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O TANGO - 16.08.23


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Por alex Pipkin

 

Há uma popular frase na Argentina sobre o característico tango: “é um pensamento triste que se pode dançar”. Oh, tango, simbolizando a melancolia e a tristeza, decerto uma paixão.
Uma genuína melancolia imortal para os argentinos.
Talvez, também por isso, eles estejam “bem” acostumamos com o sempre presente, e assolador, peronismo.
Peronismo é sinônimo de coletivismo e, portanto, de populismo, uma política do fracasso para seduzir as massas.
Traz no seu bojo, o engodo do Estado do bem-estar social, com forte sindicalismo e, assim, a ampliação do Estado, com estatização de empresas, e um ambiente repleto de “benefícios” para a classe trabalhadora. 
Por meio deste tipo de projeto de poder, nacionalista ao extremo, e anti-mercado, redistribui-se a renda dos reais criadores de riqueza, aumentando - artificialmente - a capacidade de consumo das pessoas, mas e objetivamente, tendo como corolário a inflação nas alturas.
Tango e peronismo estão incrustados nos ares que os hermanos respiram, o peronismo presente em quase todas as correntes doutrinárias argentinas.
Não é por mero acaso que o processo inflacionário por lá seja a única coisa constante.
No presente, com a turma de Alberto Fernández e Kirchner, a taxa de inflação alcançou patamares estelares. O bondoso Estado gasta muito mais do que arrecada, sendo assim financiado por empréstimos e por emissão de moeda.
A receita do desastre é singela: Estado inchado, com forte intervencionismo na economia, farra e gastança governamental, populística, impactando pesada e negativamente na taxa de inflação.
A credibilidade e o peso argentino, faz tempo, não valem um vintém.
Javier Milei foi o mais votado nas eleições primárias de ontem.
Algumas manchetes traziam as palavras “surpreendente vitória“. 
Evidente que eu não acho, mas claro que é previsível que na melancolia argentina muitos possam avaliar como tal.
Milei é um conservador que se autodenomina como sendo um anarcocapitalista. 
Não sendo um esquerdista-populista, qualquer um faria o que Milei está propondo para estancar a sangria em azul e branco. Quer cortar os gastos governamentais e reduzir impostos, entre outras medidas saneadoras.
Vejo que muitos por aqui festejam sua vitória nas primárias.
Sem dúvida, seria um alento para as liberdades individuais e econômicas, desviando-se da rota do fracasso do Estado do bem-estar social e do câncer do excessivo intervencionismo estatal.
Confesso que a melancolia hermana, nesta questão, apossou-se de mim.
Macri, aparentava, tinha a mesma intenção, porém, não teve força política, procrastinou e foi engolido pelo eterno peronismo. As garras e a gigantesca boca do Estado grande o abraçaram e o deglutiram.
Sou comedido. Os argentinos adoram o tango, e o peronismo, embora muitos queiram deixá-lo, esse não sai deles. Parece que os hermanos têm vasta vocação para o canto populista e a servidão.
Gostaria muito de estar enganado. A costumeira garra e coração argentinos parece estar reservada somente para os gramados de futebol.
Não tem havido demonstrações de que, de fato, a garra e o coração deles atuem no sentido de abandonar a ilusão peronista e, definitivamente, compreenderem que o caminho para o crescimento econômico e social sustentável, passa pela rota do Estado necessário, das liberdades individuais e econômicas, pela tributação justa e, na economia, pela liderança do setor privado, criando emprego, renda e riqueza, e gerando às soluções inovadoras para os consumidores e para toda a sociedade argentina.
Não sou tão otimista - ou realista?
Por lá, há muitos “justiceiros sociais”, que hablan español!
De mais a mais, eles veneram o melancólico… o tango.