O BRASIL E A CRISE
Segundo a vice-presidente do Banco Mundial para assuntos da América Latina e Caribe, Pámela Cox, o Brasil e o Chile são os países da região que menos sentirão as conseqüências da atual crise econômica, já considerada por ela como a pior dos últimos 80 anos.
PROGNÓSTICO
O prognóstico da Pámela é, sem dúvida, uma notícia alentadora que serve para despertar um importante grau de otimismo entre nós neste momento crítico. No entanto, visto pelo ângulo das nossas reais necessidades, a declaração da vice do Banco Mundial deve se transformar numa perigosa injeção anestésica.
ADORAMOS ELOGIOS
Só o fato de recebermos a previsão, vinda de uma executiva importante, já é o bastante para que nada mais aconteça no Brasil, que precisa urgentemente de reformas. A índole do nosso povo, gente, é muito ufanista. Os brasileiros adoram elogios e creem piamente nas análises positivas quando feitas por gente de fora. No futebol, por exemplo, funciona assim. Acreditamos nos elogios e ficamos irritados com as críticas.
TODOS VÃO SOFRER
Antes de tudo é preciso entender que todos vão sofrer, e muito, com a crise que aí está. Sofrer menos, comparativamente, significa que haverá sofrimento. E havendo sofrimento é preciso enfrentá-lo. É preciso criar, rapidamente, formas de proteção contra situações adversas e melhorar as condições para tirar bom proveito quando as coisas melhorarem.
JORGE GERDAU
Se a previsão de Pamela Cox nos anima, principalmente por colocar o Brasil junto com o Chile como países em boas condições para enfrentar a crise, ainda assim o momento está mais para o que disse Jorge Gerdau: é presico pensar o Brasil como fazemos na empresa, avaliando as suas principais dificuldades para enfrentar a crescente competitividade internacional, guiando-se pelos melhores exemplos vigentes em outras nações, o que chamamos de benchmarks.
IMPOSTOS
Mais: para iniciar esse processo precisamos ter a consciência da crise. Isso é fundamental para buscarmos soluções para minimizar as deficiências do país. Investir em uma fábrica ou em uma usina para geração de energia no Brasil, por exemplo, devido aos impostos sobre o imobilizado, custa entre 30%-40% a mais do que em outros países estruturados para aumentar a sua competitividade e, consequentemente, o seu desenvolvimento.
EXEMPLO ARRASADOR
O exemplo de dois produtores de arroz é aida mais arrasador: um do Brasil e um do Uruguai, país que já adota o Imposto sobre Valor Agregado (IVA). Ao exportar, o uruguaio pode compensar o IVA pago na compra de combustível, máquinas, arame farpado ou adubo por meio do IVA. Já o brasileiro não tem essa possibilidade, o que impacta diretamente em seu custo de produção. Isto sem falar na multiplicidade de regimes tributários ? um em cada Estado brasileiro, com legislações específicas e contínuas alterações em suas normas. Somem-se a isso os elevados juros que pagamos para obter os recursos para investir.