SEM CONTESTAÇÃO
O vice-presidente, José Alencar, goza de boa reputação junto à sociedade. É considerado um bom sujeito. E, por estar enfrentando uma doença grave, recebe muita compaixão dos brasileiros, que nunca contestam as suas afirmações.
POLÍTICA MONETÁRIA
Ontem, por exemplo, pela enésima vez, José Alencar criticou a política monetária do Banco Central. Afirmou que é restritiva e desencoraja investimentos porque desencoraja também o consumo. E finalizou dizendo que o Brasil vai bem apesar da política monetária, e não graças a ela.
EQUÍVOCO
Sem entrar no mérito das possíveis razões, que porventura o nosso vice-presidente tenha, o curioso é que ele se equivoca, ao centrar seus ataques exclusivamente às taxas de juros, que nada mais são do que uma conseqüência da nossa pra lá de péssima política fiscal.
POLÍTICA FISCAL
Às vezes fico imaginando o quanto a doença de José de Alencar está dificultando seriamente o seu raciocínio. Se os juros (taxa Selic) representam complicadores para a nossa economia, o fato é que o real e enorme problema está, de forma gritante, nas despesas governamentais. Na política fiscal, portanto.
RECOMENDAÇÃO AOS MÉDICOS
Se alguém tem acesso mais direto aos médicos que cuidam do nosso Alencar, a minha recomendação é que lhe façam exercícios cerebrais, para que ele entenda o quanto somos penalizados com a política fiscal e tributária do país. Ali é que está o problema e é dali que deve sair alguma solução. Inclusive dos juros.
VENENO DO SISTEMA
A carga tributária do país, que beira 40% do PIB, indiscutivelmente é o verdadeiro veneno do sistema. Aí é que está o mal que asfixia a competitividade e, por conseqüência, impede o desenvolvimento exigido para um país emergente.
ACORDA, ALENCAR
Se Alencar tem suas dificuldades para enxergar a realidade brasileira, o que é compreensível, isto não significa que devemos nos comover com as suas declarações. Se a taxa de juro-prime, definida pelo COPOM, fosse igual a zero, o Brasil continuaria vítima de todas as dificuldades para enfrentar a concorrência dos países de primeiro e terceiro mundo. Acorda, Alencar, enquanto há tempo.