FRUTO DAS CONVICÇÕES
Não é recente o meu alerta sobre a preocupante inadimplência que vem crescendo de forma firme, gradual e segura no nosso pobre país. Vejo, inclusive, que esta minha insistência não é bem aceita por um bom número de leitores, que não veem grandes riscos para a nossa economia. Entretanto, como só tenho compromisso com a minha consciência, tudo que escrevo nos meus editoriais é fruto exclusivo das minhas convicções. Quem não concorda, para ser feliz basta se manter fiel ao seu pensamento.
GIRO DO MOTOR
Antes de tocar mais uma vez nesse árido assunto é sempre bom lembrar que os americanos sempre foram muito criticados pelos neo-socialistas brasileiros, pelo fato dos EUA serem uma sociedade de consumo. E, como tal, sempre foi movida pelo crédito, que quanto mais injetado no sistema, maior o giro do motor da economia.
CAPITALISMO AMERICANO
Pois, para felicidade geral da Nação Brasileira, não é que esse governo, que mais atacou o capitalismo americano, movido a crédito, resolveu fazer o mesmo aqui no Brasil? De uns anos para cá, inclusive, o governo petista resolveu abrir as torneiras do crédito sem restrições. E, ao perceber a alegria irradiada pelo povo, simplesmente deixou de lado o tamanho do comprometimento da renda per capita (que ainda é baixa). Assim, quem quer crédito basta pedir.
FILME REPRISADO
Este filme já passou em todos os cinemas do mundo todo, certo? Daí que é sempre oportuno repetir: a bolha imobiliária americana nasceu, cresceu e estourou, simplesmente porque o governo Clinton determinou que fossem multados os bancos que negassem crédito a quem quisesse adquirir um imóvel. Principalmente para os menos aquinhoados. Deu no que deu.
BRINDE
Aqui, a coisa está ficando muito parecida. Como os bancos públicos federais (Banco do Brasil e Caixa) já detêm mais de 40% do bolo de crédito do país, e o governo quer aumentar ainda mais este volume para não deixar a economia desaquecer, a impressão que deixa é de que basta passar em frente de qualquer banco público para ser brindado com um financiamento. Caso recuse tem grande chance de ser multado.
POLÍTICA FROUXA
Este afrouxamento ?perigoso- da política monetária do governo, certamente vai deixar os consumidores pra lá de emocionados e prontos para qualquer produto durável. Como tudo tem limite e parece que muita gente já está bem além dele, poucos poderão pagar o que devem.
PROVISÕES
Observem que alguns bancos privados, como é o caso do Itaú Unibanco e Bradesco, principalmente, estão aumentando significativamente as provisões para devedores duvidosos. Ontem, o próprio vice-presidente executivo do Itaú, Alfredo Setubal, foi taxativo: - Temos de ficar atentos a qualquer tipo de bolha. Ora, se muita gente por esse mundo afora se sentiu traída por falta de alertas a respeito do crescimento da bolha, que acabou na atual dificuldade que enfrentam os países mais desenvolvidos, imagino que aqui, no Brasil, deste mal ninguém vai sofrer. Pelo menos para aqueles que leem o Ponto Critico. A exuberância, como se vê, está se complicando.