CHINOFÓBICOS
Embora muitos brasileiros, movidos por fortes emoções ideológicas e ianquefóbicas, estejam muito convencidos de que o maior responsável pelas nossas deficiências é os EUA, uma parcela representativa da sociedade já entende que a China é o mais novo vilão. São os chinofóbicos.
ÁSIA
Os empresários, principalmente, não fazem outra coisa senão dizer que as nossas doenças econômicas, que segundo eles estão atacando brutalmente os nossos parques industriais, são oriundas da Ásia.
DOENÇA
Isto leva a crer que os países asiáticos são portadores de uma doença chamada ALTA COMPETITIVIDADE. E, a China, pela enorme capacidade de produção, a preços baixos, é tida como uma séria ameaça à saúde da economia brasileira. A ponto de muitos exigirem o retorno imediato da atrasada matriz NACIONAL-DESENVOLVIMENTISTA.
REMÉDIO
Esse contingente expressivo de brasileiros, ao invés de deixar o país se expor ao poderoso vírus, revelado como um remédio fantástico para promover crescimento e desenvolvimento, só sabem esbravejar. Dizem, à exaustão, que a competitividade chinesa é fruto da mão de obra escrava e outras coisas mais.
INDIAFÓBICOS
Pois, enquanto se dedicam a pensar e dizer bobagens, a China vai disparando em competitividade. Fico pensando o que vai acontecer quando a Índia, país ainda pouco citado por aqui, entrar pesado na competição. Arrisco um palpite: além de ser levado à categoria de terceiro vilão, formará, obviamente, o clube do INDIAFÓBICOS.
NOME AOS BOIS
Aqui, a tradição exige que os vilões sejam sempre adjetivados (nome aos bois): os EUA já são os responsáveis pelo capitalismo selvagem. A China, pelo trabalho escravo. A Índia, logicamente, não perde por esperar.
PAÍS BABACA
Enquanto os outros países trabalham com afinco, o Brasil curte suas doenças crônicas (econômica e socialmente) através da imperdoável falta de educação e da absurda carga tributária. Em síntese: o verdadeiro algoz do Brasil é, indiscutivelmente, o próprio Brasil. Se os vilões têm adjetivos, o do Brasil poderia ser: PAÍS BABACA. Que tal?