Artigos

16 abr 2009

O BRASIL NO EXTERIOR


Compartilhe!           

TOLERÂNCIA
Quando a economia de um país vai bem, ainda que seus defeitos apontados precisem ser reparados, a tolerância é enorme. Ou seja: em cenário de céu de brigadeiro ninguém se preocupa com correção de rumo ou conserto de erros. É a velha lógica de que em time que está vencendo não se mexe.
SACRIFÍCIO
Porém, quando a economia entra em parafuso aí não tem perdão, pois os defeitos aparecem com nitidez. Nesse momento os imprevidentes desleixados são expostos para o sacrifício. Aí o que impera é a incessante caça às bruxas.
PAÍS POUCO SÉRIO
O Brasil, que por muito tempo foi considerado um país pouco sério, parece ter gostado dessa má fama. Basta observar que nem a séria crise que estamos enfrentando conseguiu fazer a sociedade admitir que o governo é o grande responsável pelos nossos insucessos.
FAMA
Por não ter feito nem sugerido as reformas (mais do que necessárias), que poderiam dotar o país de uma boa musculatura para poder suportar os efeitos ruins de qualquer crise, o governo deveria ir para o sacrifício. Em países sérios é assim: os maus precisam pagar pelos seus erros. Como queremos manter a fama de um país pouco sério, nada que possa melhorar vai acontecer, infelizmente.
ENGODO
Para que não haja pressão sobre a necessidade de fazer as reformas, a ordem agora é repetir, se possível várias vezes ao dia tal qual uma oração, é que o Brasil sairá reforçado dessa crise e bem melhor do que outros países emergentes. Amém. Ora, isto é um engodo, gente. Por favor, não acreditem nesses palestrantes e entrevistados que já tem essa frase pronta.
SINCERIDADE
Anotem aí: nós só sairemos reforçados das crises (esta e todas as outras) quando fizermos as reformas. Sem elas, me desculpem a sinceridade crua, direta e sem rodeios, não sairemos reforçados de coisa alguma.
ALEMANHA
Com as pessoas que tenho conversado aqui na Alemanha percebo que o Brasil passou a ser mais admirado depois da última reunião do G-20, em Londres. Simplesmente porque os noticiários daqui informaram, rapidamente, a mesma coisa que é repetida à exaustão aí na terrinha: os danos promovidos pela crise poderão ter efeitos menos desastrosos no Brasil.
PASSAGEIRA
Como a maioria das pessoas só compra notícias prontas, para eles isto bastou para começarem a falar bem do nosso país. Estou tentando explicar, de forma responsável, que a nossa melhora comparativa, sem boas reformas, será breve, passageira. Como não queremos entrar nos trilhos o mais provável é que permaneceremos com a velha fama de um país pouco sério.