CAPITAL DE GIRO
Por muitos e muitos anos o crédito bancário, aqui no Brasil, foi uma mercadoria sempre muito escassa. Com isso, as vendas no comércio só podiam crescer em função do tamanho do capital de giro que as empresas dispunham para poder financiar seus consumidores.
TÍTULO DE CRÉDITO
Esta limitação de crédito fez do Brasil o país do cheque pré-datado. Esta loucura em termos de simplificação e facilidade para aumentar as vendas fez com que o cheque deixasse de ser uma ordem de pagamento à vista para se transformar num título de crédito, coisa que contrariava a própria Convenção de Genebra.
COMPORTAS ABERTAS
Com a deflagração da crise financeira mundial, onde o mercado externo simplesmente paralisou, a única alternativa que nos restou para crescer foi o mercado interno. Pois, a partir daí, principalmente, que as comportas do crédito se abriram, de forma vigorosa e definitiva por aqui.
ATESTADO DE IMUNIDADE
Se o crédito descontrolado foi levado à condição de mal do século, atingindo o mundo a ponto de se produzir uma gigantesca crise, o Brasil se apresentou como um dos raros países blindados e totalmente fora da contaminação. Por absoluta falta de crédito concedido ganhamos o atestado de imunidade.
QUALIDADE
Se em 2009 o crédito concedido já representou 42% do PIB, para este ano de 2010 o percentual deve aumentar para 50% do PIB, pelo que diz o sistema. Algo bastante confortável dependendo da qualidade, ou capacidade de pagamento dos financiados.
TOMADOR DE RISCO
Isto tudo prova, tranquilamente, que não foi a renda do povo o fator determinante do crescimento das vendas do comércio brasileiro. Foi, isto sim, a enorme concessão de crédito feita agora pelo sistema financeiro, que passou a tomar o risco antes pertencente ao comerciante.
PROVISIONAMENTOS
Chamo atenção para um ponto: caso a renda não cresça, coisa que depende do investimento, que por sua vez depende do nível de poupança, a inadimplência acabará sendo inevitável. Para evitar estragos desta ordem os bancos vão necessitar cada vez mais de provisionamentos. O bastante, como se sabe, para aumentar a taxa de juros dos financiamentos concedidos.