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26 jun 2017

DEZ MANDAMENTOS


CURTA DURAÇÃO

Quem se propõe a ver o que mostram as séries históricas que tratam do desempenho econômico do nosso empobrecido país ao longo das últimas décadas verá, com absoluta clareza, que os períodos onde os gráficos apontam crescimento os prazos sempre foram de curta duração.


VOOS DE GALINHA

Ou seja, até a década passada, como revelam todos os institutos, inclusive o próprio IBGE (órgão oficial), os curtos períodos de crescimento econômico não passaram de ESPASMOS. Aliás, por muitos anos estes curtos períodos em que houve desempenho positivo sempre foi comparado a -VOOS DE GALINHA. 


FIM DA ERA DOS ESPASMOS

Pelo que informam os gráficos de desempenho da nossa economia nos últimos anos, até os incapacitados para desenvolver um mínimo de raciocínio lógico já perceberam que os -ESPASMOS-, ou -VOOS DE GALINHA-, jsoluiços, ou  -ESPASMOS POSITIVOS-.


REFORMAS

É preciso deixar bem claro a todos aqueles que preferem a volta dos ESPASMOS, acreditando que períodos de crescimento econômico, mesmo curtos, servem para melhorar a autoestima e recuperar um pouco da confiança, só serão possíveis com a aprovação de algumas REFORMAS.  Sem elas, anotem aí: a possibilidade de crescimento é ZERO. 

Vale observar que no dia que os brasileiros resolverem, de fato, fazer as REFORMAS corretas o país ficará livre dos ESPASMOS. Aí o crescimento econômico passaaria  a ser uma constante. 


LIVRO DE LUIZ FELIPE D`AVILA

Para que o Brasil se livre desta terrível situação é necessário fazer o que propõe Luiz Felipe D`Avila, presidente do Centro de Liderança Pública, em seu novo livro -10 MANDAMENTOS PARA O BRASIL QUE QUEREMOS-. Aproveito o texto escrito pelo pensador Rodrigo Constantino que publicou recentemente no seu blog. Eis: 


DEZ MANDAMENTOS

1. “Adotarás o parlamentarismo como sistema de governo”.. O Brasil precisa sepultar o regime presidencialista, que se tornou prejudicial para o povo, concentrando poder e alimentando o populismo;

2. “Criarás o verdadeiro federalismo”. É fundamental descentralizar o poder, aproximando-o do povo, com voto distrital e o fim da transferência de recursos do governo federal para municípios;

3. “Criarás servidores públicos movidos pelos princípios da meritocracia e da política de resultado”. É preciso dar autonomia para o servidor público, e cobrá-lo por isso, responsabilizando-o pelos resultados;

4. “Transformarás o Estado assistencial em um Estado prestador de serviço”. O assistencialismo criou uma legião de dependentes das benesses estatais, e em vez de uma rede básica de proteção, temos um forte incentivo à vida parasitária;

5. “Acabarás com o capitalismo de Estado e adotarás a economia de mercado”. O capitalismo de compadrio é o câncer de nossa economia, com grupos de interesses organizados em torno do poder em Brasília para obter vantagens como barreiras protecionistas e subsídios;

6. “Integrarás o Brasil à economia global e impulsionarás a exportação”. Manter nossa economia fechada significa blindar nossas empresas da competição global, o que impede nosso avanço;

7. “Educarás os brasileiros para o mundo globalizado”. Nosso sistema de ensino é um total fracasso, e não é por falta de recursos públicos. O aluno não aprende nada em sala de aula, e a ideologia tomou conta das escolas;

8. “Resgatarás a cidadania participativa”. Distanciar-se da política significa deixar o caminho livre para os grupos de interesses e os demagogos;

9. “Não abrirás mão dos ganhos da globalização”. A principal preocupação é com o nacionalismo, fazendo uma distinção entre ele e um patriotismo saudável, que pode garantir o sentimento de pertencimento aos indivíduos que compartilham de uma história comum;

10. “Resgatarás a credibilidade do Estado, a virtude da política e a defesa da democracia e da liberdade”. Basicamente um resumo dos demais mandamentos, fechando com uma mensagem de otimismo de que, juntos, as pessoas de bem podem derrotar a barbárie.

Constantino finaliza: - Se o Brasil seguir essa agenda liberal, então podemos voltar a sonhar com um futuro melhor para todos. Caso contrário seremos engolidos pelos parasitas!



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23 jun 2017

A NATUREZA DA SEMENTE


TUDO SOB CONTROLE

Desde o momento em que foi aberto o processo de impeachment de Dilma Petista, em maio de 2016, que felizmente se confirmou em agosto do mesmo ano, a frase que vem sendo mais pronunciada por muita boca bem falante e mal pensante, como escreveu, em 03/01/2016, o pensador Percival Puggina, é a seguinte: 

"Está tudo sob controle, a democracia consolidada e as instituições funcionando".

 


SIM, SIM, CLARO.

A propósito, Puggina completou com absoluta certeza dizendo: - Sim, sim, claro. E eu quero saber onde caiu a minha chupeta , pois está na hora de nanar.


RECEIO DAS INSTITUIÇÕES

Pois, passados mais de um ano a frase já está muito gasta de tanto que é usada. E justamente porque as INSTITUIÇÕES ESTÃO FUNCIONANDO é que fico cada vez mais preocupado. Sim, porque pouco ou quase nada do que as INSTITUIÇÕES estão promovendo me faz confiar e/ou acreditar no nosso empobrecido Brasil. 


PARA BOIS E BRASILEIROS DORMIR

Melhor dizendo: exatamente por -CONFIAR- que as nossas INSTITUIÇÕES PÚBLICAS não mostram mínimo interesse em atacar os graves problemas que o Brasil enfrenta, estou cada dia mais convencido de que o -ESTAR TUDO SOB CONTROLE- e que -A DEMOCRACIA ESTÁ CONSOLIDADA- não passa de conversa mole para bois e brasileiros dormir.


ATUALÍSSIMO

Observem que o artigo escrito por Puggina, em 01/2016, mesmo depois de passados quase 18 meses cabe como uma luva para os dias de hoje. E, pelo andar da carruagem, vai continuar atualíssimo para amanhã e para os próximos 1000 anos ou mais. 


TEXTO

Eis mais um trecho do texto do Puggina, que vale para TODAS AS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS:

Não somos crianças. Falem sério! Está tudo sob controle de quem? Como ousam chamar democracia o ambiente onde agem essas pessoas que se acumpliciaram para dirigir a República? A única ideia correta na citação acima é a que se refere às instituições. Elas estão funcionando, mesmo. O Brasil que temos, vemos e padecemos é produto legítimo e acabado do seu funcionamento. Acionadas, produzem isso aí. Sem tirar nem pôr.

Eis o motivo pelo qual os figurões do governo frequentemente sacam de sua sacola de argumentos a afirmação de que as coisas sempre foram assim. De fato, embora não no grau superlativo alcançado nos últimos 13 anos, o modelo institucional republicano tornou crônicos os mesmos males. Em palestras, refiro-me a isso mediante uma analogia. 


NATUREZA DA SEMENTE

Instituições, digo, são como sementes. Uma vez plantadas, germinam, ou seja, funcionam e produzem conforme determinado pela natureza da semente. É o nosso caso. À medida que a urbanização nos tornou sociedade de massa e o Estado empalmou o poder (vejam só!) de definir os valores, a verdade e o bem, decaiu o padrão cultural e moral médio, inclusive, claro, dos membros dos poderes de Estado. Eu assisti isso. Mas a sedução do modelo aos piores vícios, a destreza com que gera crises e a inaptidão para resolvê-las é exatamente a mesma ao longo do período republicano.

 



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22 jun 2017

DOIS BRASIS


DOIS BRASIS

Enquanto o Brasil do SETOR PRIVADO, que realmente produz e faz com que a nossa economia siga respirando, ainda que por aparelhos, um outro Brasil, GOVERNAMENTAL, ou SETOR PÚBLICO, que além de não produzir coisa alguma ainda precisa ser alimentado, de forma descomunal e obrigatória pela escorraçada sociedade PAGADORA DE IMPOSTOS. 


SUFOCO

Ora, diante do peso excessivo, confirmado pelo avantajado tamanho do SETOR PÚBLICO, todos aqueles que produzem e consomem (pagadores de impostos) se veem obrigados a RENUNCIAR a muitos de seus desejos, tanto de consumo quanto de investimentos, para satisfazer a insaciável fome GOVERNAMENTAL.


PROVA DAS CONTAS PÚBLICAS

O grande e inquestionável atestado desta fome insaciável do SETOR PÚBLICO, que não demonstra mínima vontade de fazer qualquer regime de emagrecimento, está estampado, com absoluta transparência e clareza, nas ALTAMENTE DEFICITÁRIAS CONTAS PÚBLICAS, não só do país como de vários Estados e Municípios. 

 


PROVA DO PIB

Já no que diz respeito a real, espetacular e preocupante renúncia do consumo e, consequentemente, de investimentos na produção, está registrada através do péssimo desempenho do PIB brasileiro, que nos últimos anos só experimentou quedas pra lá de lamentáveis.  


CORRUPÇÃO

Como se este quadro de incompetência -propositada- já não bastasse para levar, literalmente, o Brasil para dentro do abismo, sem saber se o buraco tem fundo ou se trata de algo infinito, a CORRUPÇÃO ganhou proporção incomensurável e tudo indica que levará muito tempo para ser desvendada. 


SETOR PÚBLICO

Pois, diante deste quadro complicado e de difícil solução vê-se, claramente, dois tipos de comportamento: 

1- grande parte do SETOR PÚBLICO, bafejado pelas forças sindicais, não aceita, em hipótese alguma, a perda de privilégios, a realização de reformas e a necessária diminuição da elevada taxa de desemprego. Para tanto rejeitam as reformas que poderiam estimular algum crescimento econômico, ainda que tímido. 


SETOR PRIVADO

2- o SETOR PRIVADO, por sua vez, ao invés de entrar em campo para apoiar e/ou exigir as reformas que levem a uma abertura do caminho e da confiança para produzir e consumir de acordo com a sua vontade e interesse, só tem se apresentado para lamentar. Com isto, as corporações, que sequer são ameaçadas, vêm colhendo vitórias em cima de vitórias. 



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21 jun 2017

QUEM SAIU DERROTADO FOI O POVO


SEM SURPRESA

Os brasileiros, por si próprios e, por consequência, pela forma repetitiva com que a maioria dos seus representantes (dos poderes -Executivo, Legislativo e Judiciário-), eleitos pelo voto, decidem de forma pra lá de lamentável os destinos do nosso pobre país, só têm o direito de se manifestar com indignação. O que não tem mais cabimento é a SURPRESA. 


MEIOS DE COMUNICAÇÃO

A decisão tomada ontem pela maioria dos senadores que compõe a Comissão de Assuntos Sociais, que por dez votos contra nove rejeitou o texto da importante e necessária Reforma Trabalhista, deve ser vista com total e expressa INDIGNAÇÃO, mas nunca com SURPRESA. A rigor, o que me deixou mais INDIGNADO foi a forma como os meios de comunicação do país trataram do assunto: todos disseram que a rejeição do texto foi uma DERROTA DO GOVERNO. 


VITORIOSOS

Ora, quem saiu violentamente DERROTADO, ainda que não de forma definitiva, foi o povo brasileiro. Os senadores que votaram contra o texto já aprovado na Câmara entendem, assim como a mídia, que os VITORIOSOS são aqueles que propõem e objetivam a manutenção de uma alta taxa de DESEMPREGO no nosso Brasil. Pode? 


PLENO EMPREGO

Caso os dez senadores que rejeitaram o texto tivessem deixado claro que agiram assim porque entendem que esta REFORMA TRABALHISTA é muito tímida, aí eu teria todos os motivos para me declarar SURPRESO e nada INDIGNADO. Isto, no entanto, é algo impossível, pois tal decisão proporcionaria, em prazo curto, um fantástico PLENO EMPREGO.  


PERGUNTA ESSENCIAL

A decisão dos dez senadores, que a mídia vê, elege e noticia como VITORIOSOS, foi vista pela janela do mercado financeiro (aquele que espelha com absoluta clareza o comportamento e a vontade de quem toca a economia do país), da seguinte forma: o preço do dólar subiu e o valor das empresas, na Bolsa, caiu.

A grande pergunta que se impõe, portanto, é a uma só: - Esta derrota do texto proporciona um aumento do emprego e vai fazer o Brasil crescer e se desenvolver? 


DERROTA DOS SINDICATOS

Tomara que a decisão de ontem, no Senado, não passe de um susto que pode ser resolvido nos próximos dias, mais tardar na próxima semana quando se espera a votação, em plenário, da Reforma Trabalhista. Caso venha a ser aprovado texto, a grande VITÓRIA estará representada por uma única e importante razão: o FIM DA OBRIGATORIEDADE DO IMPOSTO SINDICAL. Tudo mais, ainda que possa ser considerado bom, é irrisório, face à possibilidade de uma flagrante DERROTA DOS SINDICATOS.  



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20 jun 2017

JOESLEY, O MENTIROSO!


REDE GLOBO

Preferi esperar até hoje para comentar a tal entrevista que o criminoso Joesley Batista concedeu a revista Época, publicada no final de semana. Antes de tudo, o que mais chama a atenção é que o empresário, pra lá de safado, que já havia escolhido o jornal O Globo (via colunista Lauro Jardim), para divulgar a sua delação, desta vez escolheu a revista Época, que também pertence à Rede Globo, para voltar a atacar o presidente Temer.

 


ESCROQUE

Ora, no entendimento de qualquer pessoa minimamente sensata, o safado empresário apenas confirmou a sua clara condição de facínora. Se ainda gozava de algum crédito, por conta de tudo que disse na sua delação, nesta entrevista o safado deixou bem claro que não passa de um escroque. A rigor, pelas respostas que deu à Época, Joesley só mostrou o quanto está contrariado com o fim das vantagens que vinha recebendo até o impeachment de Dilma. 


CONSTANTES ENCONTROS

Uma coisa é certa: a convivência com Lula, Guido Mantega e Dilma fez do safado Joesley mais um mentiroso petista. Vejam que o próprio Eduardo Cunha, em nota redigida ontem, 19, no complexo penal onde está preso, afirmou que Joesley tinha “constantes encontros” com Lula e citou uma reunião em que participou com os dois.


COMPROVADO

Disse Cunha: “- Ele [Joesley] fala que só encontrou o ex-presidente Lula por duas vezes, em 2006 e 2013. Mentira! Ele apenas se esqueceu que promoveu um encontro que durou horas, no dia 26 de março de 2016, Sábado de Aleluia, na sua residência [...] entre eu, ele e Lula, a pedido de Lula, a fim de discutir o processo de impeachment [...] onde pude constatar a relação entre eles e os constantes encontros que eles mantinham”, escreveu o peemedebista.

Mais: que o encontro com Joesley e Lula pode ser comprovado pelos seguranças da presidência da Câmara que o acompanharam na ocasião, além de registros do carro alugado para transportá-lo em São Paulo.


PROJETO PETISTA

Aliás, só o fato de Joesley ter gravado apenas o presidente Temer e o senador Aécio, e com isto ganhar perdão de seus graves pecados, já foi o bastante para entender que o objetivo do projeto petista era o de melar por completo as REFORMAS. Para tanto os interessados trataram de influenciar a opinião pública dizendo que Temer era o efetivo chefe da Orcrim.   


A MAMATA ACABOU

O certo e evidente é que Temer, a quem jamais colocaria a minha mão no fogo, acabou com a festa das Campeãs Nacionais, onde as empresas J&F e JBS se destacavam. Vejam, por exemplo, que desde o momento que Maria Silvia assumiu a presidência do BNDES (um ano atrás), a mamata acabou. E continua assim com o novo presidente, Paulo Rabello de Castro. Idem, aliás, no Banco do Brasil e na Caixa. 


TÉCNICOS DE ALTO NÍVEL

Mais: a Petrobrás, tão logo Temer assumiu a presidência do país, deixou de ser alvo da corrupção. Ao convidar Pedro Parente para presidir a estatal, a situação da empresa começou a mudar e muito. Ora, se o presidente Temer fosse o tal chefe da Orcrim, como Joesley insiste (apenas para as empresas da Rede Globo), como se explica o fato de ter escolhido técnicos de alto nível para presidir as nossas maiores estatais???  Com certeza, além de mentiras e interesses imundos, AÍ TEM. E como...



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19 jun 2017

LANTERNA NA PROA


LEITURA SEMPRE OPORTUNA

O livro -Lanterna na Proa-, editado pela Livraria Resistência Cultural Editora (contato@resistenciacultural.com.br), organizado pelo editor José Loredo Filho e os pensadores Ives Gandra Martins e Paulo Rabello de Castro, é uma leitura importante e pra lá de oportuna. 


SATISFAÇÃO ENORME

Não escondo a minha enorme satisfação por fazer parte do rol dos 62 convidados que se dispuseram a fazer um relato sobre a vida do grande liberal, que no dia 17 de abril passado faria 100 anos. Entretanto, entre as apreciações sobre a obra, aquela que mais me chamou a atenção, até o presente momento, foi a seguinte resenha, feita por Victor Ribeiro. Eis:


RESENHA

O menino pobre de Guaxupé (MS) que na juventude foi seminarista e que desistiu da ordenação em se tornar padre, chegou ao Rio de Janeiro na década de 30 com uma bagagem cultural impressionante (10 anos dedicados ao estudo de Filosofia, Teologia, Grego e Latim), mas que aos olhos da burocracia brasileira era classificado como um analfabeto.

Numa trajetória brilhante, Roberto Campos participou nas negociações de insumos brasileiros na 2ª Guerra Mundial, esteve presente na conferência de Bretton Woods, nas discussões sobre a criação do FMI, do BNDE (ainda sem o S), embaixador nos EUA e Inglaterra, foi Diretor e Presidente do BNDE, Ministro do Planejamento, Senador e Deputado e prestou inigualável contribuição ao debate nacional.


CRÍTICO FERRENHO DA CONSTITUIÇÃO DE 1988

Foi crítico ferrenho da ilusória e demagógica Constituição de 1988. Muitos de seus comentários tornaram-se emendas constitucionais anos depois e demonstram-se urgentes e válidas até o presente momento. Criador do FGTS, do Banco Central, do Banco Nacional de Habitação, das reformas administrativas que modernizaram a gestão pública em 1967, e principalmente, as suas importantes contribuições na política econômica que proporcionou, anos depois, o chamado Milagre Econômico Brasileiro. 


PREGAÇÃO POR 5 DÉCADAS

Ao mesmo tempo em que a biografia de Roberto Campos nos alegra pela singular inteligência e serviços prestados ao país (não há registro na história de um intelectual do seu porte tenha atuado tanto tempo e com tamanha competência na política), ela também nos entristece ao vermos tantas oportunidades perdidas que o Brasil teve em tornar-se um país rico e desenvolvido. Caminho em que Roberto Campos praticamente pregou no deserto por 5 décadas. 


RELATOS 1

O livro expõe 62 deliciosos relatos divididos em três partes: "Roberto por nossos olhos", "Roberto por seus próprios olhos" e "Roberto pelos olhos do futuro". Passo a citar alguns deles:

Gustavo Franco relata uma das Leis Secretas da Economia, livro que escreveu e que deu continuidade a uma das obras de Roberto Campos (A técnica e o riso) que explica muito o desastre que estamos presenciando: "Lei geral do protecionismo: a eficiência competitiva está na razão inversa do grau de intervencionismo governamental".

Alex Catharino aborda as influências da Escola Austríaca na formação de Roberto Campos, em uma interessantíssima abordagem sobre Mises, Hayek, Eugênio Gudin e o compromisso moral da honestidade intelectual na atuação do Economista cuja tarefa deve explicar as consequências da ação humana.

José Luiz Alquéres aborda os inusitados "esbarrões" com Roberto Campos, na sua infância e no desenvolvimento do Setor Elétrico Brasileiro.


RELATOS 2

Rodrigo Constantino expõe como Roberto Campos sempre esteve certo ao defender que a Petrobrás não detivesse o monopólio da exploração de petróleo (provavelmente estaríamos livre do Petrolão) e sobre como uma privatização mais profunda teria beneficiado o Brasil. Até porque, como dito por Roberto "os riscos da incompetência privada são limitados; os erros da incompetência pública, ilimitados."

Gastão Reis detalhou o estrago que o voodoo economics - a Nova Matriz Econômica - no governo Dilma fez ao país. O exercício perverso da política de compadrio, tudo ao contrário de que Roberto Campos estabeleceu na criação do BNDE(S) e pregou no exercício da vida pública.

Paulo Roberto de Almeida expõe como Roberto Campos se aproximou de ser um digno renascentista no exercício da vida diplomática e política, exercendo as qualidades de brilhante economista, mas ao mesmo tempo com enorme capacidade prática de trabalho de transformar a realidade. As propostas de Roberto Campos continuam válidas e urgentes até hoje.

Adolfo Sachsida comenta a criação do FGTS por Roberto Campos, um marco importante na época e as mudanças necessárias para modernizar as leis trabalhistas no país.

Aristóteles Drummond relata as campanhas difamatórias que Roberto Campos sofreu, importantes bastidores da vida política da época, tal como a recusa de Roberto Campos em votar pela cassação de JK, chegando inclusive a oferecer a sua demissão do cargo de Ministro do Planejamento.


AUTOBIOGRAFIA

Na sua autobiografia, "Lanterna na Popa", Roberto Campos menciona que ao entrar no mundo da política percebeu sua ingenuidade: viu que antes de fazer o bem, a tarefa mais importante e urgente era tentar desarmar o mal praticado pelos colegas de profissão.

Conforme também relata na sua autobiografia, Roberto campos fez de tudo para escapar da mediocridade, que sua experiência seria uma lanterna de popa de um pequeno barco que iluminaria apenas as ondas deixadas para trás. Neste prognostico, o profeta do pragmatismo errou: Ele se transformou em um farol para futuras gerações.


AMOR PELO BRASIL

Poderíamos dizer que talvez o Brasil não merecesse ter um Roberto Campos. Assim como Eugênio Gudin desabafou "O Brasil foi o maior amor que tive, e o que mais me corneou". Do ponto de vista estritamente pessoal, talvez Roberto Campos teria uma "vida mais tranquila" se tivesse aceito o convite de Schumpeter ao terminar o mestrado na Columbia University e continuar os estudos em um doutorado em Economia em Harvard. Mas talvez a formação escolástica, teológica e o restinho de quase padre falou mais alto e tentou exorcizar a incompetência política e irracionalidade econômica na condução do país.


MEU RELATO

Na página 119 do LANTERNA NA PROA está publicado o meu relato, com o título: -ROBERTO CAMPOS - HOMEM DO SEU SÉCULO. Eis:

Foi com grande honra que aceitei o convite para participar, com este breve depoimento, da obra que homenageará o inesquecível economista Roberto Campos, a quem tinha na conta de amigo e mestre.
Dentre as suas várias e admiráveis características, uma havia que me chamava especialmente atenção: a de ser ele um homem de seu século, em sua busca pelo desenvolvimento econômico. E boas razões para tal não lhe faltavam. Ao contrário: sobravam, em grande quantidade.
Primeiramente, um esclarecimento: o site Ponto Crítico, que criei e edito diariamente, iniciou as suas atividades no dia 11 de outubro de 2001, ou seja, dois dias após o falecimento de Roberto Campos. Tal decisão / vontade se deu por dois importantes motivos: 1 – O desejo de prestar a minha homenagem ao grande economista liberal e 2 – Dar continuidade, ainda que de forma modesta e muito singela, à sua trajetória, constante e precisa, que teve como baliza evidenciar as vantagens inequívocas do sistema capitalista.
Desde o momento em que escrevi o primeiro editorial do Ponto Crítico, já se passaram mais de 15 anos. E, ainda que publique, sistematicamente, frases e conteúdos produzidos por R. Campos, em todas as datas de aniversário do site (11/10) nunca deixo de prestar a minha homenagem ao nobre e autêntico liberal, publicando um dos seus tantos e sempre oportunos textos.
Conheci-o pessoalmente em março de 1995, em Porto Alegre, quando eu era apresentador de um programa de TV, na emissora Pampa, Canal 4. Na ocasião, o economista veio à capital do Rio Grande do Sul, a convite do IEE – Instituto de Estudos Empresariais –, para participar do VIII Fórum da Liberdade. Na noite anterior ao Fórum, dia 25 de março, tive o prazer de entrevistá-lo ao vivo, junto com Donald Stewart Jr (criador do Instituto Liberal), Eduardo Mascarenhas (psicanalista) e Paulo Francis (jornalista). Como falávamos o mesmo idioma – liberal –, em todas as oportunidades que Campos vinha a Porto Alegre, o nosso bate-papo era certo, assim como a sua participação no programa Pampa Boa Noite, que ia ao ar diariamente, ao vivo, a partir das 22:30hs.
Vale registrar que ao longo das diversas entrevistas que fiz com Campos, o que mais ele apreciava, confessadamente, eram as provocações que eu lhe fazia quanto às reais vantagens do liberalismo. Sem jamais perder o bom humor, de forma sempre muito didática, o economista discorria sobre o tema mostrando o quanto a liberdade é capaz de conferir acertos e o quanto a falta dela impõe resultados danosos para a sociedade.
Nos seus últimos quatro anos de sua intensa vida, sempre dedicada ao desenvolvimento da lógica do raciocínio, conversamos inúmeras vezes. E, em todas, sempre de forma muito objetiva. Lembro bem que, em quase todas as vezes que nos encontramos, Roberto Campos, de forma sempre incansável, repetia: as armas que dispomos para convencer pessoas são os nossos argumentos. Quanto mais claros e precisos, mais efetivos. O que nunca pode existir é a dúvida. Apenas a certeza.
Com base nestes ensinamentos, em 2009, em reunião que contou com alguns economistas – liberais –, resolvemos formar o grupo Pensar+, que integra, atualmente, mais de 60 pensadores com um único objetivo-proposta: produzir conteúdos que mostrem, efetivamente, a relação causa/efeito sobre as decisões e propostas emanadas por aqueles que governam o país.
Não posso deixar de mencionar, nesta breve homenagem, por se tratar de algo muito importante, que um exemplar do livro Lanterna na Popa me foi entregue pessoalmente pelo saudoso Roberto Campos. E das suas memórias copio e repercuto grande parte das profecias que o grande economista liberal fazia quanto aos destinos do país.
Enquanto muitos brasileiros, insuflados pelos brados de maus jornalistas e/ou intelectuais, tidos como formadores de opinião, ainda insistem na falácia de que o maior responsável pelos nossos fracassos é o sistema capitalista, Campos, de forma irretocável, afirmava: – isto só seria possível, embora bastante improvável, depois que o Brasil viesse a praticar o capitalismo. E para que não pairasse qualquer dúvida, o economista completava: capitalismo é algo que não admite adjetivo.
 



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