de Lula no segundo turno nas eleições e o primeiro “boa sorte” se fazia ouvir dentre aqueles que o apoiaram achando que tudo seria diferente. Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central no primeiro governo Lula, admitia a investidores que a política econômica do governo que viria em breve a assumir - ou mesmo a falta dela - gerava grande preocupação. Diante do cenário devastador que enxergava à frente, Meirelles preferiu, como a jogadores em um Cassino, apenas desejar um amistoso e enganoso “boa sorte”, afinal, sabemos qual o destino do dinheiro do ludopata.

 

Pouco mais de um mês depois, ainda algumas semanas antes de Lula assumir, mais um “companheiro" inusitado e com sincero ar de desavisado afirmava: “apoiei Lula, mas agora estou com medo”. Tratava-se de outro ex-presidente do Banco Central, este de FHC: Armínio Fraga. Apesar de demonstrar preocupação com a tremenda irresponsabilidade fiscal petista já àquela altura de dezembro consolidada com a iminência da aprovação da PEC da Gastança, que furou o teto em quase R$ 200 bilhões e eliminou a âncora fiscal da Constituição, Fraga preferiu demonstrar a convicção de quem não quer dar o braço a torcer: “eu apoiei a candidatura do presidente Lula. Foi um apoio, no meu caso, sem qualquer condicionalidade. Eu votei e não me arrependo”. Entretanto, completava: “mas agora estou com medo. (…) O todo é bem preocupante”.

 

Diante do cenário devastador que enxergava à frente, Meirelles preferiu, como a jogadores em um Cassino, apenas desejar um amistoso e enganoso “boa sorte”, afinal, sabemos qual o destino do dinheiro do ludopata

 

Desconsideremos aqui os interesses pessoais, vaidades particulares ou rejeições políticas que as manifestações acima possam eventualmente representar. Não é do interesse desse artigo especular sobre eventuais motivações que fizeram um Henrique Meirelles ou um Armínio Fraga apoiar um descondenado por corrupção, que entregou o país a uma sucessora inepta que afundou nossa economia em recessão e, também por isso, acabou sofrendo impeachment por crime de responsabilidade. Minha exploração aqui, mesmo enxuta, pretende ser mais ampla: tanto Meirelles como Fraga representam o recente apagão coletivo que fez milhões de brasileiros se iludirem de que o Lula Paz e Amor de duas décadas atrás seria reeditado - agora, porém, por única e exclusiva vontade do eleitor. Faltou combinar com o eleito.

 

O Lula Paz e Amor dos anos 2000 foi puro contexto. A postura então conciliadora de Lula foi necessária para a sua primeira vitória após três tentativas como o candidato de esquerda que, apesar do radicalismo (ou por causa dele), quase vencia. O reboco pesado em sua imagem iniciou antes da eleição de 2002 com sua Carta ao Povo Brasileiro e foi detalhadamente moldada por ternos Armani, barba aparada e muito marketing de Duda Mendonça. Hoje, porém, deve estar claro para quem quiser ver: foi pura enganação de quem não tem paz nem amor no seu DNA, nem os tem no programa de sua ideologia marxista.

 

Consagrado nas urnas, inebriado pelo poder e incensado pelos acólitos de qualquer poderoso no Brasil, Lula decidiu manter no mandato a estratégia de campanha: convidou Henrique Meirelles, deputado federal eleito pelo PSDB de Goiás e banqueiro internacional, para ser seu presidente do Banco Central; Antônio Palocci, então celebrado como o homem do diálogo no PT e seu coordenador de campanha, foi para a Fazenda; e criou uma série de mecanismos institucionais, como o Conselhão, para se aproximar do mercado, além de conceder crédito farto e subsidiado para a iniciativa privada, em especial para os mais próximos.

 

Lula aliou-se já no início do seu governo ao Centrão, apresentou projetos e PECs polêmicas para a sua base mais radical e viu ser fundado o PSOL a partir da costela do PT: sua nova roupagem light gerou indignação em parte de seus correligionários petistas, o que levou alguns à expulsão por infidelidade, outros à desfiliação. O afastamento dos mais radicais e a aproximação com o establishment permitiu a Lula superar escândalos como o do Mensalão, reeleger-se presidente, eleger e reeleger sua sucessora. Foram quase 14 anos até a queda. E que queda!

 

O impeachment de Dilma Rousseff, nascido da insatisfação social da classe média que tomava as ruas desde as manifestações de junho de 2013, tornou-se uma bandeira nacional que perpassava classes sociais. Os mais pobres sofriam com o altíssimo desemprego, na casa dos 14 milhões de brasileiros, e com a volta da inflação, a começar nos preços da energia elétrica e dos combustíveis. Os mais ricos, representados no delírio marxista-esquerdista pelos industriais mais do que tudo, decidiram externar sua insatisfação emitindo notas empresariais país afora, auxiliando no financiamento de manifestações populares (que, de fato, pouco careciam de recursos pois, eram espontâneas e absolutamente numerosas) e, claro, colocando um famoso pato amarelo na Avenida Paulista simbolizando graficamente de que lado os empresários estavam - e não era o lado do PT, da Dilma ou do Lula.

 

Menos de dois anos após o impeachment de Dilma, Lula foi preso em 2018 pela Operação Lava Jato após condenações em série por corrupção e lavagem de dinheiro. Seu algoz mais notório era o juiz da primeira instância que julgava todos os principais suspeitos da bilionária pilhagem à Petrobras, Sérgio Moro. Cortejado pela mídia e idolatrado pelo povo nas ruas, Moro era convidado a um sem número de palestras no Brasil e no exterior, muitas das quais organizadas por quem? Sim, elas de novo, as entidades empresariais.

 

Eram justamente os mesmos empresários que Lula tanto imaginava ter ajudado década e meia antes, quando assumia o poder. Os mesmos a quem Lula julgava ter aberto tantas portas em governos petistas enquanto via parte da sua base mais radical e fiel torcer o nariz, quando não abandonar o barco, mas que passaram a execrá-lo e finalmente declaravam abertamente aquilo que o PT sempre foi e a Justiça confirmava: uma organização criminosa.

 

No entanto, quando preso em Curitiba, quem se dispôs a fazer longas vigílias de meses a fio diante da carceragem da Polícia Federal não foi nenhum grande empresário ou banqueiro - ou alguém viu Henrique Meirelles ou Armínio Fraga acampados em Curitiba? Quem gritou a plenos pulmões que “Lula é inocente” e que o impeachment de Dilma foi um golpe foi apenas uma incansável minoria de esquerda - incluindo-se aí os mais radicais comunistas e “companheiros” do PSOL, outrora marginalizados pelos petistas. A quem Lula, agora, será grato?

 

Esta pergunta deveria ter sido feita antes das eleições, é verdade, por muita gente que se deixou levar pelas emoções ou por falsas narrativas. É tarde para mudar o passado, mas é mais do que hora de refletir o futuro que queremos para o nosso país. Está muito claro que o "Lula Paz e Amor" do marketing de 2002 foi substituído pelo "Lula Ódio e Rancor" de sua própria natureza e DNA, do pós-impeachment e do pós-cadeia. Àqueles que ainda imaginam que Lula possa adotar postura conciliadora e pacificar o país, fica o alerta definitivo: não haverá anistia para quem os petistas identificarem como seus inimigos. E eles, hoje, são quase 100 milhões de brasileiros, incluídos os que anularam seus votos, votaram em branco ou preferiram não comparecer às urnas.

 

O contexto atual é completamente diferente do contexto dos anos 2000. O PT e Lula, mais do que nunca, são os mesmos de suas origens revolucionárias. Para vingar o passado recente, observamos a volta com força da ideologia marxista aos discursos oficiais, a volta da disseminação do ódio de classes como instrumento de obtenção de poder.

 

Que aqueles que até outubro passado foram incautos e responsáveis por este cenário trágico não se enganem mais: o PT não tem nenhum compromisso com a “salvação” da democracia brasileira e Lula não voltou para espalhar o amor pelo país. O DNA autoritário petista é justamente aquele que está sendo revelado por Lula em suas diatribes diárias de forma transparente, diante de todos: é feito de ódio e rancor, sentimento contra os quais não há sorte ou medo que possam servir como antídotos. É preciso estratégia, trabalho duro e muita coragem para combater a tirania socialista que avança sobre o nosso país.


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ÂNCORA FISCAL E MONETÁRIA EM RISCO - 15.02.23


Estamos perdendo âncora fiscal e monetária, diz Solange Srour, economista-chefe do Credit

 

Solange argumenta que seria um erro que o CMN alterasse os alvos já na reunião do dia 16 deste mês, devido às incertezas em torno da política fiscal

 

O aumento das metas de inflação pode ampliar a desancoragem das expectativas, prejudicar a credibilidade do Banco Central (BC) e, no limite, exigir uma retomada do ciclo de aperto monetário. A avaliação é da economista-chefe do Credit Suisse no Brasil, Solange Srour, que vê uma ameaça à confiança na economia do País, especialmente diante da piora de perspectivas para a política fiscal e da falta de sinais sobre a âncora que substituirá o teto de gastos.

 

“Estamos voltando a um mix de perda de âncora fiscal e monetária ao mesmo tempo, que não é um mix bom de se estar”, afirma, em entrevista ao Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. “Se a meta de inflação for elevada de forma que ninguém mais acredite que vai ser cumprida no seu centro, ou se começarmos a acreditar que o BC não vai ter mais autonomia de fato, porque a qualquer momento o Conselho Monetário Nacional (CMN) pode mudar a meta de novo, esse mix acaba gerando uma perda muito grande e rápida da confiança na economia.”

 

Solange argumenta que seria um erro que o CMN alterasse os alvos já na reunião do dia 16 deste mês, devido às incertezas em torno da política fiscal. Para a economista, uma elevação dos alvos a um nível entre 4% e 4,5% poderia deslocar as expectativas de inflação ao topo da meta caso não haja certeza sobre o arcabouço que vai orientar as contas públicas.

 

O Credit Suisse espera que o IPCA atinja 5,8% este ano (6,4% caso a cobrança de impostos federais sobre combustíveis seja retomada) e fique em 4% no ano que vem, em um cenário que considera a manutenção da meta em 3%. “Essa projeção vai mudar se a meta for mudada. Rapidamente”, diz. Confira os principais trechos da entrevista:

 

Qual a sua avaliação sobre a discussão em torno das metas de inflação?

Quando você tem um risco fiscal elevado, e ele já começa a afetar as expectativas de inflação, a discussão de aumentar a meta de inflação é muito contraproducente, porque desancora ainda mais as expectativas e deixa a sensação de que há uma tentativa de puxar a Selic (taxa básica de juros) para baixo na marra. É contraproducente, porque estamos começando a colher os frutos do juro real alto em termos de desinflação, mas vem uma discussão sobre mudança de meta em um momento em que estamos sem âncora fiscal e com uma incerteza muito grande sobre a sustentabilidade da dívida.

 

Existe um nível razoável para se aumentar a meta?

Eu acho que não. Acho que qualquer mudança da meta vai acabar gerando a sensação de que, mesmo sem uma âncora fiscal, vamos tentar forçar a queda da Selic. Mesmo que seja 3,5%, vai trazer a sensação de que há uma tentativa de puxar a Selic para baixo, ainda que as expectativas continuem desancoradas. Se for 4% ou 4,5%, acho que é muito pior, porque a reação do mercado vai ser de elevar ainda mais as expectativas de inflação, e isso pode acabar até levando o BC a ter de subir os juros.

 

O CMN deveria antecipar a decisão sobre as metas para diminuir a incerteza ou aguardar a apresentação do novo arcabouço fiscal?

Se a decisão do CMN for chegar na quinta-feira (da semana que vem) e dizer que as metas estão mantidas, seria superpositivo, diminuiria a incerteza e o resultado seria uma melhora da confiança de que as metas vão ser cumpridas, ainda que não imediatamente. Agora, se a decisão é elevar a meta, eu não sou a favor de fazer isso logo, sem antes dar alguma sinalização sobre o fiscal. Porque isso vai ser visto como voluntarismo, de tentar forçar uma queda da Selic sem ter nenhum tipo de previsibilidade. Além de aprovar a regra fiscal, o governo vai precisar mostrar como essa regra vai ser cumprida de fato, quais são os mecanismos de controle de gastos que vão impedir que essa regra seja modificada.

 

O que uma elevação das metas implicaria para as expectativas do mercado?

Tudo depende de qual vai ser a meta e se vão mudar o intervalo de tolerância. Se a meta for para 4% ou 4,5%, mesmo com o intervalo de tolerância sendo mantido em 1,5 ponto porcentual, acho que as expectativas ainda têm mais a subir e vão buscar o topo da meta. Se além de tudo ainda se mudar o intervalo para dois pontos, a situação vai ficar muito ruim, sinalizando que se busca um topo mais alto ainda. Se fosse apresentada antes não só a regra fiscal mas também um meio de se alcançar a meta fiscal, as expectativas poderiam não ir logo para o topo da meta.

 

Podemos voltar a um equilíbrio próximo ao do governo Dilma, quando as expectativas se situavam sempre no teto da meta?

Estamos voltando a um mix de perda de âncora fiscal e monetária ao mesmo tempo, que não é um mix bom de se estar. Até essas iniciativas de tentar constranger o BC, não tínhamos âncora fiscal, que se foi na PEC da Transição. Se perdermos a âncora monetária, se a meta de inflação for elevada de forma que ninguém mais acredite que será cumprida no seu centro, ou se começarmos a acreditar que o BC não vai ter mais autonomia, esse mix acaba gerando uma perda muito grande e muito rápida da confiança na economia. Foi o que vimos justamente em 2015: essa perda de confiança gera mais inflação via câmbio e expectativas desancoradas; um juro mais alto na curva, mesmo que a Selic fique constante; e uma desaceleração do PIB. É um mix bastante inflacionário e recessivo.


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PAULO GUEDES TINHA RAZÃO - 14.02.23


Por J.R. Guzzo, publicado no jornal O Estado de S. Paulo

 

Saíram, afinal, os dados oficiais do Banco Mundial para o desempenho da economia em 2022 e lá está: o Brasil cresceu mais que a China, pela primeira vez em 42 anos. O ex-ministro Paulo Guedes já havia dito exatamente isso, em suas estimativas sobre a performance da economia brasileira no ano passado; foi sepultado por uma avalanche de reações indignadas por parte dos economistas de esquerda, analistas de grandes bancos e mais do mesmo, todos convencidos de que o Brasil não iria crescer nada, ou algo assim. Não só erraram na previsão; previram o contrário do que aconteceu. É claro que nenhum deles fará qualquer esforço sério para entender o que houve, e isso garante que a qualidade das suas análises continuará a mesma de sempre. Fazer o quê? O mundo das previsões econômicas é assim mesmo. A vida continua.

Vale a pena registrar, em todo caso, que os números do Banco Mundial colocam mais um prego no caixão em que está enterrada a eterna desculpa de Lula quando assume a Presidência da República — a de que recebeu uma “herança maldita” do seu antecessor. Em todas as vezes que disse isso, a realidade dos fatos era precisamente a oposta. Na verdade, Lula recebeu um país muito bem arrumado do ponto de vista econômico, levando-se em conta as circunstâncias mundiais e o efeito devastador que dois anos de covid e de “fique em casa” tiveram no sistema de produção do Brasil. A inflação, abaixo de 6% ao ano, é menor que a da Europa e dos Estados Unidos. A taxa de desemprego, em 2022, recuou para cerca de 8% — o melhor índice desde 2014. As reservas internacionais estão acima de US$ 320 bilhões. As exportações bateram mais um recorde. Os índices de miséria, segundo o mesmo Banco Mundial, são os menores em vinte anos. As empresas estatais, que segundo Lula estão “destruídas”, lucraram mais de R$ 250 bilhões no ano passado. (Quem levou a Petrobras à beira da falência foram os governos de Lula e Dilma.) Vem, agora, a confirmação do crescimento econômico — 3,1% em 2022, um dos mais altos do mundo num momento ruim para todos.

“Herança maldita”? Onde? Herança maldita, na vida real, foi a que os governos do PT deixaram para Michel Temer em 2016 — uma economia em ruínas, com a maior recessão que este país já teve em sua história. Temer, denunciado como “golpista” por Lula, simplesmente reconstruiu o Brasil destruído por Lula e Dilma; fez o  contrário, precisamente, do que é acusado de ter feito. Os números reais, de qualquer maneira, não vão desaparecer só porque Lula inventa uma situação que não existe. Ficarão aí para sempre — e logo mais, queira ele ou não queira, começarão a ser comparados com os números do seu governo. A população brasileira terá, então, a oportunidade de ver com os seus próprios olhos o que o novo presidente tem a apresentar no mundo das realidades.


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SEM VIRTUDES, SEM VALORES E SEM VERGONHA - 13.02.23


Por Percival Puggina 


Com freqüência, lemos textos que nos trazem à mente um quase refrão: “Gostaria de ter escrito isso!”. Pois foi o que pensei ontem, diante de algo que lia. E segui sentindo essa identidade com o pensamento do autor até perceber que era um texto meu... Perdoem-me por me “recitar” novamente. No entanto,o artigo me pareceu tão válido aos dias de hoje, embora escrito em 2013, que eu o reproduzo aqui, convidando os leitores a refletir sobre o tema abordado.

 

O rufo de tambores que ouvimos mundo afora é de uma declarada guerra, nada santa, contra a influência do cristianismo na Filosofia, no Direito, na Cultura e nos valores morais dos indivíduos. Guerra de um projeto totalitário pela completa abolição dessa influência.

Até os militantes do ateísmo, sabem que: 1º) é quase impossível "desconverter" os indivíduos de uma fé em Deus para uma fé no Nada absoluto; 2º) é inaceitável pela imensa maioria das pessoas a ideia de um Direito cuja moral seja irrelevante, ou que ignore os princípios e valores compartilhados pelos membros da sociedade.

Diante de tais e tão grandes dificuldades, os militantes do ateísmo cultural, combatentes da revolução cultural, propuseram-se a algo muito mais sutil – querem esterilizar a moral nos próprios indivíduos. Como? Convencendo-os de que os princípios e valores que adotam são, na origem, tão religiosos, e por isso mesmo tão particulares, quanto a própria religião que porventura professem. Integrariam então, tais valores e princípios, aquele foro íntimo no qual se enquadrariam a própria religião e suas práticas. Pronto! Segundo o princípio da laicidade do Estado, só teriam vigência na vida privada. Não faltam pessoas religiosas para entrarem com os dois pés nessa armadilha. Por isso, o projeto totalitário avança.

 

As investidas contra os símbolos religiosos são apenas a ponta do rabo do gato. O felino inteiro é muito mais malicioso e malévolo. O que de fato pretende é laicizar a cultura, as opiniões em geral e, principalmente, os critérios de juízo e decisão (os meios do poder). Toda a conversa fiada sobre supostas infrações à devida separação entre o Estado e a Igreja, tão ouvida nas falas do STF, precisa ser entendida como aquilo que de fato é: atitude de quem adotou o Estado, e só o Estado, por fonte de todo bem. Assumiu-o como baliza perfeita para o certo e o errado, e vertente dos valores que devem conduzir a vida social.

 

Convenhamos, é uma tese. Mas – que diabos! – qual é, precisamente, a moral do Estado? Na prática, a gente conhece porque a conta é nossa.  Na teoria, é a que a sociedade “majoritariamente” determinar, excluída a parcela realmente majoritária, que moldou a civilização ocidental porque esta, como se viu acima, só pode ter expressão na vida privada e resulta inadmissível perante a laicidade do Estado, etc., etc., etc.. Portanto, cale-se!

Tal linha de raciocínio não resiste ao primeiro safanão. Precisa de reforços e apoios propiciados pelo relativismo moral, um de seus subprodutos. Cabe a este filho do pós-modernismo mostrar que a moral majoritária é apenas uma das tantas que andam por aí através do tempo, do espaço e da miséria humana. Saem às ruas, então, representações desse nada admirável mundo novo:  marcha das vadias, marcha pela maconha, marcha pelo aborto.  Uma TV do Estado apresenta show das putinhas aborteiras, militantes partidários dançam pelados na Câmara Municipal de Porto Alegre ou fazem sexo com símbolos religiosos no Rio de Janeiro.

 

Escandalosos? Escandalosos perante qual senso moral? O totalitarismo pós muro de Berlim, o totalitarismo do século XXI, precisa do ateísmo cultural e do relativismo para derrogar o cristianismo presente na cultura de tantos povos. A nova ordem, o mundo novo, o all-in-one de Imagine não se constituirão numa sociedade que creia em algo anterior, superior e posterior a si mesma. Não há como esse novo poder global não ser totalitário! A democracia se extingue naturalmente quando destruídos os valores que a fundamentam, pelo simples fato de que não se sustenta numa sociedade política sem princípios, sem valores e sem vergonha.


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SIGILO NÃO IMPEDE PENSAR - 10.02.23



Por Percival Puggina
        
         O Diário do Comércio, em matéria de 7 de fevereiro, aborda o sigilo imposto pelo governo federal sobre as imagens de vandalismo no Palácio do Planalto.

O jornal havia pedido, via Lei de Acesso à Informação, a íntegra das imagens registradas pelas câmeras de segurança internas e externas do sistema do Palácio do Planalto durante os atos de vandalismo. Contudo, o Gabinete de Segurança Institucional informou “não ser ‘razoável’ divulgar informações que exponham métodos, equipamentos, procedimentos operacionais e recursos humanos da segurança presidencial”. E acrescentou, ainda segundo o jornal, que as imagens solicitadas já estão sendo utilizadas no âmbito de processo investigatório para a elucidação dos eventos do dia 8 de janeiro. Cópias dos vídeos foram encaminhadas para o Exército e para a Polícia Federal (PF), que apuram o episódio.

Ora, qualquer brasileiro medianamente atento à história das últimas décadas, se meramente observasse as cenas em preto e branco, ausentes os símbolos nacionais das vestimentas, saberia a quem atribuir aquela brutalidade gratuita e irracional. Por isso, resguardada a segurança dos poderes de Estado, seria importante a divulgação do conteúdo restante, até para desfazer a ideia corrente, sempre descartada pelas manifestações oficiais, de que houve uma infiltração, quando não, até um favorecimento aos lamentáveis, incivilizados e vexatórios eventos.
 

O sigilo não impede as pessoas de pensar.
 

E esse está se tornando um problema recorrente no novo modelo de exercício do poder político no país: para coibir as respectivas expressões, pretende-se coibir pensamentos e emoções...


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