MEMORIAL DA VERGONHA
Ontem, domingo, 22/10, fiz questão de participar da manifestação liderada pela valente e correta pensadora Fernanda Barth, pela pluralidade e democracia, contra os regimes totalitários e, notadamente em repúdio ao Memorial Luiz Carlos Prestes, ou Memorial da Vergonha, que está para ser inaugurado no próximo domingo, 28, em Porto Alegre.
HOMENAGEM A UM ASSASSINO
Porto Alegre, infelizmente, volta a se colocar na contramão da história, ao inaugurar um memorial comunista, como refere Fernanda Barth carregada de total razão.
Para quem não sabe, mas precisa saber enquanto há tempo, Luiz Carlos Prestes foi um líder comunista e um assassino e mesmo assim será homenageado em Porto Alegre. Mais: o memorial Luiz Carlos Prestes, ou Memorial da Vergonha, todo preto e vermelho, com uma gigantesca foice e martelo em sua cobertura, se nada for feito será inaugurado no dia 28 de outubro, pouco antes do centenário da Revolução Russa.
IDEOLOGIA SANGRENTA
Realmente inacreditável ver glorificada a ideologia sangrenta que matou mais de 100 milhões de pessoas no mundo todo e foi responsável pelo massacre de Holodomor, na Ucrânia. Enquanto no resto do planeta os símbolos comunistas são proibidos pelos crimes que foram praticados em seus regimes, em Porto Alegre continuamos enaltecendo-os. Retrocesso total!
Ouso chamar de Memorial da Vergonha, enfatiza F.Barth. - Este espaço deveria é ser destinado a memória de todas as vítimas dos regimes totalitários no mundo, mas não a um falso herói, que friamente mandou executar a menina Elza e causou terror com sua Coluna Prestes. Mas como isto aconteceu?
IDEIA LAMENTÁVEL
Em 1990, ano da morte de Luiz Carlos Prestes, o então vereador Vieira da Cunha (PDT), teve a lamentável ideia de construir um Memorial em homenagem ao sangrento comunista Luiz Carlos Prestes. A infelicidade foi aprovada por maioria na Câmara de Vereadores e homologada pelo então prefeito Olívio Dutra, que indicou terreno público, em área nobre, próximo às margens do Guaíba para a futura construção.
Como as condições financeiras não permitiram que o projeto saísse do papel, a ideia ficou na gaveta, na espera da oportunidade. Em 2008, a construção do memorial comunista acabou sendo viabilizada, graças a necessidade que a Federação Gaúcha de Futebol tinha de construir uma sede própria e que, como contrapartida a doação de uma parte do terreno pela prefeitura, bancou a obra. O novo projeto foi novamente aprovado por maioria na Câmara de Vereadores. Pode?
PROJETO MAIOR
Mas esta é só uma parte de um projeto maior que prevê de um lado a obra do Memorial Prestes com seu ornamento comunista e do outro o Memorial Caminhos da Soberania. Se o primeiro Memorial muitos só ficaram sabendo a poucos dias o que seria, o segundo quase ninguém ouviu falar. Pois no mesmo ano fatídico de 2008, durante o governo Fogaça, saiu a Lei nº 10.390, de 22 de fevereiro, que autorizou o Executivo Municipal a conceder uso de área situada na Subunidade 01 da Unidade de Estruturação Urbana (UEU) 1044 da Macrozona (MZ) 01 à Fundação Caminho da Soberania, para a implantação do Memorial Caminho da Soberania, para abrigar acervos dos líderes trabalhistas Leonel Brizola, João Goulart e Getúlio Vargas.
LONGE DOS OLHOS DA POPULAÇÃO
Tal concessão de uso terá vigência de 60 anos, prorrogável por igual período. A área concedida tem 23.255,80m², equivalendo a vários estados de futebol e fica no quarteirão formado pela Avenida Edvaldo Pereira Paiva e o Lago Guaíba, tendo como limite a Nordeste a Avenida Edvaldo Pereira Paiva numa extensão de 400 metros. Ou seja, é na beira do rio, ao lado do Anfiteatro Pôr do Sol. O presidente do conselho diretor da Fundação Caminhos da Soberania é Vieira da Cunha (PDT). O mesmo que teve a ideia do Memorial Luiz Carlos Prestes.
Isto tudo foi feito longe dos olhos da população, entre gabinetes de poder, entre vereadores e prefeitura, que acabaram por, de certa forma, privatizar partes da Orla de Porto Alegre para projetos de partidos políticos. Cada um com seu Memorial, fazendo propaganda da sua ideologia. De um lado os comunistas e de outro os trabalhistas. Porto Alegre merecia destino diferente.
MEMORIAL EM HOMENAGEM A TODAS AS VÍTIMAS
Cabe agora refletirmos como os espaços públicos da cidade são ocupados e com qual destinação. A sociedade não foi ouvida em relação a construção deste memorial da vergonha e nem em relação a concessão do outro terreno ao PDT. Caberia aos vereadores a sensibilidade de destinarem este prédio e o terreno a fins mais nobres, como um Memorial em Homenagem a TODAS as Vítimas de Regimes Totalitários.
Queremos que os vereadores se manifestem e façam a redestinação do prédio, transformando-o em um memorial mais “plural e democrático”.