LUTO
O falecimento do ex-vice-presidente José Alencar, ocorrido ontem, deixou o Brasil todo de luto. Ninguém, certamente, vai esquecer tão cedo a fisionomia serena desse homem que, de forma teimosa resistiu aos ataques fulminantes de uma doença incurável.
EXEMPLO DE CORAGEM
Nas incontáveis cirurgias que Alencar foi submetido, em todas elas deixou a sua marca: a serenidade e a confiança de que era mais forte do que o mal que insistia em abatê-lo. Com o desaparecimento de José Alencar fica, portanto, o exemplo de sua coragem e determinação.
EXEMPLO INDUSTRIAL
Entre as boas lembranças que nos deixa o falecido, destaco também a trajetória empresarial muito exitosa do ex-vice-presidente. Sem dúvida, neste campo Alencar foi um belo exemplo de empreendedorismo industrial.
AS MÁS LEMBRANÇAS
Já no campo político, a bem da verdade, Alencar não deixa boas lembranças. Normalmente, em ocasiões como esta, não é comum expor aquilo que lamentamos a respeito das pessoas que nos deixam. Mesmo assim prefiro separar as coisas usando o máximo de franqueza e respeito.
CONSCIÊNCIA DOS CORTES
Se José Alencar mostrou, publicamente, total consciência do mal que lhe afligia, da mesma forma, pelo exemplo de homem que foi, não se concebe que não soubesse que uma doença muito semelhante à sua ataca, insistentemente, as nossas contas públicas. É óbvio que, da mesma forma serena como enfrentou os cortes para retirada dos tumores, Alencar não podia desconhecer que o Brasil tem necessidade de urgentes e profundos cortes de despesas.
OMISSO ÀS REFORMAS
Oriundo da atividade industrial, e, portanto, sabedor dos entraves que levam o país a ter um custo muito alto para produzir, não é admissível que Alencar tenha sido tão omisso quanto às reformas que o Brasil necessita.
MINHA HOMENAGEM
Vale lembrar também que nas vezes em que o ex-vice se pronunciou a respeito do governo, sempre foi crítico ao Copom e ao Banco Central, com queixas enormes sobre as altas taxas de juros.Curiosamente, inclusive até já escrevi sobre isto, José Alencar só atacava a consequência deixando as causas intactas. Observem que nunca deplorou a alta carga tributária, a gastança desmedida do governo e o rombo da Previdência. Exatamente onde estão as causas que exigem taxas de juros altas. Presto aqui, portanto, as minhas sinceras homenagens ao homem que nos deu uma lição de vida, ao lutar bravamente contra uma grave doença. Para não prejudicar a minha emoção e trair a minha razão fico por aqui.Sentirei falta, certamente, do ser humano, do empresário José Alencar. Mas do político e ex-vice-presidente José Alencar não sentirei saudades. Que vá em paz.