Por Fernanda Estivallet Ritter
Empreender é a arte de transformar uma ideia em negócio. Sem saber ao certo se a ideia é brilhante o suficiente para dar certo, o empreendedor inicia uma jornada em que a incerteza será sempre sua maior certeza.
Antes mesmo de ter seu cartão de visitas, ele já se depara com o primeiro desafio: a burocracia de abrir uma empresa. O empreendedor não sabe, mas esse será o passo inicial de uma caminhada que será acompanhada pela mão pesada do Estado.
Empreender é para os resilientes. Naturalmente, aqueles avessos a risco tremem ao pensar nos desafios e nas responsabilidades de ter uma empresa. Noites sem dormir, empregos para manter, infinitas contas para pagar, complexas legislações para seguir e sobre as quais se atualizar, altíssimo custo trabalhista e carga tributária incompreensível.
Isso porque o Estado impõe seu peso sobre aqueles que querem gerar riquezas, produzir e inovar em nosso país. Estado esse ineficiente, onipresente e hipertrofiado, que retarda e inviabiliza o desenvolvimento e atrapalha o livre mercado.
Atualmente, empreender é arriscar a própria pele de maneira ainda mais exponencial. O governo brasileiro ameaça cada vez mais avançar nas carteiras daqueles que geram riqueza. Há um verdadeiro furor arrecadatório na atual gestão pública. A reforma tributária, vista como uma oportunidade de melhorar essa condição, não pode simplificar a estrutura fiscal apenas “para inglês ver”. É preciso ir além e diminuir a carga dos impostos.
Com instabilidade econômica, insegurança jurídica, juros altos e ameaça constante de aumento de impostos, ser empresário no país tem se tornado uma atividade cada vez mais insana. Além de assustar o empreendedor local, esse cenário afugenta potenciais investidores externos e atinge de forma ainda mais forte os microempreendedores.
Para que os empresários possam voltar a ter as noites de sono perdidas somente com os anseios de manter o seu negócio e gerar mais riqueza e empregos, é preciso que nosso Brasil tenha uma reforma tributária bem feita, juntamente com uma reforma administrativa, que reduzam de fato o tamanho e o peso do Estado sobre quem realmente faz a economia rodar
Por Percival Puggina
Mas é infâmia de mais!... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares.
Castro Alves, Navio Negreiro
As perguntas que farei perturbam meu sono e são comuns ao cotidiano de milhões de cidadãos brasileiros. Como não ser assim, se a nação se dilacera e degenera, o sectarismo se empodera, a burrice impera, o crime prospera, a política se adultera, a Têmis se torna megera e os omissos somem ou dormem? Só eu acordo nas madrugadas pensando nesses motivos pelos quais 41% dos brasileiros (1), entre os quais 55% dos nossos jovens (2), só não desistem do Brasil por não terem condições financeiras de arrancar as folhas de um passado sem esperança e redigir seu futuro noutro lugar?
Os responsáveis por isso conseguem dormir? A nação se inquieta pela apatia de representantes omissos que tanto lhe custam. Como é insignificante, aliás, a relação custo/benefício, somados o mal que fazem e o bem que deixam de fazer! Como conciliam o sono e a culpa? A que destroços, a cupidez e a conveniência pessoal em condomínio com a injustiça reduziram tais almas? Elas simplesmente somem dos plenários quando, da tribuna, algum de seus pares lhes cobra pela apatia e a destruição das instituições!
No entanto, a realidade que vemos é sinistra. O Estado se agiganta perante a sociedade a que deveria servir. A juventude recebe uma educação de qualidade vexatória, últimos lugares nos rankings internacionais do PISA e da OCDE; a cultura nacional está degradada e o próprio QI dos brasileiros, por falta de estímulos, pode estar em regressão. Há décadas, os discípulos de Paulo Freire controlam e tornam cada vez mais sectária a educação nacional, transformando-a numa fábrica de ignorantes miseráveis, com as bênçãos do Estado. Quem escapa dessa máquina de moer cérebros prospera e vira réu no tribunal da desigualdade!
Resultado: chegamos a setenta e cinco milhões de seres humanos dependendo da assistência social do Estado. Do Estado? Sim, sim, o ente causador de todo esse mal aceita sem qualquer constrangimento posar de benfeitor. A pergunta que poucos fazem é: “Se o culpado não for o Estado, quem haveria de ser?”. Certamente a culpa não pode ser imputada a quem decide investir, correr riscos, gerar empregos, pagar salários e ser extorquido com impostos, taxas, contribuições. Essa pergunta derruba século e meio de mentiras sobre os sucessos do socialismo.
Eu quero o meu país de volta! Eu o vi antes, imperfeito, mas humano. Não era uma Suíça, mas era um país amável. O Brasil tinha boa reputação. Hoje é um país de má fama. Eu o quero moderno, mas com aqueles bens do espírito e naquele ânimo nacional que se comoveu e se moveu solidário quando as águas cobriram o abismo no Rio Grande do Sul. Eu quero de volta a energia inusitada que, durante oito anos, saudoso do “meu Brasil brasileiro, mulato inzoneiro”, me levou para cima dos carros de som a verberar corruptos, defender a liberdade e resistir à perdição de uma nação.
Impossível não evocar os versos finais de Navio Negreiro, esbravejados por Castro Alves, se vejo avançar o poder da Casa Grande, a se refestelar em folguedos e extravagâncias, enquanto garroteia direitos de cidadãos outrora livres.
(1)
https://www.cnnbrasil.com.br/politica/polarizacao-politica-41-dos-brasileiros-mudariam-de-pais-se-pudessem-diz-quaest/
(2)
https://g1.globo.com/economia/midia-e-marketing/noticia/2022/08/17/55percent-dos-jovens-brasileiros-deixariam-o-pais-se-pudessem-diz-pesquisa.ghtml