MEDIDAS PÍFIAS
Como já era esperada, a decisão do governo, de aumentar de 2% para 4% o IOF sobre aplicações em renda fixa por parte de estrangeiros, se mostrou insuficiente. Assim, mais duas iniciativas (pífias) foram tomadas:1-a taxação do IOF foi estendida também às aplicações em fundos multimercados;2-o CMN autorizou (mandou, melhor dizendo) o Tesouro comprar os dólares necessários para honrar dívidas a vencer nos próximos quatro anos.>P>Como a maioria das pessoas ainda não entendeu muito bem as razões para a forte desvalorização do dólar frente ao real e demais moedas livres, me proponho a explicar:
DÉFICITS GÊMEOS
Os EUA convivem por muitos anos com dois enormes rombos, chamados de DÉFICITS GÊMEOS, representados pelos resultados negativos da balança comercial e das transações correntes. Diante desta fenomenal encrenca, o mundo vivia se perguntando: - Até quando o mundo vai continuar financiando os EUA?
EM BUSCA DE RENDA
Ora, depois de ter ido praticamente à lona, em 2008, (bolha imobiliária) o governo americano precisou enfrentar os déficits gêmeos. Para tanto o FED usou uma arma super poderosa: reduziu para perto de zero a taxa de juros básica.Com remuneração quase inexistente por lá, os investidores americanos se lançaram mundo afora em busca de renda para suas aplicações.
O BRASIL FOI MAIS UM
Entre inúmeros países que passaram a atrair os dólares, o Brasil foi um deles e não o único, gente. Só para terem uma idéia, a oferta é tanta que até países em maus lençóis econômico-financeiros, caso dos europeus, o dólar não para de se desvalorizar. O euro, por exemplo, só se aprecia.
SEM CULPA
Com taxas de juros atraentes, o interesse dos investidores pelo Brasil só aumenta. Com um detalhe: os investidores não podem ser culpados de coisa alguma. Afinal, quem se dispõe a pagar juros altos deve ter seus motivos. O nosso, por exemplo, é a super gastança pública.
CÂMBIO FIXO?
Ora, diante da oferta abundante e contínua, com uma farta remuneração dos nossos títulos públicos não é tarefa fácil brecar a desvalorização da moeda norte-americana. E, para aqueles que preferem o câmbio fixo, acreditando que o flutuante nos traz prejuízos, é importante esclarecer o seguinte: Caso o nosso câmbio fosse fixo, o dólar estaria com preço mais alto, certo? Assim, além de pagar mais pelos dólares no momento do ingresso, os investidores deixariam de arcar com o risco cambial. O que traria enormes e maiores prejuízos ao Tesouro.
SINUCA DE BICO
O Brasil, em suma, está numa sinuca de bico porque adora esta situação, a saber:1- Caso resolvesse reduzir a taxa de juros para evitar a entrada expressiva de dólares, a inflação explodiria; 2- Para diminuir o ímpeto dos estrangeiros via cobrança de IOF, a alíquota precisaria ficar próxima de 10%, o que seria um absurdo.3- Ao comprar dólares, elevando as reservas cambiais, a operação fica muito cara para o Brasil, pois as reservas rendem quase zero lá fora enquanto os reais emitidos na contrapartida são remunerados pela taxa SELIC.Ou seja: enquanto os EUA tratam de diminuir seus rombos, o Brasil aumenta o seu ao negar a realização das inadiáveis reformas. Cega e surda, economicamente, a maioria da sociedade prefere votar em Dilma. Pode?