Por Roberto Rachewsky
Porto Alegre já foi conhecida como “a capital da vanguarda do atraso”. Subordinados a uma mentalidade anticapitalista, avessa à livre iniciativa e à propriedade privada, os políticos,que governaram a cidade por décadas, optaram pela decadência, em detrimento do desenvolvimento econômico e social. Em 1988, místicos ligados à nova seita pós-moderna do ambientalismo, promoveram uma manifestação na qual milhares de ativistas se postaram ao longo do Rio Guaíba para protestarem contra a urbanização da orla. O “abraço”simbólico, uma espécie de reza que os membros dessas seitas ideológicas costumam fazer, não funcionou e a orla foi urbanizada. Acredito que muitos desses “xiitas do meio-ambiente” se sentam nos gramados ou nas arquibancadas na orla para desfrutar do novo cartão-postal da cidade, tomandoseu chimarrão, aplaudindo o pôr-do-sol e tirando selfies,como faz todo “socialista-de-iphone”.
Lembro que a palavra “ecologia” deriva da junção dos termos gregos "oikos", que significa “casa”, e "logos", que quer dizer "estudo". Ecologia é um ramo da biologia, especializado em estudar a fauna e a flora que compõem o bioma de determinada região geográfica. Bioma também é conhecido por habitat. Porto Alegre situa-se entre dois biomas característicos: o Pampa, caracterizado por extensasplanícies com coxilhas cobertas por campos que cobrem a região sul da América do Sul; e, a Mata Atlântica, formada por floresta tropical que segue a costa em direção ao norte do Brasil.
Poderíamos dizer que entre esses dois biomas naturais, há um terceiro, uma espécie de bioma urbano, idealizado, construído e desenvolvido com o propósito de servir dehabitat aos seres humanos. Neste bioma, se destacam as áreas nas quais os porto-alegrenses “abraçaram” o rio Guaíba de verdade ao expandirem a cidade através dos aterros sobre os quais foram construídos entre outras benfeitorias, o Mercado Público, o Cais Mauá, o Gigante da Beira Rio, o Centro Administrativo, o Shopping Praia de Belas e o Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, cuja remodelação provocou a ira dos seguidores da seita do ambientalismo e a paralização das obras com a cumplicidade de juízas do judiciário estadual, até que um desembargador liberou o andamento das obras, afastando o misticismo ideológico, fazendo justiça e trazendo racionalidade onde ela tem feito tanta falta.