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26 nov 2013

OBRAS DA COPA?


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RESPEITO ÀS VÍTIMAS
Foi com tristeza e naturalidade que, daqui dos EUA, tomei conhecimento de que as obras iniciadas em todos os municípios-sedes da Copa do Mundo, todas com promessas de serem concluídas até o início dos jogos, já não tem mais qualquer possibilidade de ficarem prontas em 2014. É aí que se percebe, portanto, com toda clareza, o quanto é bom viver em países onde há respeito aos direitos humanos.
PORTO ALEGRE
Porto Alegre, que sempre faz de tudo para se manter fiel à tradição de pertencer ao Estado proporcionalmente mais atrasado do país, foi a capital onde o governo municipal jogou mais vezes a toalha no chão. Das 14 obras prometidas para a Copa, que foram retiradas da Matriz de Responsabilidades (documento que contém as obras do Mundial), 10 são da capital do RS. Pode?
DEPOIS DO MUNDIAL
A Administração do Município gaúcho, para deixar claro que político é um vendedor de ilusões, à preços sempre muito altos (ou superfaturados), declara que as obras contratadas serão concluídas depois da Copa do Mundo. Ora, neste ponto não tenho como discordar, até porque os anos de 2030 ou 2050, por exemplo, também virão depois do Mundial, não?
DUAS OU TRÊS OBRAS
Neste momento, pelo que informa o prefeito de Porto Alegre, além do Estádio Beira Rio (que está sendo reformado por uma empresa privada) só duas ou três obras públicas ainda têm alguma chance de ficarem prontas: o entorno do estádio e a duplicação da Avenida Edvaldo Pereira Paiva (que liga ao centro da cidade). Nada mais.
NOS EUA
Ao comentar o problema com alguns americanos perguntei se isto também acontece nos EUA. A resposta, obviamente negativa, foi acompanhada de uma justificativa: em geral, quando uma obra é anunciada, o seu início é informado aos moradores mais próximos com total precisão. E o tempo de duração da mesma já prevê o número de dias de chuva, considerado como único obstáculo que poderia levar ao atraso.
30 ANOS PARA MATURAR
Pensando bem, no RS, todas as obras públicas de grande vulto sempre levaram em torno de 30 anos para serem decididas e/ou maturadas. E, tão logo é tomada a decisão governamental de fazer uma obra, aí é a vez dos gaúchos atrasados entrarem em cena, fazendo todos os tipos de manifestações para impedir o seu andamento. Um legítimo horror.
NO DICIONÁRIO
Diante de tanto absurdo, a minha vontade era de nunca mais voltar. Principalmente, porque bastam dois ou três dias por aqui para fazer com que qualquer turista brasileiro se acostume com o fantástico exercício da cidadania. Cidadania, aliás, que só existe mesmo como palavra inscrita no dicionário da nossa língua.