PENSAR+
Sempre faço questão de repetir que o Pensar+ foi constituído baseado num propósito: produzir conteúdos que tenham como objetivo o constante esclarecimento da relação CAUSA/EFEITO de tudo aquilo que é proposto e/ou decidido pelos nossos governantes.
CAUSA E CONSEQUÊNCIA
Esta preocupação nasceu da inconformidade com os meios de comunicação, cuja maioria, sem o menor cuidado e conhecimento, dá notícias, informações e opiniões que confundem CAUSA com CONSEQUÊNCIA. Com isso, um grande número de leitores, ouvintes e telespectadores, acaba formando opinião equivocada ou incompleta sobre vários assuntos.
REDES SOCIAIS
Por certo, por mais que os pensadores do PENSAR+ consigam produzir conteúdos, sobre os mais variados temas, sabe-se que com o crescimento espetacular das Redes Sociais, a leitura de tudo que é dito escrito é praticamente impossível. Entretanto, como o esclarecimento depende de conteúdos capazes para tanto, torna-se necessária e imprescindível a produção e a publicação de textos.
PREVIDÊNCIA
Daí a razão pela qual insisto, aproveitando os sérios estudos produzidos pelos pensadores, Ricardo Bergamini e Darcy Francisco dos Santos, quanto à necessidade de uma REFORMA DA PREVIDÊNCIA. Vejam que a maioria dos periódicos tratam deste importante tema sem dar esclarecimentos suficientes. O que leva muita gente a não se convencer do grave problema e, principalmente, quais os REAIS RESPONSÁVEIS PELOS CONTINUADOS E CRESCENTES ROMBOS NAS CONTAS PÚBLICAS.
SUBSTITUIÇÃO DA MATEMÁTICA PELA IDEOLOGIA
A propósito: o economista Fabio Giambiagi, com total clareza e muito certeiro diz: - Quem afirma que a REFORMA DA PREVIDÊNCIA pode ser evitada com uma reclassificação contábil, não entendeu a essência da questão. Ou entendeu e substituiu a matemática pela ideologia.
ARTIGO DO IVES GANDRA MARTINS
Também a propósito, eis o texto produzido pelo pensador e jurista Ives Gandra Martins, com o título -OS QUATRO CAVALEIROS DO APOCALIPSE-, que foi publicado na Folha de S. Paulo no mês passado:
Como nos filmes, começo este artigo informando que qualquer semelhança do que vou escrever com pessoas ou governos é mera coincidência.
Em dois livros meus, “Uma breve teoria do poder” e “A queda dos mitos econômicos”, edições esgotadas, procurei mostrar que quem busca o Poder, na esmagadora maioria dos casos, pouco está pensando em prestar serviços públicos, mas em mandar, usufruir ou beneficiar-se do governo. Prestar serviços públicos é um mero efeito colateral, não necessário. Com maior ou menor intensidade, tal fenômeno ocorreu em todos os períodos históricos e em todos os espaços geográficos.
É bem verdade que a evolução do Direito e da Democracia, nos dois últimos séculos, tem permitido um certo, mas insuficiente, controle do exercício do poder pelos quatro cavaleiros do apocalipse - o político, o burocrata, o corrupto e o incompetente -, razão pela qual as nações encontram-se permanentemente, em crise. A “Utopia” de Moore, a “República” de Platão e “A cidade do sol” de Campanella exteriorizam ideais para um mundo, em que a natureza humana seria reformada por valores que, embora vivenciados por muitos, raramente são encontrados nos que exercem o poder.
1- O POLÍTICO, na maior parte das vezes, para alcançar ascensão na carreira, dedica-se exclusivamente à “desconstrução da imagem” dos adversários. Tem razão Carl Schmitt, em sua teoria das oposições, ao declarar que o político estuda o choque permanente entre o “amigo” e o “inimigo”. Todos os meios são válidos, quando o poder é o fim. A ética é virtude descartável, pois dificulta a carreira.
2- O BUROCRATA, que, como dizia Alvim Toffler, é um “integrador do poder”. Presta concurso público para sua segurança pessoal, porém, mais do que servir ao público, serve-se do público para crescer e, quanto mais cria problemas para a sociedade, na administração, mais justifica o crescimento das estruturas governamentais sustentadas pelos tributos de todos os contribuintes. Há países que se tornaram campeões em exigências administrativas, as quais atravancam seu desenvolvimento, apenas para justificar a permanência desses cidadãos.
3- O CORRUPTO, ou seja, aquele que se beneficia da complexidade da burocracia e da disputa política, enriquecendo-se no poder, sob a alegação de necessidade de recursos, algumas vezes, para as campanhas políticas e, no mais das vezes, “pro domo sua”. Apesar de Montesquieu, ao cuidar da tripartição dos poderes, ter dito que o poder deve controlar o poder, porque o homem nele não é confiável, quando em todos eles há corruptos, o poder não controla a corrupção.
4- O INEPTO, que conforma o quadro da esmagadora maioria dos que estão no poder, é aquele que, incapaz do exercício de uma função privada na qual teria que competir por espaços, prefere aboletar-se junto aos poderosos. São os amigos do rei. Não sem razão, Roberto Campos afirmava que há no governo dois tipos de cidadãos, “os incapazes e os capazes de tudo”. Quando espocam escândalos de toda a forma, quando a corrupção torna- se endêmica, quando o processo legislativo torna-se objeto de chantagem, quando a mentira é tema permanente dos discursos oficiais, quando a incompetência gera estagnação com injustiça social, percebe-se que os quatro cavaleiros do Apocalipse estão depredando a sociedade e desfigurando a pátria que todos almejam.
Felizmente, o Brasil é uma nação que desconhece os quatro cavaleiros do Apocalipse, pátria em que todos são idealistas e incorruptíveis, razão pela qual este artigo é uma mera digressão filosófica.