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25 mai 2010

SENTIMENTO IDÊNTICO


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REPERCUSSÃO
Diante da repercussão do editorial de ontem, quando discorri sobre a saturação do crédito no país, no médio prazo, vejo que cometi um engano: imaginei que muitos leitores ignorariam o meu alerta dizendo que é preciso ser otimista. Nada disso, gente. O que aconteceu é que precisei responder quase uma centena de mensagens repletas de pura concordância de que a cobra está se aprontando para fumar.
PRAZO
Alguns leitores menos confiantes até acreditam que o prazo de dois anos que dei para que a saturação se confirme é exagerado. Principalmente, porque muitos consumidores que tenham renda suficiente para continuar pagando as prestações, não mais o farão porque o saldo a pagar, dos bens duráveis adquiridos a prazo, é maior do que o valor de mercado dos mesmos. O bastante, obviamente, para desistir do compromisso.
SERVIÇO DA DÍVIDA
Para completar o raciocínio vejam o que diz o levantamento feito recentemente pela LCA Consultores: as famílias brasileiras gastam, em média, 18% de sua renda com o chamado serviço da dívida (soma das prestações assumidas e juros pagos ao sistema financeiro). Essa parcela, segundo a LCA e a lógica do raciocínio, é muito alta (nos EUA é 15%). O suficiente para afirmar que a corda está ficando esticada e não vai aguentar por muito tempo.
CARGA TRIBUTÁRIA
Leve-se em consideração que a nossa carga tributária deve chegar, em 2010, em 40,15%. Dinheiro que sai do bolso, da renda, da sociedade. Mais: como a sociedade não recebe os serviços de saúde, educação e segurança que paga ao Estado, ainda precisa adquirir tudo isso da iniciativa privada. O que compromete ainda mais a renda, e complica severamente o orçamento individual e familiar. Daí a razão para as indiscutíveis inadimplências futuras.
DOBROU
Observem que, no período de 2003 a 2009, dobrou o volume de crédito para pessoa física, no país. A renda, como se sabe, também cresceu no período, mas não no mesmo ritmo. Além disto, uma coisa é absolutamente inegável, ou é por demais conhecida: o atual crescimento da economia brasileira é fruto colhido através do enorme crescimento do crédito. Portanto, quando esse mesmo crédito desacelerar, e já vai acontecer, o crescimento vai andar em marcha lenta.
SENSAÇÃO
Fiquei com a clara impressão, gente, de que tudo que escrevi ontem e hoje é o mesmo que pensa a quase totalidade dos leitores do Ponto Critico. Muitos, pelo que informam as manifestações, já estavam se posicionando atrás das moitas à espera do acontecimento. Não porque querem, mas porque foram acordados pela mesma sensação.
INFRA-ESTRUTURA
Segundo levantamento feito pelo IPEA, as rodovias brasileiras precisam de mais de R$ 180 bilhões em investimentos. Que tal? Como o estudo trata exclusivamente de rodovias federais, o estudo informa que 65% dos 61 mil quilômetros das BRs, se encontram em estado de deficiente a péssimo. Considerando que 58% do transporte de cargas do Brasil é feito por rodovias, a coisa vai de mal a pior.Mas tudo fica ainda pior quando o IPEA informa que o fantástico PAC cobre só 13% desse valor. Isto já seria o bastante para o Brasil deixar de sediar a Copa de 2014 e seguintes, até 2100, no mínimo.