ANALFABETISMO FUNCIONAL
A resposta mais convincente que encontro para poder explicar o que leva tantos gaúchos a fazerem questão de mostrar ao mundo todo, com muito orgulho, o quanto são afetados por um sério e preocupante analfabetismo funcional, é a letra do Hino Rio-Grandense. Só pode.
DE DUAS UMA
Como o analfabetismo funcional se caracteriza pela incompreensão daquilo que é lido, ou decorado, cada vez que o Hino Rio-Grandense é tocado, quem entoa a letra está dizendo, de duas uma: 1- que não sabe o que o que está cantando; ou, 2- que sabe muito bem e, portanto, acredita piamente que os atos do povo do RS devem servir de MODELO A TODA TERRA.
EXPRESSÃO COMPROMETEDORA
Assim, não consigo entender o que fez o autor da letra do Hino, Francisco Pinto da Fontoura, colocar no refrão a ridícula e comprometedora expressão: SIRVAM NOSSAS FAÇANHAS DE MODELO A TODA TERRA.
INFELIZ
Na semana passada, por exemplo, um destacado gaúcho fez questão de mostrar que, se depender de suas atitudes, o povo do RS é otário, estúpido e analfabeto funcional. É o caso do infeliz deputado Marco Maia, presidente da Câmara Federal.
MAU DEPUTADO
Mesmo consciente de que 99,9% dos brasileiros são obrigados a suportar o extraordinário rombo da Previdência dos Servidores da União, cujo valor chegou a incriveis R$ 56 bilhões em 2011 (para satisfazer o universo insignificante de 1 milhão de aposentados), o mau deputado Marco Maia decidiu suspender, na semana passada, a sessão da Câmara que estava pronta para votar o projeto que cria o Fundo de Previdência Complementar dos Servidores Públicos Federais (Funpresp). Pode?
IRADO
Com uma primorosa alegação, o gaúcho que preside a Câmara Federal (não entendo como) afirmou que não é obrigado a acatar a pauta de votações proposta pelo governo. Na realidade, Marco Maia ficou irado com o Palácio do Planalto porque um apadrinhado seu não foi o escolhido para ocupar um cargo na cúpula do Banco do Brasil.
REPERESENTANTES RUINS
É certo de que os gaúchos não são os únicos a eleger maus representantes. O que não é aceitável é que fiquem gritando aos quatro ventos que suas façanhas devem servir de modelo a toda terra. Ou será que perder a fábrica da Ford, além de mandar milhares de investimentos para longe do RS, é uma façanha importante que deve ser copiada? Mais: perder a Copa das Confederações é uma boa façanha? Ter um aeroporto sem condições de pouso em dias nublados, idem? Antes de tudo é preciso frear o ufanismo e a soberba. Ah, e tratar, urgentemente, da cura do Analfabetismo Funcional.