PARA SER LIDO E RELIDO
Ontem, o editorial do Ponto Crítico focou o mal da indexação e a teimosia do governo em não fazer cortes de despesas. Hoje, em continuidade ao tema, publico a excelente análise feita pelo Professor e Pensador (membro do PENSAR!), Ricardo Bergamini, que retrata claramente a realidade econômica do país. Algo, no meu entender para ser lido e relido durante o fim de semana. Eis:
EMISSÃO DE MOEDA
Os Estados Unidos podem emitir moeda por ser o Banco Central do Planeta. Com isso podem bancar o que bem entenderem. Inclusive gastos com guerras, como é o caso, por exemplo, do Iraque e Afeganistão.
CUSTO ZERO
No entanto, de fato e a rigor, quem financia tudo isso é o resto do planeta. E como o custo para o FED é ZERO (reservas dos países), tais emissões não geram inflação interna nos Estados Unidos.
CUSTOS ALTOS
A exportação de problemas nacionais, nos países desenvolvidos, é uma forma clássica de comportamento internacional. Votos estrangeiros não contam em eleições nacionais. Os custos políticos de providências internas, que poderiam resolver problemas de desemprego, de inflação ou de indústria deprimida, normalmente são mais altos que os custos políticos da exportação do problema. Assim o resto do mundo subdesenvolvido se transforma em escoadouro de problemas internos dos países desenvolvidos.
ESTUPIDEZ COLETIVA
Agora leiam com ATENÇÃO: as reservas do Brasil saltaram de US$ 37,8 bilhões em 2002, para US$ 307,5 bilhões em fevereiro de 2011, sendo remuneradas a CUSTO ZERO, ou PRÓXIMO DE ZERO. Em contrapartida, neste mesmo período (2003 a 2010) o Brasil pagou juros internos médios de 14,48% ao ano . Que tal? Pois, mesmo assim, a estupidez coletiva brasileira, apoiada pelo mercado financeiro internacional, considera que este é o melhor governo da história Brasil. Pode?
SOLUÇÕES
Ora, se o Brasil fizesse a mesma coisa, a inflação iria explodir internamente visto que o Brasil não é exportador de Real. Tudo que emite, ou venha a emitir, fica no mercado interno. Assim as três únicas soluções que enxergo para frear a queda do dólar são: 1) Disciplina fiscal para reduzir a dívida pública e aumentar o seu PMP (Prazo Médio de Pagamento ? atual muito baixo de 3,51 anos, média mundial de 30 anos) e consequentemente a queda dos juros; 2) Criar restrições de entrada para esses dólares -falsos- destinados aos investimentos indiretos (bolsas de valores e especulação financeira diária), porém inviável politicamente, visto que nenhum político iria perder essa oportunidade de criar essa ilusão temporária de crescimento ao seu povo. Cabe lembrar que crescimento sadio e sustentável somente ocorrerá quando o Brasil mudar de patamar nos seus indicadores de saber e conhecimento. Caso contrário continuará promovendo pequenos vôos de galinha (avança e para). Como tem sido a história econômica do Brasil; 3) Voltar ao câmbio administrado (tipo China), abandonando a atual política de câmbio flutuante.
FALSIDADES
O Brasil viveu o mesmo problema na época do milagre brasileiro dos governos militares. Passado o falso milagre gerado pelo excesso de dólares falsos para financiar a guerra do Vietnam, o Brasil ficou 20 anos patinando na maionese. A mesma coisa que vai acontecer com o falso milagre dos últimos 5 anos no Brasil, gerando um falso crescimento pela ilusão monetária do dólar falso (excesso de liquidez). NOTA: Exemplo da ilusão monetária gerada pela emissão de dólares falsos. De janeiro de 2005 até janeiro de 2011 o mercado de commodities se valorizou 120,53% em dólares americanos. Uma loucura, sem precedentes na história econômica mundial. Não é preciso ser mestre em economia para afirmar que esse castelo de areia vai desmoronar. É insustentável.