MENOS DEVASTADOR
Embora o Brasil também esteja sofrendo com os ventos fortes da crise global há razões concretas para admitir que, por maiores que sejam os danos por aqui, o drama pode se apresentar como menos devastador se comparado com os estragos já percebidos nos países mais desenvolvidos.
RISCO BAIXO
Considerando que a causa maior da crise está localizada no sistema financeiro, onde a inadimplência é descomunal, aí o Brasil não tem como ser afetado. Como o nosso forte nunca foi a concessão de crédito, e os ?spreads- bancários são muito altos, o risco de uma falta de liquidez bancária por aqui é baixíssimo.
PAÍSES EMPOBRECIDOS
As terríveis consequências da crise, que muito nos afetam, estão centradas na falta de crédito internacional e nas importações por parte dos países de primeiro mundo. Por motivos óbvios, os países mais desenvolvidos, anteriormente chamados de países ricos, estão agora bastante empobrecidos.
PREJUÍZOS
Os prejuízos revelados por grandes bancos internacionais, assim como as perdas de importantes empresas transnacionais, já retratados pela desvalorização impressionante dos seus ativos, dizem bem o quanto não têm condições de ofertar crédito (nem para os seus) e/ou importar produtos e serviços dos países menos desenvolvidos.
SOFRER MENOS
Muita atenção, portanto, gente: sofrer menos, em termos relativos, diante de uma crise monstruosa como esta continua sendo uma coisa muito séria. O que faz do Brasil um lugar mais seguro, como muita gente vem sugerindo, não nos exclui dos prejuízos enormes que também vamos sofrer.
PONTOS DE ACERTO
Embora sabido é sempre bom repetir os principais pontos que tornaram o Brasil um país menos vulnerável diante das conseqüências acima apontadas: 1- O Brasil exporta algo como 14% do PIB. Desta forma o impacto das vendas externas será pontual e não geral;2- O crédito no Brasil representa 40% do PIB, aproximadamente. Ou seja: como o país não é forte na concessão de crédito, os nossos bancos estão capitalizados;3- O Brasil, felizmente, fez um bom tema de casa na área da macroeconomia: adotou o sistema de câmbio flutuante, criou as metas de inflação e fez um decisivo saneamento das instituições financeiras. O resultado dessas providências foi substancial para elevar em muito as nossas reservas internacionais.
PROVIDÊNCIAS OMITIDAS
Tais providências (muito importantes), no entanto, ainda são insuficientes para blindar o país dos efeitos da grave crise mundial. Precisamos fazer muito mais, tanto para evitar mais sofrimentos quanto para qualificar o país para enfrentar a competição global quando a crise passar. É aí, gente, que não estamos agindo. Sem fazer a reformas, além de ficarmos mais vulneráveis vamos deixar que outros países larguem na nossa frente com em enormes vantagens quando a crise cessar.