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28 jan 2009

REAÇAO EM CADEIA


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INADIMPLÊNCIA
A inadimplência no financiamento de veículos atingiu o maior nível da história em dezembro de 2008. De acordo com números divulgados ontem pelo Banco Central, o porcentual dos empréstimos com atraso superior a 90 dias atingiu 4,3% no último mês de 2008, ante 4,1% de novembro.
PARCIMÔNIA
Esse é o maior patamar da série histórica iniciada em junho de 2000 e mostra que o total das parcelas com atraso superior a três meses que bancos têm a receber já soma R$ 3,5 bilhões. Um cifra, portanto, suficiente para explicar o porquê das instituições financeiras estarem mais parcimoniosas nas concessões de crédito, além de praticarem taxas mais elevadas.
POR ENQUANTO
A notícia, embora longe de ser alarmante, trágica e nada parecida com o subprime, mostra o que está havendo no mercado de veículos, por enquanto. Mais adiante, com certeza, outros setores também mostrarão números bem ruins quanto à inadimplência. Resumo: o Brasil não vai acabar, mas sem a farra do crédito fácil, vai penar para crescer.
ESTOURO ESPERADO
A notícia surpreende? Óbvio que não. Esta bolha já era conhecida e o seu estouro esperado depois do festival de crédito concedido sem muito critério em todo o país. Portanto, trata-se de um problema criado e anunciado.
BOLHA
O simples anúncio da taxa de inadimplência de veículos identifica que uma bolha estava em formação, gerada pela farra do farto crédito concedido para quem nunca poderia pagar a conta. Bingo.
LÓGICA
Dentro da lógica da relação causa/efeito, quando o número de inadimplentes fica exagerado, a roda do financiamento pára de girar. Menos recurso significa menos crédito para os novos negócios. Ora, interrompida a cadeia tudo volta para trás. É quando dizemos que a bolha furou.
ARTIFÍCIOS
Cadeia interrompida quer dizer menos produção. Menos produção quer dizer menos emprego, consumo, impostos, etc. Se o debilitado consumo externo já explica a nossa dificuldade para exportar, a queda do consumo interno, provocado pelo estouro da nossa bolha de crédito, implica em queda proporcional de todas as atividades.Fica evidente, pois, que foi o crédito fácil quem impulsionou as vendas internas. O fim do exagero propõe que o nosso crescimento seja compatível com a renda da sociedade de consumo. Criar artifícios, como se vê, é uma ilusão cara, em forma de bolha. Um dia ela estoura.