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AMIGOS DE LULA ATACAM O ERÁRIO COM A VORACIDADE DE UM CARDUME DE PIRANHA - 09.02.23


Por J.R.Guzzo - Estadão de 08/02

 

 

O sobrinho do presidente Lula, com todos os seus 19 anos de idade, acaba de ganhar um emprego público no governo de Sergipe; rende, com os penduricalhos somados, 7.500 reais por mês. A nomeação foi por “critérios técnicos”, disseram os responsáveis. Aparentemente, o público sergipano não pode abrir mão dos serviços do rapaz, embora não seja possível determinar que tipo de trabalho, na prática, ele vai fazer – sua função é ser assessor.
 

A neta do falecido chefe terrorista Carlos Marighella fez melhor. Levou o cargo de presidente da Fundação Nacional de Artes, a notória Funarte – uma escolha realmente esquisita, neste momento em que o governo Lula em peso, o Supremo Tribunal Federal e toda a esquerda brasileira denunciam furiosamente o terrorismo como a maior ameaça que o País já teve pela frente. A mulher do compositor Chico Buarque também faturou uma assessoria, no BNDES; pelo que deu para entender, é alguma coisa com cara de “direito internacional”.
 

A lista vai por aí afora. Tudo bem: o assalto geral às bocas da máquina pública é uma prerrogativa de quem é declarado vencedor da eleição pelo TSE. Mas a voracidade de cardume de piranha com que os amigos de Lula vêm atacando o erário é algo nunca visto. O governo mal começou e as coisas já estão assim. Onde vão estar daqui a mais um mês, ou quatro anos?
 

Não existe, desta vez, a menor preocupação em disfarçar alguma coisa – ao contrário, os presenteados fazem festa e, se for possível, vão querer mais empregos ainda, para si mesmos e para os amigos. Quem não sabe, por exemplo, da mina a céu aberto que são os conselhos das empresas estatais? Isso sem falar das diretorias em si dessas empresas, que podem ser ocupadas, agora, por qualquer pessoa que o presidente queira nomear; estima-se, por alto, que haja cerca de 600 cargos disponíveis para consumo imediato.
 

Há, também, os novos ministérios inventados por Lula. Como não existiam antes, terão obrigatoriamente de fornecer empregos para começar a funcionar; já estão, aliás, fazendo exatamente isso. Acima de tudo, há a certeza absoluta da impunidade. Vão aparecer reclamações aqui e ali, e as notícias sobre a farra serão publicadas na imprensa. Mas quem é que está ligando? Um terço dos ministros que assumiram em 1º. e janeiro têm problemas com a justiça, que vão de dívidas não pagas a peculato e corrupção; uma ministra, inclusive, tem cinco milicianos do Rio de Janeiro em seu círculo mais próximo. Todos têm 100% de certeza que ninguém vai encostar neles. Não poderia ser diferente, num governo que não pronuncia, simplesmente, a palavra “corrupção” – e num país em que falar no assunto pode levar quem falou a ser acusado de “atos antidemocráticos”. Está tudo liberado.


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O NAVIO FANTASMA - 08.02.23


 

Por Percival Puggina
 
         Passei quatro anos apontando a coesão da velha imprensa na oposição ao governo Bolsonaro. Durante todo o período, de modo ininterrupto, essa mídia, o STF e o TSE protagonizaram a oposição. Sempre vi nisso um descomunal favorecimento a quem chegasse contra o governo na eleição presidencial. Em 15 de abril de 2021, por 8 votos a 3, o Supremo proporcionou a zebra e – surpresa! – em outubro, deu Lula.
 
Transcorrido apenas um mês de governo, o que assistimos é um cavalo-de-pau e a volta ao passado. Quem falar pelo governo – seja Lula, qualquer de seus ministros ou parlamentar, personagens do segundo escalão ou dirigentes do partido – gasta mais tempo atacando o governo que saiu do que promovendo o governo que entrou. No petismo isso é genético. Por definição, seu adversário não presta, tem que ser permanentemente atacado e ter sua reputação assassinada a sangue frio. Contudo, sublinhe-se a bem da inverdade: o PT é contra discurso de ódio e seus sucessos são vitórias do amor... Lula, Lula! De algum lugar Deus está te vendo.
 
Quando falam sobre temas de gestão, trabalhos de casa, tarefas a cumprir, daquilo, enfim, para o que são pagos, a situação fica ainda pior. As manifestações soam como estertores do passado: controle social da mídia, desarmamento, favorecimento do aborto, revogação da Lei do Teto de Gastos e ruptura com princípios básicos da estabilidade monetária, volta dos lesivos e escandalosos empréstimos internacionais pelo BNDES. Chegou? Não, tem mais. Fim da autonomia do Banco Central, guerra às privatizações, revogação dos preceitos da Lei das Estatais que impedem seu aproveitamento para fins políticos e partidários (o que barrou a corrupção e representou o retorno à lucratividade dessas instituições). E por aí vai o navio fantasma que, como um zumbi, emergiu de funduras abissais e estacionou, tenebroso, na Praça dos Três Poderes.
 
A mídia, mesmo a ativista, não está tão comprometida com a sandice como para passar recibo a esse futuro totalmente comprometido com o pretérito.  Pudera! Até quem viaja nas cabines de luxo sabe que vai beber água salgada se o navio bater num iceberg ou nos rochedos de um arquipélago tropical. Então, em meio à intensa replicação das narrativas, começam as críticas feitas como se quem critica não tivesse qualquer responsabilidade com a escolha do comandante Lula para jogar o Brasil contra os rochedos, como o comandante Schettino fez com o navio de cruzeiro Costa Concórdia.


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O LEITE DERRAMADO - 06.02.23


Por Percival Puggina

 

         Compreender para resolver. É disso que se trata.

Faça o seguinte: espalme as duas mãos e abra os dedos; em seguida, aproxime as mãos e junte-as, cruzando os dedos; feche os dedos. Você tem diante dos olhos um perfeito símbolo de unidade. E, devo complementar, uma representação visual do que acontece no Brasil enquanto a política se judicializa e a justiça se politiza.

 

O senador Randolfe Rodrigues é, apenas, a expressão mais simples do primeiro fenômeno, que ganhou crescente expressão no país: a política sendo feita mediante o STF (ou TSE), fora do parlamento e fora da sociedade. Por outro viés, a sequência de palavras e obras, ações e omissões dos tribunais superiores intervindo com regularidade no cotidiano da política representam o segundo fenômeno. Para o quadriênio recém-iniciado, o petismo alcançou a plenitude dessa unidade.

 

Lembremos. A oposição ao governo Jair Bolsonaro nunca foi obra parlamentar do petismo. As investigações conduzidas pela força-tarefa da Lava Jato esfarelaram a credibilidade do partido que recolheu as unhas da tradicional agressividade. A oposição, ferrenha oposição, foi conduzida pela imprensa e pelo STF. Era do Supremo o protagonismo, de lá vinha o noticiário político. Estrategicamente, os principais líderes petistas, mesmo os de ficha limpa, sumiram da pauta parlamentar. Nada disso tem paralelo na história republicana. Nunca os derrotados mandaram tanto no país por via indireta.

Lembre de tudo que você leu, viu e ouviu sobre discurso de ódio e gabinete de ódio. Observe que toda essa malhação teve como foco manifestações recolhidas nas cada vez mais patrulhadas e menos significativas redes sociais. Depois, compare isso com o que desde a eleição de Lula povoa os discursos oficiais, as entrevistas, e as ações concretas dos donos do poder.

 

Estimados leitores. De nada vale chorar o leite derramado. O céu não vai se abrir; o Altíssimo não vai empalmar as rédeas do Brasil e de nada vale esbofetear os fatos. Está mais do que provado: as redes sociais, mesmo que não estivessem controladas, por sua dispersão e deficiências técnicas perderiam para o poder de comunicação cotidiano das milícias jornalísticas empresariais.

 

Nós somos a razão de nossa esperança ou desespero. Eu jogo no primeiro time. Sei que no sulco aberto pela Lava Jato o ceguinho conservador e liberal achou um vintém.  Quase um acaso! Agora é arregaçar mangas, deixar cair as escamas dos olhos e, como Paulo, infiltrar o coração do Império. Criar movimentos, promover eventos, motivar lideranças, formar líderes (especialmente líderes jovens), criar partido de direita (sem extrema direita e sem centristas), mobilizar instituições privadas, infiltrar instituições públicas, entrar nas universidades, enfrentar o sistema dentro do sistema, apoiar nossa maioria na Câmara dos Deputados, eleger em 2024 nossos vereadores e prefeitos, diminuir a influência dos partidos do Centrão para reduzir o balcão dos negócios e o número dos negocistas (são eles que nos derrotam no Senado). Centro direita e centro são pura enganação.

 

Lembrete final: não adianta chutar o balde; o leite já derramou.


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