REFORMAS
Ao invés de se comprometer, de corpo e alma, com as necessárias reformas constitucionais (previdenciária, trabalhista, política, fiscal e tributária), que, decididamente, destravariam o país, o governo está muito preocupado, e envolvido, com uma única REFORMA: a Reforma dos apartamentos funcionais dos deputados federais, em Brasília. Pode?
PRIVILÉGIO DO PRIVILÉGIO
Como bem escreveu o jornalista Janio de Freitas (Folha de São Paulo do dia 15/01), a Câmara dos Deputados se concedeu o privilégio (há três meses) de ter atividade propriamente parlamentar, ou a sua aparência melhorada, em apenas UM DIA NA SEMANA. Criou assim o privilégio do privilégio; este, o que permitia aos deputados chegar a Brasília na terça, para a sessão da tarde, e cair fora na quinta.
NOITE MUITO CARA
Para passar uma noite em Brasília, eventualmente duas, reformar os 463 apartamentos e modernizar-lhes os equipamentos domésticos é, para dizer o menos, desaforo com a população que paga impostos porque trabalha.
IMORALIDADE
Seja de R$ 280 milhões ou de R$ 680 milhões, o montante do gasto não altera a dimensão da imoralidade. E não há um só partido que se tenha levantado contra. Retrato ainda melhor: não consta haver, entre os 513 deputados, um só que adotasse alguma atitude contra o mal uso do dinheiro público.
INTERESSE PRÓPRIO
Pois é, gente. Como se vê, da mesma forma com que os nossos governantes excedem em atos de safadeza e falcatruas de todos os tipos, também batem recordes sucessivos de gastos públicos. Tudo para atender seus próprios e exclusivos interesses. Nunca da sociedade. Pode?
TESTE
O grau de indignação de qualquer povo do nosso planeta, com relação ao desperdício do dinheiro público e da concessão de privilégios, é medido pelo tamanho da passividade de quem financia os gastos, no caso os pagadores de impostos. Normalmente, quando o limite é atingido, as manifestações explodem e a festa é dada por encerrada.
ILIMITADO
O curioso, para não dizer lamentável, é que no Brasil não é assim. A tolerância do povo brasileiro é infinita. A aceitação de tudo que não pode nem deve existir em qualquer civilização, no Brasil faz parte da cultura e dos costumes. A ordem, portanto, é deixar assim como está e, se possível, não atrapalhar. Muito menos pensar em dar um basta. Se algo tiver que acontecer, esta tarefa cabe, exclusivamente, a Deus.O que falta, portanto, para que todos sejam felizes para sempre é acabar com o que está atrapalhando: A INDIGNAÇÃO. Ela é que é nociva e nos faz mal.