REMUNERAÇÃO
É mais do que sabido e percebido que os sindicatos e associações de professores do ensino público do nosso país dizem, à exaustão, que os mestres são muito mal remunerados. Como a sociedade brasileira em geral é fácil de ser enganada, basta algum sindicalista dizer uma besteira para que a maioria dê ouvidos e se convença de que, realmente, os professores são muito mal remunerados.
TODOS APAVORADOS
Pois, independente da má qualidade do ensino público, coisa mais do que suficiente para afirmar que só o fato de prestar um mau serviço já seria o bastante para não haver remuneração alguma, eis, por exemplo, o que aconteceu no ano passado (2015), no RS: os alunos do ensino (???) público tiveram menos do que 25% das aulas previstas para todo o ano escolar. E mesmo assim, pasmem, todos foram aprovados, ou seja, passaram de ano. Pode?
BARBÁRIE ESCOLAR
Para piorar ainda mais, só pelo que aconteceu até agora neste ano (2016), em termos de greves e paralisações do ensino público estadual, a barbárie vai se repetir. Provavelmente, com índice ainda menor de carga escolar. E a sociedade, como sempre muito tonta, acredita que os dias parados serão recuperados. Creem nisto sem perceber que sequer há dias suficientes para tanto, mesmo que os professores resolvessem trabalhar 24 horas por dia.
GASTAMOS MUITO, PAGAMOS POUCO
Pois, para aqueles que ainda acreditam que os nossos mestres são mal remunerados, recomendo a leitura do artigo escrito por Cláudio de Moura e Castro, publicado na Veja desta semana. Castro fez um levantamento muito propício: gastamos muito e pagamos pouco! Mais: o mistério é desvendado pela coleção de burrices nas fórmulas de remuneração.
APOSENTADORIAS PRECOCES
Mais ainda: no ano passado, após trabalharem 25 anos, os brasileiros não estavam muito longe do fim da vida. Mas hoje, aposentados com 50 anos (ou menos) os professores têm uma esperança adicional de vida próxima de 25 anos. Ou seja, na média, eles passam tantos anos aposentados quanto ensinando (?).
FAÇAMOS AS CONTAS
Agora façamos as contas: - Durante os 25 anos de ensino, os professores estão sob regras aparentemente generosas, mas no fundo perversas. Os 45 dias de repouso subtraem 37,5 meses. As licenças-prêmio, a cada cinco anos, tiram mais 12 meses; os 25 recessos natalinos reduzem a carreira em 8,3 meses; 10 faltas anuais por saúde somam 8 meses.
COMPARANDO COM A CLT
Em comparação com um empreguinho CLT, diz Moura Castro, são 6 anos a menos de trabalho, ou seja, os professores trabalham o equivalente a 19 anos. Ah, quem fizer mestrado e doutorado poderá sair da sala de aula por 72 meses. Duas gestações rendem mais 12 meses. Quatro candidaturas a vereador dispensam da aula por mais 12 meses. Resumindo: quem usar todas as dispensas legais deixará de ensinar por 13,5 anos. Esse seleto grupo trabalha 11,5 anos na sala de aula e recebe durante 38,5 anos (13,5+25 anos).
Que tal? Eu estou convencido de que ganham demais e fazem quase nada.