CEDO
Ainda é cedo para tirar conclusões a respeito dos crescentes protestos e manifestações que se espalham, cada dia mais, por todo o país. Por enquanto, tudo não passa de pura especulação promovida pelos meios de comunicação, que mais parecem preocupados em mostrar como seus profissionais estão sendo tratados pela polícia.
A INSATISFAÇÃO É GERAL
Uma coisa, no entanto, já é absolutamente incontestável: a insatisfação é geral e daí o fato do estopim estar aceso. Entretanto, além de incerto o tempo que a pólvora vai se manter acesa, também é impossível detectar o tamanho do estrago que a insatisfação e/ou a baderna pode provocar.
REVOLUÇÃO FRANCESA
Para quem leu alguns capítulos sobre a Revolução Francesa sabe que a insatisfação generalizada sem a definição de um propósito claro pode dificultar o encontro das soluções. Vale lembrar que, por falta de entendimento, após derrubarem a Bastilha, os franceses levaram cem anos para se organizar e decidir o que deveriam fazer com o produto.
MIL MOTIVOS
O Brasil, neste momento, mostra insatisfeitos por todos os lados. Cada um com seus motivos para dizer o quanto está indignado. Um grupo, que parece ser maior grita contra os altos impostos e da crescente corrupção; outro, contra os enormes privilégios concedidos aos políticos e governantes, à custa do dinheiro público. Outros mais reclamam dos gastos com a construção de estádios de futebol. E há, também, os insatisfeitos aposentados do INSS, que reclamam dos baixos proventos e da forma como são tratados, sem saber as razões que levam a esta catástrofe.
SEM REFORMAS
Como o governo só sabe gastar e não investir, como deveria fazer, e ainda por cima não admite reformas, cada grupo exige o cumprimento de direitos conferidos pela estúpida Constituição Brasileira, sem dar a mínima para os deveres. Com isso, os mais espertos foram à luta e obtiveram privilégios absurdos, que se transformaram em direitos adquiridos. O duro é que ao invés de pedir para acabar com os privilégios, o povo quer as mesmas vantagens. Para tanto, não sabe que a absurda carga tributária precisaria dobrar.
EXEMPLO DE PRIVILÉGIO ABSURDO
Um deles, por exemplo, é bem retratado através das aposentadorias. Gostem ou não, o fato é que: 1- Os servidores da União (RPPS), que agrega UM MILHÃO DE APOSENTADOS recebem, em média R$ 6.673,00 mensais.E do INSS (RGPS), que agrega 27 MILHÕES DE APOSENTADOS a média é de R$ 906,00 mensais. Ou seja: para que poucos recebam MUITO, muitos recebem POUCO.
DUAS CLASSES
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PRIMEIRA CLASSE
Como as contribuições dos servidores da União são insignificantes para satisfazer a folha dos aposentados privilegiados (RPPS), o rombo ANUAL dessa que é considerada PRIMEIRA CLASSE (que é coberto por impostos pagos pela sociedade) é de mais de R$ 56 bilhões.
SEGUNDA CLASSE
Enquanto isso, o rombo ANUAL da SEGUNDA CLASSE (que também é coberto por impostos pagos pela sociedade), promovido pela diferença entre arrecadação das contribuições feitas ao INSS e o pagamento das aposentadorias, é superior a 45 BILHÕES. (Isto porque a taxa de desemprego no país está baixa) Somando OS ROMBOS temos mais de 100 BILHÕES, que precisam sair, ANUALMENTE, dos cofres da União (sem falar dos Estados e Municípios). Pergunto: isto é justo?
A CAUSA E O EFEITO
Como o povo mal sabe disto, ninguém está se manifestando nas ruas sobre este sério assunto. Ou seja: a sociedade está irritada com os efeitos e desconhece as causas. Assim, não há solução boa à vista.