SEMBLANTE TRANQUILO
Ontem, o péssimo ministro da Previdência, Carlos Eduardo Gabas, mostrando o semblante tranquilo e sereno dos irresponsáveis, admitiu que o rombo da Previdência Social (leia-se apenas INSS) para este ano pulou para R$ 47 bilhões.
SEM REFORMA
A projeção anterior já identificava um rombo espetacular de R$ 45 bilhões para as contas da Previdência do INSS, excetuando, portanto, a Previdência do Setor Público. Pois, para total desespero da sociedade pensante, nenhuma das projeções teve a capacidade de sensibilizar o governo para uma decisiva reforma previdenciária.
EMENDA EXPLOSIVA
Esta nova projeção, que no meu entender ainda é acanhada, aumenta o rombo em R$ 2 bilhões. E o responsável da hora é o reajuste de 7,7% dos aposentados que ganham acima do salário mínimo. Imaginem, porém, a explosão que vai produzir nas contas do INSS, caso venha ser aprovada a emenda do incendiário senador petista Paulo Paim, que indexa todos os reajustes dos benefícios previdenciários à política de reajuste do salário mínimo com ganho real.
MESMO TRATAMENTO
Só para lembrar, os benefícios da Previdência até o piso mínimo já estão recebendo, como reajuste anual, o valor do aumento concedido ao salário mínimo. O que a emenda de Paim pretende é estender esse mesmo tratamento aos benefícios com valor acima do mínimo. Que tal?
RISCO-PAÍS
O que espanta nisso tudo é a irritação do ministro Mantega, ao perceber que o índice que mede o Risco-Brasil, pelo mercado internacional, não cede. O pobre ministro, cuja cabeça está comprometida pela ideologia petista, crê que tudo não passa de uma enorme má vontade dos analistas com relação ao nosso país. Para ele, pelo visto, o rombo da Previdência não traz risco algum. Então tá.
TRANSAÇÕES CORRENTES
Também é oportuno lembrar que, além do rombo total da Previdência (INSS e Setor Público), que neste ano deve chegar perto de R$ 105 bilhões, um outro déficit colossal já está sendo formado: o déficit das transações correntes. Aí, só para terem um idéia, os bancos (nacionais), Santander e Itaú Unibanco, já estão sinalizando, para 2011, números preocupantes: déficits de US$ 68,40 bilhões e US$ 82 bilhões, respectivamente. Já a pesquisa Focus, do BC, indica um déficit de US$ 57 bilhões, ou seja, o dobro da projeção feita há um ano.
PERFIL DA DÍVIDA
Além disso, para completar o raciocínio que esclarece as razões para que o risco Brasil não encontre espaço para cair, olhem para o crescimento da dívida brasileira indexada aos juros de curto prazo da Selic: o volume já supera 33% do total de R$ 1,6 trilhão. Um perfil, como se vê, muito preocupante. Preocupante, melhor dizendo, para os pensadores e responsáveis.