AVALIAÇÃO DO PRESIDENTE TEMER
No último sábado, 12 de maio, o presidente Temer completou dois anos a frente do governo brasileiro. Ao longo deste período, como mostram todas as pesquisas feitas desde então, a avaliação -ótima ou boa- do seu governo nunca foi superior a 6%, enquanto a -ruim ou péssima- sempre esteve na ordem de 70%.
PESSOA FÍSICA E PESSOA JURÍDICA
Pois, no meu entender, os entrevistados pelos institutos de pesquisa, não conseguem separar o que o presidente Temer fez, em termos de ações/decisões propostas e/ou tomadas ao longo desses dois anos, como -PESSOA JURÍDICA INSTITUCIONAL-, daquilo que representam -suspeições- quanto a eventuais (e sempre possíveis) atos de corrupção envolvendo a figura do presidente como -PESSOA FÍSICA-.
MATRIZ ECONÔMICA BOLIVARIANA
Vejam que no aspecto estritamente GERENCIAL, só o fato de o Brasil ter se livrado da MATRIZ ECONÔMICA BOLIVARIANA, já seria o bastante para que o governo Temer recebesse nota altíssima. Caso o mostrengo fosse mantido o Brasil estaria, inevitavelmente, sendo confundido com a arruinada Venezuela.
LEIS APROVADAS
A partir daí, se forem levadas na devida conta as medidas que o governo Temer conseguiu aprovar para o bem do nosso país, como é o caso da lei do Teto dos Gastos Públicos, da Lei Trabalhista, da Lei das Estatais, da nomeação de técnicos para comandar as empresas públicas, notadamente Petrobrás, BNDES, Banco do Brasil e Eletrobrás, etc., a nota que deveria receber seria algo como 9,9.
ATOS DE CORRUPÇÃO
Mais: gostem ou não do presidente Temer, o fato é que ao longo desses dois últimos anos de seu governo não há registro algum de atos de corrupção praticados nas empresas públicas supracitadas. Observem que todos os casos descobertos e/ou em fase de investigação datam de anos anteriores.
NA MESMA FOSSA
Bom seria se neste breve período de dois anos Temer tivesse conseguido aprovar a Reforma da Previdência. Apesar de ter se esforçado bastante para tanto, a maioria dos deputados federais resolveu empurrar com a barriga aquilo que, indiscutivelmente, representa o MAIOR ROMBO DAS CONTAS PÚBLICAS DO PAÍS.
Ou seja, o povo avaliou o presidente Temer apenas com base nas suspeições de seu (possível) envolvimento em casos de corrupção. O seu governo, que é um dos melhores dos últimos 50 anos, foi colocado na mesma fossa. Pode?
ELEIÇÕES 2018
As eleições deste ano já anteciparam, de forma muito clara, duas situações:
1- a PRÉ-CAMPANHA terá um prazo longo de duração; e,
2- a CAMPANHA, propriamente dita, terá prazo muito curto de duração (apenas 45 dias).
CONVENÇÕES
Como as convenções dos partidos estão previstas para acontecer nos meses de julho e agosto, até lá o ambiente político em todo o Brasil será marcado por muita especulação e grande incerteza.
DESISTÊNCIAS
Vejam, a propósito, que alguns dos atuais pré-candidatos já desistiram antes mesmo do início da efetiva campanha eleitoral. Algo, inclusive, que pode ser repetido, tranquilamente, até a realização das convenções.
DURAÇÃO DAS CAMPANHAS
Observem que nestas -Eleições 2018-, que acontece no dia 7 de outubro (primeiro turno), o início da propaganda eleitoral terá início no dia 16 agosto, enquanto o horário eleitoral através do rádio e televisão inicia no dia 31 de agosto e encerra no dia 4 de outubro. A curta duração, portanto, será de apenas 45 dias.
FINANCIADORES
Considere-se, também, que estas Eleições não contarão com os fabulosos financiamentos das grandes empreiteiras do país, obtidos através da corrupção. Cientes disso, os partidos, a exceção do NOVO, não perderam tempo: garantiram recursos fantásticos de dinheiro público, através do Fundo Partidário.
CRETINICE
Ainda assim, uma coisa é certa e evidente: tudo que aconteceu no ambiente político, notadamente a partir da Lava-Jato, ainda não foi suficiente para acabar com a cretinice da elite empresarial, que sempre se vendeu aos governos, desde o período colonial.
A grande prova está na distribuição sistemática de recursos, onde todos os partidos e/ou candidatos são atendidos. Com isso sempre ficam bem com quem se elegeu.
PROBLEMAS
Ontem enquanto ouvia alguns pré-candidatos à presidência, que se apresentaram no painel que integrou a 22ª Conferência da Unale (União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais), na cidade de Gramado, RS, fiquei ainda mais convencido de que num eventual ranking mundial dos países que mais se dedicam a construir PROBLEMAS, o Brasil estaria nas primeiras colocações.
SOLUÇÕES
Da mesma forma, se alguma instituição se dispusesse a criar um ranking mundial dos países cujos governantes mostrem capacidade de apresentar SOLUÇÕES, o Brasil, certamente, ganharia enorme destaque como um dos mais atrasados e ineficientes.
SÓ HONESTIDADE
Como estamos vivendo um momento em que muita gente está manifestando, através de vídeos gravados, -O BRASIL QUE EU QUERO PARA O FUTURO-, o que a maioria dos brasileiros está dizendo, basicamente, é que os governantes precisam ser (apenas) HONESTOS. Pouquíssimos exigem a necessária COMPETÊNCIA.
ÁLVARO DIAS
Na realidade, o único pré-candidato, dentre os cinco que se apresentaram no painel, que vive num mundo real e disse coisa com coisa, foi Álvaro Dias, do Podemos.
Os demais, Ciro Gomes, do PDT, Guilherme Boulos, do PSOL, e Manuela D'Avila, do PCdoB, foram simplesmente desastrosos. Além de não se constituírem como surpreendentes, deram a impressão que estavam participando de um concurso de estupidez.
ESTUPIDEZ TOTAL
Como um campeão de estupidez, o pré-candidato Ciro Gomes disse -que as famílias Setúbal e Moreira Salles (grupo Itaú Unibanco) colocaram no bolso R$ 9 bilhões, com os dividendos pagos aos acionistas, e não pagaram um centavo de IR. Enquanto isso a classe média é obrigada a pagar 27% na fonte-. Pode?
O pior é que muita gente achou interessante e cabível a estupidez. Mal perceberam que Ciro prega uma bitributação escandalosa, pois a empresa, antes de distribuir o resultado, já pagou todos os impostos.
BOULOS E MANUELA
Outro que se mostrou, como sempre, totalmente fora da casinha, foi Guilherme Boulos. Fiquei engasgado quando ouvi o pré-candidato afirmar que se eleito vai revogar a PEC do Teto dos Gastos. Que tal?
E a Manuela DÁvila? Bem, aí foi a cereja do bolo da estupidez total. A pré-candidata disse, alto e bom tom, que o governo não deveria reduzir os gastos públicos para fazer o ajuste fiscal. Depois de ouvir tamanha besteira, confesso que fiquei com ânsia de vômito.
ÚNICO PROPÓSITO
Volto a insistir, de forma reiterada, no seguinte ponto: a cada editorial que escrevo, desde a existência do Ponto Critico (lá se vão mais de 16 anos e mais de 4000 editoriais), jamais abri mão do COMPROMISSO -ÚNICO-, que é o de produzir conteúdos com ESCLARECIMENTOS que apontem as reais CAUSAS dos graves problemas que transformaram o nosso Brasil (União, Estados e Municípios) num país extremamente INJUSTO E MUITO COMPLICADO.
TUDO PASSA PELO CAIXA
Como tudo, efetivamente tudo, passa necessariamente pelo CAIXA, nada mais importante do que saber para onde vão os recursos obtidos através dos impostos arrecadados em todos os níveis. Mais: as razões principais para o tamanho deste nosso brutal e cada dia maior endividamento público.
CONTAS PÚBLICAS
Para desespero geral, notadamente daqueles que conseguem desenvolver o raciocínio lógico, pouquíssimos brasileiros têm noção de que governos POPULISTAS não tem compromisso algum com as CONTAS PÚBLICAS. Assim, quando a situação se torna insustentável e/ou impagável, tratam de 1- aumentar impostos; e, 2- aumentar dramaticamente a DÍVIDA PÚBLICA (imposto a prazo). Simples assim.
PREVIDÊNCIA SOCIAL
Como os leitores sabem, de forma reiterada e quase que cansativa, dediquei inúmeros editoriais para explicar que a responsabilidade maior (não exclusiva) pelos nossos imensos problemas é a conta -impagável- da PREVIDÊNCIA SOCIAL. Tanto da União (INSS e SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS) -, quanto da PREVIDÊNCIA dos SERVIDORES ESTADUAIS e MUNICIPAIS.
CAUSA INTACTA
Quando se vê (e ouve) muita gente reclamar dos buracos das ruas, da falta de atenção com a saúde, educação e segurança, por exemplo, fica muito claro que todos olham exclusivamente para a CONSEQUÊNCIA. A grande CAUSA, que impede o conserto dos buracos e uma melhor atenção aos serviços públicos, permanece absolutamente INTACTA.
FOLHAS DE SERVIDORES
De novo: pouquíssimos brasileiros se dispõem a entender que o dinheiro dos impostos (que não é pouco), por força de LEIS PÉTREAS é destinado, em primeiro lugar, para atender as privilegiadas FOLHAS DE SALÁRIOS DOS SERVIDORES INATIVOS, ou APOSENTADOS. Como já não sobra quase nada, pois este custo vem aumentando dramaticamente, o povo fica sem os serviços públicos e as cidades ficam em petição de miséria.
GASTOS DOS ESTADOS COM PREVIDÊNCIA
Como me deparei com a seguinte matéria publicada no Estadão de hoje, com o título - Gastos dos Estados com Previdência de servidor cresceram 111% desde 2005-, achei que ela pode ajudar no esclarecimento do quanto é urgente e inadiável a REFORMA DA PREVIDÊNCIA. Eis:
Em pouco mais de dez anos, os gastos dos Estados com a Previdência dos servidores saltaram 111% em termos reais (descontada a inflação), muito acima do crescimento econômico do período, que ficou em 28%. Os desembolsos saltaram de R$ 77,3 bilhões em 2005 para R$ 163 bilhões no ano passado.
Para o economista Raul Velloso, autor do levantamento, os números mostram que o rombo da Previdência pública é um problema muito mais grave do que o déficit do INSS, que cuida da aposentadoria dos trabalhadores do setor privado.
O estudo de Velloso, que usou como base informações prestadas pelos governos estaduais ao Ministério da Fazenda, traça um cenário dramático para o futuro. Mas essa preocupação está longe da agenda dos pré-candidatos à Presidência, que, pelo menos por enquanto, estão focados apenas no INSS.
Para José Roberto Afonso, pesquisador do Ibre/FGV, porém, "não faz o menor sentido" reformar o INSS e não tratar dos servidores estaduais. "Tem de contemplar todas as esferas de governo, por razões de igualdade, individual e federativa."
Segundo Velloso, os gastos com aposentadoria são o "problema número um" da crise fiscal dos Estados. Isso porque a tendência desses gastos na última década sugere que a crise fiscal poderá bater à porta de todos os Estados. De 2005 a 2016, Sergipe, Piauí e Santa Catarina registraram os maiores crescimentos nos gastos, conforme o estudo - que será apresentado hoje no Fórum Nacional, organizado pelo economista no Rio.
Em 2016, Sergipe gastou R$ 1,5 bilhão com aposentadorias, ante R$ 278 milhões em 2005, em valores da época, uma explosão de 456% em termos nominais, sem descontar a inflação.
Os dados mostram ainda que esses gastos vinham crescendo de forma explosiva, independentemente da recessão e do colapso fiscal. "Mesmo que não tivéssemos tido a recessão, estaríamos em situação explosiva", disse Velloso, completando que, ao derrubar a receita dos governos, a recessão "veio agravar fortemente o que já era ruim".
Segundo o economista, o principal motivo do avanço exponencial dos gastos é o envelhecimento da população, que aumenta tanto o número de aposentados quanto o tempo durante o qual eles receberão a pensão. Conforme dados da Secretaria de Previdência do Ministério da Fazenda, os sistemas de Previdência dos servidores estaduais atendem 4,7 milhões de pessoas - 2,7 milhões são funcionários da ativa, enquanto aposentados e pensionistas somam 2 milhões.
Para o subsecretário dos Regimes Próprios de Previdência Social da Secretaria de Previdência, Narlon Gutierre, os gastos dos Estados com aposentadorias na última década ainda foram impulsionados por reajustes generosos nos salários.
Após emenda aprovada no primeiro governo Lula, funcionários públicos perderam tanto a paridade quanto o salário integral, mas os servidores contratados antes de 2003 mantiveram esses direitos. Como parte relevante dos aposentados é de antes de 2003, a paridade fez as despesas com pensões acompanharam o movimento dos reajustes da ativa. "Teve um problema de gestão da política de pessoal. Os governos foram muito generosos", disse Gutierre.
ASSUNTO DE INTERESSE PÚBLICO
Nos últimos dias, um assunto que tem rendido muita dúvida e inúmeros comentários é a venda que o governo do Rio Grande do Sul fez, no mês passado, de um lote de 26 milhões de ações do Banrisul, em leilão realizado na Bovespa. Nesta operação, como já foi amplamente noticiado, o governo gaúcho arrecadou R$ 484,9 milhões.
IPO
O que mais chamou a atenção do mercado, principalmente da mídia, é o fato de o governo do RS ter declarado, reiteradas vezes, que a venda deste lote de ações, que excedem o percentual que estabelece o controle acionário do Banrisul nas mãos do Estado, se daria na forma de OFERTA PÚBLICA DE AÇÕES (IPO).
VALOR BAIXO
Entretanto, como a cotação dos papéis do Banrisul estavam com valor baixo, o governo do RS achou por bem suspender temporariamente a operação, que voltaria a ser anunciada tão logo houvesse uma boa recuperação dos preços.
VOLTARIA AO ASSUNTO
Com isso, o que todos esperavam é que tão logo as cotações atingissem um valor mais atraente o governo voltaria ao assunto informando, com grande publicidade, o interesse de dar continuidade à operação de venda do lote anteriormente definido e devidamente anunciado.
DONOS?
Pois, o que menos foi informado pela pobre mídia gaúcha (que insiste, de forma muito ingênua, em dizer, e influenciar, que o povo do RS é dono do Banrisul), é o destino que o governo deu, de forma integral, dos quase R$ 485 milhões arrecadados com a venda das ações.
PASSOU EM BRANCO
Enquanto as atenções se voltaram, exclusivamente, para o fato do governo ter resolvido, sem dar satisfação alguma, que havia retomado, na surdina, o interesse de vender as ações, o detalhe mais importante, que deveria ter sido alvo de grande interesse do povo, simplesmente foi desconsiderado. Passou em branco.
CRIME INAFIANÇÁVEL
No meu entender o governo ACERTOU ao não dar publicidade quanto ao interesse de retomar a venda dos papéis do Banrisul, pois tal providência acabaria por provocar queda nas cotações. Da mesma forma o governo ERROU ao utilizar 100% do valor que arrecadou com a venda das ações para pagar DESPESAS DE PESSOAL. Usar RECURSOS DE INVESTIMENTO para atender DESPESAS soa como CRIME INAFIANÇÁVEL.
BUSCANDO RESPOSTAS
Quando me preparo, diariamente, para escrever os editoriais do Ponto Critico, antes de tudo tento encontrar uma mesma resposta, sem sucesso, sobre os motivos que levam tantos brasileiros a manifestar uma irrestrita paixão por líderes e/ou partidos socialistas, mesmo depois de tanto escancaramento dos arrasadores efeitos que a todo o momento são mostrados em todos os países que insistiram, e insistem, com a péssima ideia.
O SUPLÍCIO DA RECUPERAÇÃO
Pois, neste último final de semana, de forma quase que obcecada, sempre tentando encontrar a inalcançável resposta, me deparei com um bom artigo escrito pela economista Monica Bolle, com o título -O SUPLÍCIO DA RECUPERAÇÃO-, que a revista Época publicou na semana passada.
ASCENSÃO DE LULA NAS PESQUISAS
Monica Bolle inicia o seu texto dizendo que há pouco mais de um ano escreveu um artigo que foi publicado pelo Peterson Institute for International Economics, no qual tentava explicar, para não brasileiros, a ascensão de Lula nas pesquisas eleitorais e por que ele haveria de se manter na liderança, apesar de tudo em que se metera.
ÍNDICE DE MAL-ESTAR
O argumento era mais ou menos assim: economistas têm uma métrica para avaliar o sofrimento econômico da população. A métrica chama-se “O ÍNDICE DE MAL-ESTAR”, que nada mais é do que a soma da TAXA DE DESEMPREGO com TAXA DE INFLAÇÃO.
TORNAR O BRASIL GRANDE DE NOVO
Argumentei em fevereiro de 2017 que Lula era o único presidenciável que conseguia transmitir a sensação de que seria possível “tornar o Brasil grande de novo”, ou make Brazil great again. Afinal, durante seu governo, os índices de mal-estar foram estáveis e relativamente baixos se comparados às médias históricas. Em 2007, logo antes da crise financeira, a inflação estava na meta (4,5%) e o desemprego andava na faixa dos 9%, ou seja, o índice de mal-estar era de 13,5%.
ATÉ 2014
Permaneceu próximo desse patamar até 2014, embora a composição tenha se alterado bastante. No fim do primeiro mandato de Dilma, a inflação subira para 6,4%, enquanto a taxa de desemprego caíra para 6,8%. Há quem ache — eu, inclusive — que a estabilidade do índice, sobretudo a taxa de desemprego relativamente baixa, garantiu a reeleição. De lá para cá, vimos catástrofe.
2015
Em 2015 o mal-estar brasileiro registrou 19,2 pontos — desemprego de 8,5% e inflação de 10,7% —, caindo para 15,7% ao final de 2017. A composição, mais uma vez, fez a diferença: a taxa de desemprego permanecera elevada (12,7% para a média do ano), enquanto a inflação surpreendera positivamente (2,95%). A queda da inflação e o fim da recessão trouxeram ao país uma onda de euforia nos mercados. Analistas revisaram para cima suas projeções sobre o crescimento de 2018, todos comemoravam a sorte e a fortuna. Sorte, pois, na ausência das principais reformas que haviam passado mais de ano implorando para que o governo fizesse, não houve turbulência ou forte desagrado. Investidores estrangeiros continuavam enviando recursos para o país e tudo caminhava como se os problemas de fundo tivessem desaparecido. Embalados pela ilusão, fizeram pouco caso das pesquisas que continuavam a mostrar a descrença da população, enraizada na popularidade de Lula — o mesmo Lula que havia caído em desgraça.
DIFÍCIL SUSTENTAR A RETOMADA DA ATIVIDADE
No artigo que escrevi em fevereiro de 2017, disse que seria difícil sustentar qualquer retomada da atividade, pois fôlego na economia não havia — a produtividade era demasiado baixa, a recessão deixara sequelas, e o país, como sempre, continuava isolado do resto do mundo. Argumentei, também, que as incertezas que inevitavelmente persistiriam no cenário político acabariam por impedir grandes reformas capazes de propelir o crescimento. Tudo isso foi antes do episódio na garagem do Jaburu. Passado pouco mais de um ano, assistimos ao enfraquecimento da recuperação econômica e à revisão de cenários dos analistas, e vimos que a incerteza não haverá de se dissipar tão cedo. A inflação continua baixa, mais pela incapacidade do país em gerar crescimento do que qualquer outra coisa. O desemprego? Bem, esse infelizmente voltou a subir. Em março de 2018 o índice de mal-estar da economia brasileira estava estacionado em 15,7 pontos, dessa vez com uma taxa de desemprego de 13,1% e com tendência de alta.
INFLAÇÃO ALEIJA, MAS O DESEMPREGO MATA
Parafraseando Mario Henrique Simonsen, a inflação aleija, mas o desemprego mata.
É possível que, para a população que não tem tempo de ficar fazendo exercícios de projeções econômicas, ou mesmo refletindo sobre os rumos do Brasil, o quadro desalentador de 2015 fosse melhor do que este que temos agora. Afinal, a recuperação veio, mas os empregos ainda não estão aí.
Não escrevo essas linhas apenas como economista. Como economista, bem conheço as defasagens que influenciam o desemprego, a inflação, a atividade. Mas o eleitor, esse que responde a pesquisas de opinião, não está interessado nas explicações de por que 2015 na verdade foi pior do que o quadro que se apresenta hoje. Para o eleitor, pouco importam as defasagens. O que realmente interessa é que essa recuperação está sendo um verdadeiro suplício, e o preço será pago nas urnas.