LULA ADMITE
Lula, com sua invejável aprovação popular, usando seu linguajar característico disse, ontem, que quem apostar que o Brasil vai quebrar, vai quebrar a cara antes disso. Ou seja: Lula admitiu, categoricamente, que o Brasil pode quebrar.
MALAN
Aliás, o ex-ministro Malan, no final de 1998, quando o câmbio ainda era fixo, também disse a mesma besteira. O resultado? Os apostadores ganharam e o Brasil quebrou a cara. As reservas cambiais foram raspadas em duas semanas. No apagar das luzes o país foi salvo pelo FMI, com um empréstimo de US$ 50 bi. Lembram?
APAVORADO
O que importa, entretanto, é que a declaração de Lula revelou o quanto está preocupado. Ou desesperado. Aliás, se ainda resta algum resquício de miolo na sua cabeça, os números cada vez mais dramáticos da nossa economia servem para deixar o presidente e todos nós apavorados.
PROTECIONISMO
Tomara que Lula não adote a linha do protecionismo e do nacionalismo, que já está sendo pregado e sugerido por governos de vários países, imaginando ser este o melhor caminho para se proteger da crise global. O que, sem sombra de dúvidas, seria uma opção desastrosa. O protecionismo, gente, nunca foi remédio. É veneno, independente da dose. Um tiro no pé.
EQUÍVOCO
Imaginando que sendo protecionista o mercado interno se torna mais intenso, que os investimentos vão aumentar e os custos vão diminuir, é um grande equívoco. Os agentes econômicos se aproveitam, imediatamente, da falta da concorrência, causando prejuízos enormes ao país e aos consumidores. Além de dificultar as exportações.
PAÍS FECHADO
Mesmo que o Brasil esteja muito longe de ser considerado um país aberto, tomara que Lula se afaste desse cálice cheio de veneno. Caso contrário vamos ocupar o último lugar do ranking que classifica os países pela facilidade de fazer negócios. Confiram a lista:
RANKING
De acordo com a pesquisa Doing Business 2009, divulgada ontem pelo Banco Mundial, entre os 181 países analisados o Brasil ficou na rabeira. Conseguimos o 125º lugar no ranking que classifica a facilidade de fazer negócios. Estamos, portanto, atrás da Índia (122º), Argentina (113º) e da China (83º). Os oito primeiros, pela ordem, são: Cingapura, Nova Zelândia, Estados Unidos, Hong Kong, Dinamarca, Reino Unido, Irlanda e Canadá. O Brasil figura entre os piores países quanto à facilidade de se abrir um negócio. Com 18 procedimentos necessários para que se inicie uma empresa, o País divide posição com Brunei e Uganda. É duro, não? Canadá e Nova Zelândia lideram esse tópico, com apenas um processo necessário. O Brasil também figura entre os que mais demoram para conceder a licença necessária para o funcionamento de uma companhia, com 152 dias. Suriname é o mais lento, com uma média de 694 dias. Já Nova Zelândia é o país mais ágil, levando apenas um dia para autorizar a abertura de uma empresa. O Brasil ainda lidera um ranking negativo, sendo o país que exige mais tempo para que o empresário pague seus impostos, com o total de 2,6 mil horas ao ano. O valor é quase o dobro do segundo colocado, que é Camarões, com 1,4 mil horas por ano. Além disso, segundo pesquisa do Banco Mundial, o País ocupa o 125º lugar por outros quesitos negativos. Entre eles, dificuldade de empregar trabalhadores (121º) e registro de propriedade (111º). O governo brasileiro aparece em 70º entre os que mais protegem os investidores, 84º na facilidade de crédito e 92º no comércio exterior. Ou seja: nada a comemorar.
MÁS COMPANHIAS
Não se trata, portanto, de má vontade ou pessimismo fazer esta divulgação. É uma advertência para que possamos enfrentar o problema e tentar melhorar. Ficar fazendo reuniões e acordos com a Venezuela, Bolívia, Equador, Paraguai e Cuba, por exemplo, só vai piorar a nossa precária situação.