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05 fev 2013

JOGANDO CONVERSA FORA


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O ERRADO SOU EU
Ontem à tarde, enquanto assistia os discursos que antecederam a votação para presidente da Câmara dos Deputados, que resultou na cantada eleição de Henrique Eduardo Alves ou, mais precisamente, de mais um político do PMDB cercado de suspeição, falta de ética e mau comportamento por todos os lados, cheguei a uma triste, tardia e ingênua conclusão: O ERRADO SOU EU. Eu e, certamente, mais um punhado de tontos educados com os mesmos princípios.
NOVA ONDA
A minha voz, assim como a desse pequeno grupo, infelizmente, só conseguem ser ouvidas numa mesa de bar, cujas cadeiras são ocupadas por indignados que não têm coisa melhor para fazer. Formamos um ingênuo grupo de pessoas convencidas de que o tecido social está contaminado, sem perceber, no entanto, que para a maioria do povo tudo está em linha com a nova onda comportamental. Ou seja, a corrupção e a safadeza passaram a ser vistas como normais e rotineiras. Fazem parte, portanto, da cultura dos brasileiros.
VOZ DA RAZÃO
Os errados, ou desajustados, indiscutivelmente, somos nós, impotentes e convencidos de que a educação correta é aquela que recebemos. Mais: com enorme resistência, ainda mostramos dificuldade em reconhecer que a voz do povo (maioria) é, sim, a voz da RAZÃO, a voz do CONVENCIMENTO. Daí essa infelicidade que nos atormenta e não nos deixa em paz.
OUVINDO VOZES
Em meio ao discurso do novo presidente da Câmara, que simplesmente desafiou o STF, me vi vestido com a roupa de um bobo errante. A ponto de ouvir meus pais e mestres, que diziam duas frases: 1-
VONTADE PURA
Ora, no Brasil, como se sabe, justiça é manga de colete. E atitude consciente é esta que estamos assistindo através dos atos de nossos representantes, ou essência do povo. Afinal, os 271 votos (55% do total) que o deputado Henrique Alves recebeu, ontem, de seus colegas, não podem ser confundidos com desatenção, descuido, mero acaso ou uma escorregadela. É vontade. Pura vontade.
FORA DA CASINHA
Um número tão expressivo de deputados, que seguiram os mesmos passos dos senadores quando elegeram o sinistro Renan Calheiros, não comete erros. Acerta. Bem de acordo, aliás, com a cultura ora dominante no país. Quem pensa e age de forma diferente, de antemão precisa saber que está, literalmente, FORA DA CASINHA. É o meu caso, infelizmente.
CONVERSA DE BAR
O que me preocupa neste momento é que meus filhos foram educados com os mesmos ensinamentos que recebi. Ambos, portanto, já estão formados. Formados em INDIGNAÇÃO, certamente. No mais alto grau. Por serem leitores do Ponto Crítico já imagino que depois de tomarem conhecimento deste editorial vão querer conversar sobre o assunto. Caso receba o convite vou propor que a nossa conversa aconteça num bar qualquer da cidade. Lá, certamente, vão entender que falar sobre o futuro do Brasil é jogar conversa fora.