Artigos

04 nov 2016

PAINÉIS INFORMATIVOS


Compartilhe!           

EDUCÔMETRO

Da mesma forma como em algumas cidades já existem os -IMPOSTÔMETROS-, ou painéis que atualizam, diariamente, o quanto os brasileiros já desembolsaram com pagamento de impostos ao longo do ano, faz-se necessário, com urgência, que sejam disponibilizados, por exemplo,  -EDUCÔMETROS-, -SEGURÔMETROS- e -SAUDÔMETROS-, para que o povo possa acompanhar o nível dos serviços prestados pelo governo nas áreas de Educação, Saúde e Segurança.

 

 


QUALIDADE DE SERVIÇOS

Aliás, se for levado em conta que a sociedade exige dos seus governantes que a aplicação do dinheiro arrecadado com IMPOSTOS seja utilizado para a melhoria constante da SAÚDE, EDUCAÇÃO E SEGURANÇA, bom seria se os painéis mostrassem, além do valor pago em IMPOSTOS, a quantidade e a qualidade de bons serviços que os governantes, em contrapartida, efetivamente entregaram ao povo.

 

 


O QUE MAIS FALTA

Como se sabe, ao povo brasileiro, infelizmente, só cabe o DEVER de pagar IMPOSTOS. Já aos  governantes cabe apenas o DIREITO de prestar os serviços básicos (Educação, Saúde e Segurança) que, por sinal, aparece na Constituição como DEVER governamental. Pode?


ANO LETIVO INEXISTENTE

Mesmo pra lá de conscientes de que a SEGURANÇA PÚBLICA vai de mal a pior, assim como acontece também com a SAÚDE PÚBLICA, o que mais vem chamando a atenção, nos últimos dias, é o descaso, ou crime, que o Estado e maus estudantes estão cometendo com a nossa paupérrima EDUCAÇÃO.

Atenção:  já estamos em novembro e até agora só pouco mais de 20% das aulas do ano letivo foram ministradas. Ou seja, em 2106 (assim como já aconteceu em 2015) a EDUCAÇÃO PÚBLICA não se fez presente para o bem do país. Só para a má formação, porque o ano letivo foi suprimido do calendário estudantil. E para piorar ainda mais a situação, todos os alunos serão aprovados. Que tal?  


ARTIGO DE FERNANDO SCHULER

A propósito, como inúmeras escolas públicas foram INVADIDAS por maus estudantes, cujos cérebros foram destruídos pela EDUCAÇÃO IDEOLÓGICA DO ATRASO, eis o oportuno artigo escrito pelo pensador (Pensar+) Fernando Schuler, publicado na revista Época, com o título:  QUEM NOS SALVA DA ANA JÚLIA? Ou: - Faz sentido ocupar escolas públicas e interromper na marra o ano letivo em função de um debate democrático no Congresso Nacional?

 


QUEM NOS SALVA DA ANA JÚLIA?

As ocupações começaram em São Paulo, no ano passado, contra a organização por ciclos proposta pelo governo; depois foram para o Rio de Janeiro, contra o sistema de avaliação do ensino, o Saerj. Em Goiás elas eram contra a parceria com as organizações sociais. Agora são contra a PEC 241 e a reforma do ensino médio, e se concentram no Paraná. O motivo vai mudando, mas o ambiente em que elas acontecem é sempre o mesmo: a rede pública. Na rede privada ninguém parece disposto a perder uma aula de matemática.

Nossos revolucionários de colégio público apresentam-se como um movimento de resistência. Ninguém expressou melhor essa imagem do que a estudante Ana Julia Ribeiro na tribuna da Assembleia Legislativa do Paraná. Com a voz embargada, ela garante que o movimento é apartidário e que a preocupação é com as futuras gerações. É possível que seja verdade. Com mais de um milhão de views, no Youtube, quem diria que não?

De minha parte, vou na contramão. É quase sempre o que acontece quando os astros do politicamente correto se alinham. Me dá um mal estar. A sensação de que essa mistura de ideologia e violência termina sempre do mesmo jeito. Na cena que vi nesta segunda-feira em Brasília: os políticos em festa e a turma da periferia de Curitiba sem aula. Foi o que eu ouvi de um pai de aluno com ar de cachorro molhado, sem 10% do charme de Ana Julia, perguntando pra ninguém: “e quando eles vão recuperar os dias parados?”

Minha interpretação é a seguinte: esta onda de ocupações de escolas é um caso exemplo do que o biólogo americano Garrett Hardin chamou de “tragédia dos comuns”. É o mesmo fenômeno que leva à poluição dos oceanos e ao desmatamento da Amazônia. Alguém vai lá e toma conta do espaço público, jogando lixo ou cortando árvores para fazer madeira e deixa a conta para todo mundo pagar.

Nas escolas públicas funciona mais ou menos do mesmo jeito. A turma tem uma ideia na cabeça: o combate à reforma do ensino médio, mas poderia ser o MBL a favor da privatização das escolas ou ainda todos contra o bruxo Voldemord, de Harry Potter. Não importa. O pessoal vai lá e ocupa um espaço público. Promove sua agenda, aparece no jornal, faz capa de revista. O prejuízo fica pra todo mundo pagar. Prejuízo nos dias parados, na escola quebrada, na guerra que pode levar, em um situação extrema, à morte de um adolescente.

Quando a estudante Ana Julia acusou os deputados de terem as “mãos sujas de sangue” pela morte do estudante Lucas era exatamente isto que ela estava fazendo. O movimento que ela representa criou o contexto no qual o adolescente perdeu sua vida. O “custo” de sua atitude, porém, é socializado para os deputados, para o “estado”, pra todo mundo que der na telha da Ana Júlia.


Lucas Mota era um garoto tímido e boa praça. Filho único da Monique, feita viúva muito jovem e dona de uma loja no Bairro Santa Felicidade, em Curitiba. Lucas não cometeu erro nenhum. Foi vítima de um “contexto”. Seu colega foi na cozinha da escola e pegou uma faca. A sala dos professores havia se transformado em alojamento da ocupação. Alguém podia se perguntar como uma coisa dessas pode acontecer em uma escola? Também me pergunto, ainda que seja inútil. Todo mundo sabe a resposta. É nossa tolerância ao delito e ao truque retórico que o justifica. A morte do Lucas é uma tragédia sem volta para Monique. Mas é apenas um “acidente” para a turma das ocupações. Um pequeno custo encaramos numa boa e logo esquecemos, enquanto Ana Julia vira heroína no Facebook.

A pergunta relevante é por que diabos nossa sociedade tolera que escolas públicas sejam ocupadas por ativistas adolescentes e virem um campo de guerra? Por que aceitamos que a lógica banal da tragédia dos comuns se instale em nossos colégios e substitua o espaço regulado do dissenso democrático?

Não acho que a resposta seja fácil. Alguns dirão que é preciso ocupar escolas exatamente porque não há uma verdadeira democracia, no Brasil. Intuo que, para estas pessoas, uma verdadeira democracia seria aquela em que sequer seria cogitada uma proposta como a PEC 241. É possível. A democracia nunca é perfeita pra quem já sabe das coisas.

Minha resposta vai por outro caminho. Intuo que, lá no fundo, nossa elite pensante tolera isto pela mesmíssima razão que o faz com a tragédia de nosso ensino público: a conta vai para os filhos dos outros. É inútil, mas gosto de me perguntar o que aconteceria se ocupações como estas, por qualquer razão que seja, ocorressem no colégio Bandeirantes, em São Paulo, ou no colégio São Bento, no Rio de Janeiro. A turma bacana perdendo aula, chupando “bala” de LSD na sala dos professores, pegando faca na cozinha do colégio.

Ok, é ridículo pensar nessas coisas. Escola privada tem dono, os pais pagam a conta, ficam em cima, e não ia demorar meia hora pra polícia acabar com a bagunça. Não tem conta nem custo nenhum a ser socializado. Não tem essa da Ana Julia perguntando “de quem é a escola?”, como se não soubesse que ela é de todos e não de quem é favor ou contra a PEC 241.

No fundo vem daí o mal estar. Ao menos o meu mal estar. A sensação do truque. Do País malandro que parece trata o “direito à ideologia” como um valor mais importante do que o direito à educação. Em que um debate democrático no Congresso seja aceito como justificativa para transformar espaços públicos em terra de ninguém. Que acha bacana quando um grupo de adolescentes entra numa escola e simplesmente interrompe na marra o ano letivo. Tudo de um jeito seletivo. Com a conta indo para os mais pobres, que não tem como se proteger da Ana Julia e seu desejo de salvar o País da PEC 241.