Por Roberto Rachewsky
Dizem que o socialismo é uma ótima ideia que não funciona na prática. Ora, tudo que não funciona na prática, é uma péssima ideia. Dizem que o socialismo carrega boas intenções, mas os fatos históricos provam que em todos os lugares em que foi implantado, os resultados foram o oposto do que havia sido prometido. Dizem que o socialismo quando não dá certo, não foi implementado como deveria ter sido.
Não é nada disso.
O socialismo funciona. No entanto, ele não é o que apregoam seus defensores. Socialismo é um sistema social,no qual um pequeno grupo de homens brutais implementaideias concebidas por místicos seculares para proveito próprio. Quem detém o monopólio do poder coercitivo,drena e concentra nas suas mãos, a riqueza gerada pelo setor produtivo. Para os que mandam, o sistema não apenas funciona, é o melhor que alguém poderia ter inventado.
Nos séculos XVIII e XIX, notadamente com a criação dos Estados Unidos da América, a primeira república constitucional a reconhecer que os seres humanos possuem direitos individuais inalienáveis e que o papel do governo deveria limitar-se a protegê-los daqueles que buscavamviolá-los, o capitalismo se tornou realidade.
Capitalismo é o sistema social desenhado para que homens racionais e produtivos pudessem interagir entre si de forma livre, espontânea e voluntária, criando e trocando o que fosse necessário para a prosperidade individual e a formação deuma sociedade civilizada.
Em menos de 200 anos, o capitalismo fez com que mais de 85% da população mundial saísse da pobreza. A melhora do padrão de vida não foi apenas quantitativa. As inovações tecnológicas permitem que, nos dias atuais, um homem pobre viva mais e melhor do que reis de outrora com suas riquezas acumuladas com o colonialismo e o mercantilismo.
Socialismo há de duas formas: o comunismo, no qual o Estado é proprietário dos bens de produção, aí incluídas as vidas dos pobres-coitados que trabalham sob esse regime de opressão; e, o fascismo, no qual a iniciativa e a propriedade privadas são concessões estatais controladas, reguladas e tributadas por governos mais ou menos autoritários.
A experiência socialista já soma mais de 100 anos, semprecom os mesmos resultados. Tiranos pilham quem produz edividem com seus associados. Quem foi pilhado vive das sobras e a imensa maioria vive na mais absoluta miséria material, intelectual e espiritual. O socialismo é podre naraiz. De Lênin a Maduro, os socialistas aniquilaram mais de100 milhões de vidas. Com quantas os socialistas brasileiros contribuirão para essa contabilidade tétrica?
Por Percival Puggina
Mas é infâmia de mais!... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares.
Castro Alves, Navio Negreiro
As perguntas que farei perturbam meu sono e são comuns ao cotidiano de milhões de cidadãos brasileiros. Como não ser assim, se a nação se dilacera e degenera, o sectarismo se empodera, a burrice impera, o crime prospera, a política se adultera, a Têmis se torna megera e os omissos somem ou dormem? Só eu acordo nas madrugadas pensando nesses motivos pelos quais 41% dos brasileiros (1), entre os quais 55% dos nossos jovens (2), só não desistem do Brasil por não terem condições financeiras de arrancar as folhas de um passado sem esperança e redigir seu futuro noutro lugar?
Os responsáveis por isso conseguem dormir? A nação se inquieta pela apatia de representantes omissos que tanto lhe custam. Como é insignificante, aliás, a relação custo/benefício, somados o mal que fazem e o bem que deixam de fazer! Como conciliam o sono e a culpa? A que destroços, a cupidez e a conveniência pessoal em condomínio com a injustiça reduziram tais almas? Elas simplesmente somem dos plenários quando, da tribuna, algum de seus pares lhes cobra pela apatia e a destruição das instituições!
No entanto, a realidade que vemos é sinistra. O Estado se agiganta perante a sociedade a que deveria servir. A juventude recebe uma educação de qualidade vexatória, últimos lugares nos rankings internacionais do PISA e da OCDE; a cultura nacional está degradada e o próprio QI dos brasileiros, por falta de estímulos, pode estar em regressão. Há décadas, os discípulos de Paulo Freire controlam e tornam cada vez mais sectária a educação nacional, transformando-a numa fábrica de ignorantes miseráveis, com as bênçãos do Estado. Quem escapa dessa máquina de moer cérebros prospera e vira réu no tribunal da desigualdade!
Resultado: chegamos a setenta e cinco milhões de seres humanos dependendo da assistência social do Estado. Do Estado? Sim, sim, o ente causador de todo esse mal aceita sem qualquer constrangimento posar de benfeitor. A pergunta que poucos fazem é: “Se o culpado não for o Estado, quem haveria de ser?”. Certamente a culpa não pode ser imputada a quem decide investir, correr riscos, gerar empregos, pagar salários e ser extorquido com impostos, taxas, contribuições. Essa pergunta derruba século e meio de mentiras sobre os sucessos do socialismo.
Eu quero o meu país de volta! Eu o vi antes, imperfeito, mas humano. Não era uma Suíça, mas era um país amável. O Brasil tinha boa reputação. Hoje é um país de má fama. Eu o quero moderno, mas com aqueles bens do espírito e naquele ânimo nacional que se comoveu e se moveu solidário quando as águas cobriram o abismo no Rio Grande do Sul. Eu quero de volta a energia inusitada que, durante oito anos, saudoso do “meu Brasil brasileiro, mulato inzoneiro”, me levou para cima dos carros de som a verberar corruptos, defender a liberdade e resistir à perdição de uma nação.
Impossível não evocar os versos finais de Navio Negreiro, esbravejados por Castro Alves, se vejo avançar o poder da Casa Grande, a se refestelar em folguedos e extravagâncias, enquanto garroteia direitos de cidadãos outrora livres.
(1)
https://www.cnnbrasil.com.br/politica/polarizacao-politica-41-dos-brasileiros-mudariam-de-pais-se-pudessem-diz-quaest/
(2)
https://g1.globo.com/economia/midia-e-marketing/noticia/2022/08/17/55percent-dos-jovens-brasileiros-deixariam-o-pais-se-pudessem-diz-pesquisa.ghtml