20 DE SETEMBRO
Hoje, 20 de setembro, os gaúchos festejam a Revolução Farroupilha, uma guerra regional, de caráter republicano, contra o governo imperial do Brasil. O curioso é que a comemoração se dá na data do INÍCIO do conflito (20 de setembro de 1835) e não no FIM ( 01 de março de 1845 - dez anos depois) como normalmente acontece.
FAÇANHAS
Como gaúcho, desde cedo tratei de entender o que leva o povo riograndense a ser tão ufano, do tipo que canta com ardor - SIRVAM NOSSAS FAÇANHAS DE MODELO À TODA TERRA-. Faço esta observação porque não é preciso ir muito a fundo para perceber que as reais e maiores FAÇANHAS do povo gaúcho são as CRISES.
PRAZER POR CRISES
Analisando apenas os últimos 50 anos, os gaúchos deixam bem claro que a felicidade reside nas CRISES. Daí a razão para o povo não querer se afastar da crise econômica, da crise política, da crise cultural e de outras tantas. E em todas elas o povo sempre fez questão de transferir o máximo de renda adquirida para o setor público, notadamente para os funcionários ATIVOS E INATIVOS do Executivo, Legislativo e, principalmente, do Judiciário, os grandes beneficiários.
EGO
Os gaúchos, desde o nascimento, são educados para conviver com enormes paixões. Assim, no RS tudo tem que ser: FRIO ou QUENTE; PRETO ou BRANCO; GRÊMIO ou INTER; CHIMANGO ou MARAGATO. Este comportamento, que já faz parte do DNA do povo do RS, faz com que o EGO DO GAÚCHO permaneça sempre muito inchado, a ponto de impedir a visão e a consciência de que o melhor para todos seria viver sem as crises que cultua.
POSITIVISMO
Como bem escreveu o historiador Décio Freitas, o grande responsável por esta cultura do -ideal positivista- iniciou em 1891, quando Júlio de Castilhos foi eleito presidente do Rio Grande do Sul e teve seguimento com Getúlio Vargas, que foi eleito como cria do mesmo -positivismo-. Só para lembrar: ambos foram ditadores.
MITO
O fato é que o gaúcho adora a briga, a discussão e na maioria das vezes as coisas acontecem de forma sempre muito passional. Mais: como bem define Donaldo Schuller, doutor em letras e Livre-Docente pela UFGRS, com a Independência, o Brasil, assim como o RS passou a receber imigrantes alemães, italianos, judeus, etc, que se juntaram ao açorianos. Com esta colcha de retalhos, o gaúcho primitivo deixou de existir e criou-se o MITO. O GAÚCHO- MITO continua definido como montador de cavalo, defensor das fronteiras e da liberdade.
CRISE POLÍTICA INTERMINÁVEL
A propósito: ontem, pela enésima vez seguida, a Assembleia do RS acovarda-se diante da necessidade de votar propostas de ajuste fiscal protocoladas pelo governo Sartóri e se nega a sequer discutir seus conteúdos.
Os deputados estaduais não quiseram votar sequer projetos de baixíssimo impacto, como é o caso do PL 148/2017, que proíbe a cessão remunerada de servidores para sindicatos públicos. 300 servidores estão cedidos e custam R$ 40 milhões por ano aos contribuintes.
Uma Casa Legislativa que se nega a dar ao governo ferramentas praticamente neutras para promover o ajuste fiscal, jamais terá coragem de ir mais fundo, aprovando projetos e PECs mais ambiciosas, também enviadas por Sartóri, como é o caso das privatizações da CEEE, Corsan e Sulgás.
Sem estas condições, o governo fica de mãos atadas, não consegue equilibrar as contas destruídas pelo governo Tarso Genro e acabará sequer conseguindo pagar a Folha e transferindo recursos para os Poderes Legislativo e Judiciário. (texto extraído do blog do Políbio Braga).