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JUROS, FREIO E CONTRAPESOS - 19.06.23


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Por Dagoberto Lima Godoy, advogado, ex-presidente da Fiergs

 

Além do governo em guerra contra o Banco Central, empresários e suas entidades insistem em reclamar contra os juros altos (entenda-se, contra a taxa básica ou Selic). Perfeitamente compreensível, tendo em vista o obstáculo que os custos financeiros representam para o desenvolvimento de seus negócios. Quando tive mandato para falar em nome dos industriais gaúchos também muito critiquei a então chamada “âncora dos juros”, mas sempre associei o reclamo à necessidade de eliminar a causa do problema, ou seja, a falta das indispensáveis reformas institucionais e o excesso de gastos governamentais. 

Hoje, diante de um governo que explicita sua volúpia gastadora, colocando isso às claras no tal de “arcabouço fiscal”, mais do que nunca se faz imperioso apontar a falácia de políticas fiscais que não levam a sério, para dizer o mínimo, os riscos inflacionários e os males que a desvalorização da moeda causa, especialmente às pessoas de menos posses. Há que se apontar o exemplo da Argentina, em suas recidivas de descontrole monetário, bem como recordar o desastre da “nova matriz econômica” do governo Dilma, e os consequentes desastres econômicos. Não fossem suficientes essas amargas experiências, basta sentir na carne as dificuldades que hoje nos assolam, em decorrência da enxurrada de dinheiro que os governos do mundo todo utilizaram para compensar as estratégias do “fique em casa,” que paralisaram e desorganizaram a economia mundial.

Maldizer os juros altos tem sua inegável razão, mas quando rondam o ministério da economia eflúvios de uma tal TMM (Teoria Monetária Moderna), que consagra déficits sem limite, os reclamos deveriam, mais que nunca, vir sempre acompanhados pelas justas denúncias dos desmandos perdulários de um estado sem freios fiscais e -- ai de nós -- sem contrapeso de poderes.