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ÂNCORA FISCAL E MONETÁRIA EM RISCO - 15.02.23


Estamos perdendo âncora fiscal e monetária, diz Solange Srour, economista-chefe do Credit

 

Solange argumenta que seria um erro que o CMN alterasse os alvos já na reunião do dia 16 deste mês, devido às incertezas em torno da política fiscal

 

O aumento das metas de inflação pode ampliar a desancoragem das expectativas, prejudicar a credibilidade do Banco Central (BC) e, no limite, exigir uma retomada do ciclo de aperto monetário. A avaliação é da economista-chefe do Credit Suisse no Brasil, Solange Srour, que vê uma ameaça à confiança na economia do País, especialmente diante da piora de perspectivas para a política fiscal e da falta de sinais sobre a âncora que substituirá o teto de gastos.

 

“Estamos voltando a um mix de perda de âncora fiscal e monetária ao mesmo tempo, que não é um mix bom de se estar”, afirma, em entrevista ao Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. “Se a meta de inflação for elevada de forma que ninguém mais acredite que vai ser cumprida no seu centro, ou se começarmos a acreditar que o BC não vai ter mais autonomia de fato, porque a qualquer momento o Conselho Monetário Nacional (CMN) pode mudar a meta de novo, esse mix acaba gerando uma perda muito grande e rápida da confiança na economia.”

 

Solange argumenta que seria um erro que o CMN alterasse os alvos já na reunião do dia 16 deste mês, devido às incertezas em torno da política fiscal. Para a economista, uma elevação dos alvos a um nível entre 4% e 4,5% poderia deslocar as expectativas de inflação ao topo da meta caso não haja certeza sobre o arcabouço que vai orientar as contas públicas.

 

O Credit Suisse espera que o IPCA atinja 5,8% este ano (6,4% caso a cobrança de impostos federais sobre combustíveis seja retomada) e fique em 4% no ano que vem, em um cenário que considera a manutenção da meta em 3%. “Essa projeção vai mudar se a meta for mudada. Rapidamente”, diz. Confira os principais trechos da entrevista:

 

Qual a sua avaliação sobre a discussão em torno das metas de inflação?

Quando você tem um risco fiscal elevado, e ele já começa a afetar as expectativas de inflação, a discussão de aumentar a meta de inflação é muito contraproducente, porque desancora ainda mais as expectativas e deixa a sensação de que há uma tentativa de puxar a Selic (taxa básica de juros) para baixo na marra. É contraproducente, porque estamos começando a colher os frutos do juro real alto em termos de desinflação, mas vem uma discussão sobre mudança de meta em um momento em que estamos sem âncora fiscal e com uma incerteza muito grande sobre a sustentabilidade da dívida.

 

Existe um nível razoável para se aumentar a meta?

Eu acho que não. Acho que qualquer mudança da meta vai acabar gerando a sensação de que, mesmo sem uma âncora fiscal, vamos tentar forçar a queda da Selic. Mesmo que seja 3,5%, vai trazer a sensação de que há uma tentativa de puxar a Selic para baixo, ainda que as expectativas continuem desancoradas. Se for 4% ou 4,5%, acho que é muito pior, porque a reação do mercado vai ser de elevar ainda mais as expectativas de inflação, e isso pode acabar até levando o BC a ter de subir os juros.

 

O CMN deveria antecipar a decisão sobre as metas para diminuir a incerteza ou aguardar a apresentação do novo arcabouço fiscal?

Se a decisão do CMN for chegar na quinta-feira (da semana que vem) e dizer que as metas estão mantidas, seria superpositivo, diminuiria a incerteza e o resultado seria uma melhora da confiança de que as metas vão ser cumpridas, ainda que não imediatamente. Agora, se a decisão é elevar a meta, eu não sou a favor de fazer isso logo, sem antes dar alguma sinalização sobre o fiscal. Porque isso vai ser visto como voluntarismo, de tentar forçar uma queda da Selic sem ter nenhum tipo de previsibilidade. Além de aprovar a regra fiscal, o governo vai precisar mostrar como essa regra vai ser cumprida de fato, quais são os mecanismos de controle de gastos que vão impedir que essa regra seja modificada.

 

O que uma elevação das metas implicaria para as expectativas do mercado?

Tudo depende de qual vai ser a meta e se vão mudar o intervalo de tolerância. Se a meta for para 4% ou 4,5%, mesmo com o intervalo de tolerância sendo mantido em 1,5 ponto porcentual, acho que as expectativas ainda têm mais a subir e vão buscar o topo da meta. Se além de tudo ainda se mudar o intervalo para dois pontos, a situação vai ficar muito ruim, sinalizando que se busca um topo mais alto ainda. Se fosse apresentada antes não só a regra fiscal mas também um meio de se alcançar a meta fiscal, as expectativas poderiam não ir logo para o topo da meta.

 

Podemos voltar a um equilíbrio próximo ao do governo Dilma, quando as expectativas se situavam sempre no teto da meta?

Estamos voltando a um mix de perda de âncora fiscal e monetária ao mesmo tempo, que não é um mix bom de se estar. Até essas iniciativas de tentar constranger o BC, não tínhamos âncora fiscal, que se foi na PEC da Transição. Se perdermos a âncora monetária, se a meta de inflação for elevada de forma que ninguém mais acredite que será cumprida no seu centro, ou se começarmos a acreditar que o BC não vai ter mais autonomia, esse mix acaba gerando uma perda muito grande e muito rápida da confiança na economia. Foi o que vimos justamente em 2015: essa perda de confiança gera mais inflação via câmbio e expectativas desancoradas; um juro mais alto na curva, mesmo que a Selic fique constante; e uma desaceleração do PIB. É um mix bastante inflacionário e recessivo.


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PAULO GUEDES TINHA RAZÃO - 14.02.23


Por J.R. Guzzo, publicado no jornal O Estado de S. Paulo

 

Saíram, afinal, os dados oficiais do Banco Mundial para o desempenho da economia em 2022 e lá está: o Brasil cresceu mais que a China, pela primeira vez em 42 anos. O ex-ministro Paulo Guedes já havia dito exatamente isso, em suas estimativas sobre a performance da economia brasileira no ano passado; foi sepultado por uma avalanche de reações indignadas por parte dos economistas de esquerda, analistas de grandes bancos e mais do mesmo, todos convencidos de que o Brasil não iria crescer nada, ou algo assim. Não só erraram na previsão; previram o contrário do que aconteceu. É claro que nenhum deles fará qualquer esforço sério para entender o que houve, e isso garante que a qualidade das suas análises continuará a mesma de sempre. Fazer o quê? O mundo das previsões econômicas é assim mesmo. A vida continua.

Vale a pena registrar, em todo caso, que os números do Banco Mundial colocam mais um prego no caixão em que está enterrada a eterna desculpa de Lula quando assume a Presidência da República — a de que recebeu uma “herança maldita” do seu antecessor. Em todas as vezes que disse isso, a realidade dos fatos era precisamente a oposta. Na verdade, Lula recebeu um país muito bem arrumado do ponto de vista econômico, levando-se em conta as circunstâncias mundiais e o efeito devastador que dois anos de covid e de “fique em casa” tiveram no sistema de produção do Brasil. A inflação, abaixo de 6% ao ano, é menor que a da Europa e dos Estados Unidos. A taxa de desemprego, em 2022, recuou para cerca de 8% — o melhor índice desde 2014. As reservas internacionais estão acima de US$ 320 bilhões. As exportações bateram mais um recorde. Os índices de miséria, segundo o mesmo Banco Mundial, são os menores em vinte anos. As empresas estatais, que segundo Lula estão “destruídas”, lucraram mais de R$ 250 bilhões no ano passado. (Quem levou a Petrobras à beira da falência foram os governos de Lula e Dilma.) Vem, agora, a confirmação do crescimento econômico — 3,1% em 2022, um dos mais altos do mundo num momento ruim para todos.

“Herança maldita”? Onde? Herança maldita, na vida real, foi a que os governos do PT deixaram para Michel Temer em 2016 — uma economia em ruínas, com a maior recessão que este país já teve em sua história. Temer, denunciado como “golpista” por Lula, simplesmente reconstruiu o Brasil destruído por Lula e Dilma; fez o  contrário, precisamente, do que é acusado de ter feito. Os números reais, de qualquer maneira, não vão desaparecer só porque Lula inventa uma situação que não existe. Ficarão aí para sempre — e logo mais, queira ele ou não queira, começarão a ser comparados com os números do seu governo. A população brasileira terá, então, a oportunidade de ver com os seus próprios olhos o que o novo presidente tem a apresentar no mundo das realidades.


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SEM VIRTUDES, SEM VALORES E SEM VERGONHA - 13.02.23


Por Percival Puggina 


Com freqüência, lemos textos que nos trazem à mente um quase refrão: “Gostaria de ter escrito isso!”. Pois foi o que pensei ontem, diante de algo que lia. E segui sentindo essa identidade com o pensamento do autor até perceber que era um texto meu... Perdoem-me por me “recitar” novamente. No entanto,o artigo me pareceu tão válido aos dias de hoje, embora escrito em 2013, que eu o reproduzo aqui, convidando os leitores a refletir sobre o tema abordado.

 

O rufo de tambores que ouvimos mundo afora é de uma declarada guerra, nada santa, contra a influência do cristianismo na Filosofia, no Direito, na Cultura e nos valores morais dos indivíduos. Guerra de um projeto totalitário pela completa abolição dessa influência.

Até os militantes do ateísmo, sabem que: 1º) é quase impossível "desconverter" os indivíduos de uma fé em Deus para uma fé no Nada absoluto; 2º) é inaceitável pela imensa maioria das pessoas a ideia de um Direito cuja moral seja irrelevante, ou que ignore os princípios e valores compartilhados pelos membros da sociedade.

Diante de tais e tão grandes dificuldades, os militantes do ateísmo cultural, combatentes da revolução cultural, propuseram-se a algo muito mais sutil – querem esterilizar a moral nos próprios indivíduos. Como? Convencendo-os de que os princípios e valores que adotam são, na origem, tão religiosos, e por isso mesmo tão particulares, quanto a própria religião que porventura professem. Integrariam então, tais valores e princípios, aquele foro íntimo no qual se enquadrariam a própria religião e suas práticas. Pronto! Segundo o princípio da laicidade do Estado, só teriam vigência na vida privada. Não faltam pessoas religiosas para entrarem com os dois pés nessa armadilha. Por isso, o projeto totalitário avança.

 

As investidas contra os símbolos religiosos são apenas a ponta do rabo do gato. O felino inteiro é muito mais malicioso e malévolo. O que de fato pretende é laicizar a cultura, as opiniões em geral e, principalmente, os critérios de juízo e decisão (os meios do poder). Toda a conversa fiada sobre supostas infrações à devida separação entre o Estado e a Igreja, tão ouvida nas falas do STF, precisa ser entendida como aquilo que de fato é: atitude de quem adotou o Estado, e só o Estado, por fonte de todo bem. Assumiu-o como baliza perfeita para o certo e o errado, e vertente dos valores que devem conduzir a vida social.

 

Convenhamos, é uma tese. Mas – que diabos! – qual é, precisamente, a moral do Estado? Na prática, a gente conhece porque a conta é nossa.  Na teoria, é a que a sociedade “majoritariamente” determinar, excluída a parcela realmente majoritária, que moldou a civilização ocidental porque esta, como se viu acima, só pode ter expressão na vida privada e resulta inadmissível perante a laicidade do Estado, etc., etc., etc.. Portanto, cale-se!

Tal linha de raciocínio não resiste ao primeiro safanão. Precisa de reforços e apoios propiciados pelo relativismo moral, um de seus subprodutos. Cabe a este filho do pós-modernismo mostrar que a moral majoritária é apenas uma das tantas que andam por aí através do tempo, do espaço e da miséria humana. Saem às ruas, então, representações desse nada admirável mundo novo:  marcha das vadias, marcha pela maconha, marcha pelo aborto.  Uma TV do Estado apresenta show das putinhas aborteiras, militantes partidários dançam pelados na Câmara Municipal de Porto Alegre ou fazem sexo com símbolos religiosos no Rio de Janeiro.

 

Escandalosos? Escandalosos perante qual senso moral? O totalitarismo pós muro de Berlim, o totalitarismo do século XXI, precisa do ateísmo cultural e do relativismo para derrogar o cristianismo presente na cultura de tantos povos. A nova ordem, o mundo novo, o all-in-one de Imagine não se constituirão numa sociedade que creia em algo anterior, superior e posterior a si mesma. Não há como esse novo poder global não ser totalitário! A democracia se extingue naturalmente quando destruídos os valores que a fundamentam, pelo simples fato de que não se sustenta numa sociedade política sem princípios, sem valores e sem vergonha.


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SIGILO NÃO IMPEDE PENSAR - 10.02.23



Por Percival Puggina
        
         O Diário do Comércio, em matéria de 7 de fevereiro, aborda o sigilo imposto pelo governo federal sobre as imagens de vandalismo no Palácio do Planalto.

O jornal havia pedido, via Lei de Acesso à Informação, a íntegra das imagens registradas pelas câmeras de segurança internas e externas do sistema do Palácio do Planalto durante os atos de vandalismo. Contudo, o Gabinete de Segurança Institucional informou “não ser ‘razoável’ divulgar informações que exponham métodos, equipamentos, procedimentos operacionais e recursos humanos da segurança presidencial”. E acrescentou, ainda segundo o jornal, que as imagens solicitadas já estão sendo utilizadas no âmbito de processo investigatório para a elucidação dos eventos do dia 8 de janeiro. Cópias dos vídeos foram encaminhadas para o Exército e para a Polícia Federal (PF), que apuram o episódio.

Ora, qualquer brasileiro medianamente atento à história das últimas décadas, se meramente observasse as cenas em preto e branco, ausentes os símbolos nacionais das vestimentas, saberia a quem atribuir aquela brutalidade gratuita e irracional. Por isso, resguardada a segurança dos poderes de Estado, seria importante a divulgação do conteúdo restante, até para desfazer a ideia corrente, sempre descartada pelas manifestações oficiais, de que houve uma infiltração, quando não, até um favorecimento aos lamentáveis, incivilizados e vexatórios eventos.
 

O sigilo não impede as pessoas de pensar.
 

E esse está se tornando um problema recorrente no novo modelo de exercício do poder político no país: para coibir as respectivas expressões, pretende-se coibir pensamentos e emoções...


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AMIGOS DE LULA ATACAM O ERÁRIO COM A VORACIDADE DE UM CARDUME DE PIRANHA - 09.02.23


Por J.R.Guzzo - Estadão de 08/02

 

 

O sobrinho do presidente Lula, com todos os seus 19 anos de idade, acaba de ganhar um emprego público no governo de Sergipe; rende, com os penduricalhos somados, 7.500 reais por mês. A nomeação foi por “critérios técnicos”, disseram os responsáveis. Aparentemente, o público sergipano não pode abrir mão dos serviços do rapaz, embora não seja possível determinar que tipo de trabalho, na prática, ele vai fazer – sua função é ser assessor.
 

A neta do falecido chefe terrorista Carlos Marighella fez melhor. Levou o cargo de presidente da Fundação Nacional de Artes, a notória Funarte – uma escolha realmente esquisita, neste momento em que o governo Lula em peso, o Supremo Tribunal Federal e toda a esquerda brasileira denunciam furiosamente o terrorismo como a maior ameaça que o País já teve pela frente. A mulher do compositor Chico Buarque também faturou uma assessoria, no BNDES; pelo que deu para entender, é alguma coisa com cara de “direito internacional”.
 

A lista vai por aí afora. Tudo bem: o assalto geral às bocas da máquina pública é uma prerrogativa de quem é declarado vencedor da eleição pelo TSE. Mas a voracidade de cardume de piranha com que os amigos de Lula vêm atacando o erário é algo nunca visto. O governo mal começou e as coisas já estão assim. Onde vão estar daqui a mais um mês, ou quatro anos?
 

Não existe, desta vez, a menor preocupação em disfarçar alguma coisa – ao contrário, os presenteados fazem festa e, se for possível, vão querer mais empregos ainda, para si mesmos e para os amigos. Quem não sabe, por exemplo, da mina a céu aberto que são os conselhos das empresas estatais? Isso sem falar das diretorias em si dessas empresas, que podem ser ocupadas, agora, por qualquer pessoa que o presidente queira nomear; estima-se, por alto, que haja cerca de 600 cargos disponíveis para consumo imediato.
 

Há, também, os novos ministérios inventados por Lula. Como não existiam antes, terão obrigatoriamente de fornecer empregos para começar a funcionar; já estão, aliás, fazendo exatamente isso. Acima de tudo, há a certeza absoluta da impunidade. Vão aparecer reclamações aqui e ali, e as notícias sobre a farra serão publicadas na imprensa. Mas quem é que está ligando? Um terço dos ministros que assumiram em 1º. e janeiro têm problemas com a justiça, que vão de dívidas não pagas a peculato e corrupção; uma ministra, inclusive, tem cinco milicianos do Rio de Janeiro em seu círculo mais próximo. Todos têm 100% de certeza que ninguém vai encostar neles. Não poderia ser diferente, num governo que não pronuncia, simplesmente, a palavra “corrupção” – e num país em que falar no assunto pode levar quem falou a ser acusado de “atos antidemocráticos”. Está tudo liberado.


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O NAVIO FANTASMA - 08.02.23


 

Por Percival Puggina
 
         Passei quatro anos apontando a coesão da velha imprensa na oposição ao governo Bolsonaro. Durante todo o período, de modo ininterrupto, essa mídia, o STF e o TSE protagonizaram a oposição. Sempre vi nisso um descomunal favorecimento a quem chegasse contra o governo na eleição presidencial. Em 15 de abril de 2021, por 8 votos a 3, o Supremo proporcionou a zebra e – surpresa! – em outubro, deu Lula.
 
Transcorrido apenas um mês de governo, o que assistimos é um cavalo-de-pau e a volta ao passado. Quem falar pelo governo – seja Lula, qualquer de seus ministros ou parlamentar, personagens do segundo escalão ou dirigentes do partido – gasta mais tempo atacando o governo que saiu do que promovendo o governo que entrou. No petismo isso é genético. Por definição, seu adversário não presta, tem que ser permanentemente atacado e ter sua reputação assassinada a sangue frio. Contudo, sublinhe-se a bem da inverdade: o PT é contra discurso de ódio e seus sucessos são vitórias do amor... Lula, Lula! De algum lugar Deus está te vendo.
 
Quando falam sobre temas de gestão, trabalhos de casa, tarefas a cumprir, daquilo, enfim, para o que são pagos, a situação fica ainda pior. As manifestações soam como estertores do passado: controle social da mídia, desarmamento, favorecimento do aborto, revogação da Lei do Teto de Gastos e ruptura com princípios básicos da estabilidade monetária, volta dos lesivos e escandalosos empréstimos internacionais pelo BNDES. Chegou? Não, tem mais. Fim da autonomia do Banco Central, guerra às privatizações, revogação dos preceitos da Lei das Estatais que impedem seu aproveitamento para fins políticos e partidários (o que barrou a corrupção e representou o retorno à lucratividade dessas instituições). E por aí vai o navio fantasma que, como um zumbi, emergiu de funduras abissais e estacionou, tenebroso, na Praça dos Três Poderes.
 
A mídia, mesmo a ativista, não está tão comprometida com a sandice como para passar recibo a esse futuro totalmente comprometido com o pretérito.  Pudera! Até quem viaja nas cabines de luxo sabe que vai beber água salgada se o navio bater num iceberg ou nos rochedos de um arquipélago tropical. Então, em meio à intensa replicação das narrativas, começam as críticas feitas como se quem critica não tivesse qualquer responsabilidade com a escolha do comandante Lula para jogar o Brasil contra os rochedos, como o comandante Schettino fez com o navio de cruzeiro Costa Concórdia.


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