Por Rodrigo Constantino
Todo o truque do sistema contra o bolsonarismo consiste em rotular de "trama golpista" o que era discussão sobre a interpretação do Artigo 142 da Constituição. Esse truque fica muito claro quando lembramos que são as mesmas pessoas que chamam as manifestações patrióticas de "atos golpistas". Ora, o que há de golpe em se manifestar contra o resultado de uma eleição suspeita?
Em qualquer democracia do planeta que mereça esse nome, o povo tem total direito de contestar o resultado eleitoral. Mas para o consórcio no poder, o simples ato de criticar o processo eleitoral virou sinônimo de "ataque à democracia". Ao forçar a barra dessa maneira, o sistema acabou revelando a farsa e por isso parcela significativa da população não cai na narrativa de "trama golpista".
Para dar mais credibilidade ao discurso, tiveram que incluir um suposto plano para matar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes, além de Flavio Dino, o que tornou tudo mais surreal ainda. Ninguém sério está comprando a valor de face essa ladainha toda, e por isso o Jornal Nacional teve que publicar um teatro patético dos bastidores da "reportagem", o que fez tudo parecer ainda mais artificial. É o BBB News, ou a morte do jornalismo...
Quem quer que tente convencer o público de que havia uma normalidade institucional no país, e Bolsonaro simplesmente não aceitou a derrota nas urnas, terá um desafio homérico para responder algumas questões básicas. Por exemplo: o que o ministro indicado pelo Lula quis dizer quando sussurrou ao ouvido de Alexandre de Moraes as palavras "missão dada, missão cumprida"? Por que Barroso confessou que derrotou o bolsonarismo num convescote dos comunistas da UNE, sendo ele um suposto juiz imparcial? Por que o TSE foi atrás apenas de veículos de comunicação que davam espaço para conservadores, como a Jovem Pan, e censurou somente influenciadores de direita? E tem mais, muito mais...
Todo brasileiro minimamente atento já percebeu que o sistema vem perseguindo Bolsonaro faz tempo. O ex-presidente ficou inelegível por conta de uma reunião com embaixadores! Lula, condenado em três instâncias por nove juizes e desembargadores com "provas sobradas", ficou elegível por um malabarismo supremo, e Gilmar Mendes ainda se gaba: não fosse o STF, Lula não estaria de volta ao poder, ou à cena do crime, como diria Alckmin.
Que militares possam ter discutido o que fazer diante de uma situação dessas é algo bastante natural. Afinal de contas, existem mecanismos dentro das quatro linhas previstos para algo assim. A própria Dilma chegou a sondar com o general Villas Boas a possibilidade de decretar estado de sítio. Um jurista do renome de Ives Gandra Martins, presente na promulgação da Constituição de 1988, já deu seu parecer sobre o artigo 142.
Reduzir isso tudo a "tramas golpistas" não passa, portanto, de uma narrativa de quem deu o verdadeiro golpe. E como Trump venceu e a chapa vai esquentar, o sistema tem pressa - e muita "criatividade". Quer porque quer afastar o bolsonarismo da disputa eleitoral de 2026, além de imobilizar as Forças Armadas, como fez a ditadura venezuelana. Tem método. E o povo está vendo tudo isso, não vai cair nessa narrativa tosca. Por isso a repressão ditatorial vai ter que aumentar, infelizmente. Ninguém está acreditando no teatro do STF e da Globo...