ANIVERSÁRIO
Na próxima quarta-feira, 11 de outubro, o Ponto Critico completará 16 anos de existência. Ao longo deste período já foram publicados mais de 4.150 editoriais, todos eles, sem exceção, produzidos com absoluta obediência ao que prega a LÓGICA DO RACIOCÍNIO.
MARCAR A PASSAGEM
Assim, para marcar a passagem deste aniversário, a exemplo dos anos anteriores trato de mostrar alguma novidade no corpo do site, sempre pensando em agradar o contingente de pacientes leitores e os bravos anunciantes, que justificam o esforço e a razão da existência desta e-opinion.
NOVIDADE
Pois, além da homenagem que presto ao saudoso Roberto Campos, falecido dois dias antes (09/10/2001) da publicação do primeiro editorial, o qual tenho em conta como real padrinho e inspirador do Ponto Critico, a novidade deste ano é a criação de um ESPAÇO PENSAR+, que será destinado para publicação de conteúdos produzidos, exclusivamente, pelos integrantes do seleto GRUPO DE PENSADORES que formam o PENSAR+.
A TÍTULO EXPERIMENTAL
A título de antecipação, enquanto está sendo montado local destinado ao ESPAÇO PENSAR+, o qual deverá ficar abaixo do MARKET PLACE, na parte inferior aos blocos que compõem os meus editoriais, resolvi, a título experimental, com o propósito de sentir o gosto dos leitores, publicar hoje dois conteúdos que considero como inaugurais.
ESPAÇO PENSAR+ 1
O primeiro é assinado pelo pensador Percival Puggina, com o título: NADA MAIS IMPORTANTE! Eis:
Gosto de escrever crônicas. No entanto, raramente consigo pois a urgência e a arrogante importância das pautas cotidianas consomem meu tempo. Hoje, não.
Aconteceu no centro de Porto Alegre, em local inesperado e hora imprópria, proporcionado por uma única protagonista. E duvido que a maior parte dos transeuntes tenha prestado qualquer atenção ao que estava em curso.
A personagem cobria-se com andrajos. A pele, envelhecida, visivelmente não se encontrava com água há muito tempo. Todo seu aspecto, dos cabelos aos pés, dava a impressão de se tratar de pessoa egressa de um sanatório para doentes mentais. Sentada ao meio-fio, ignorando o mundo que fluía ao seu redor, com um rasgado sorriso de felicidade, a mulher pintava as unhas dos pés descalços.
Foi um flash, um instante fugaz, colhido pela retina enquanto o carro descia a movimentada rua. Mas nunca esquecerei a imagem de alguém que perdeu tudo, inclusive a razão, sem perder a vaidade. A mais bela metade da humanidade estava ali representada, num espetacular, eloquente e silencioso comício da feminilidade.
Pode parecer estranho, mas me senti, como homem, homenageado por aquele gesto aparentemente tão impessoal e fútil quanto deslocado. Mulher mãe, filha, esposa, namorada, amante. Mulher sadia ou enferma; bem cuidada ou maltratada. Vaidosa, dengosa e valente. Não há no mundo nada mais importante nem mais interessante do que a mulher.
Quantas lutas não encontraram lenitivo no vazio daquela loucura? Quanto abandono, traição e combate desigual não a conduziram ao precipício da demência? Mas a vaidade, mulheres que me leem, a tudo resistiu. Quantas pessoas não terão passado ali e visto nada além de uma expressão da moléstia? E no entanto – insanos! – aquelas mãos sujas escreviam nos pés encardidos, com pincel e esmalte, uma poesia de rara beleza.
Leitor fugaz daqueles versos eternos, deixo aqui minha própria homenagem ao que eles expressam. E fique a pauta política inteira para amanhã!
ESPAÇO PENSAR+ 2
O segundo, e não menos importante, é da lavra da pensadora Fernanda Barth, com o título FUNDÃO!. Eis:
Dinheiro Público
Os políticos tradicionais, preocupados em garantir recursos para suas campanhas sem esforço pessoal e nem necessidade de serem eficientes, aprovaram um fundão eleitoral imoral que parte de R$ 1.7 bilhão. Este dinheiro, dos impostos que pagamos, sairá 30% das emendas que os parlamentares destinavam a seus redutos eleitorais, e das isenções que eram dadas para as emissoras de rádio e TV veicularem propaganda partidária fora de época eleitoral.
Como os valores destinados às emendas variam de ano a ano, conforme o orçamento, duvido que a variação seja para menos. Duvido porque os exemplos que estes políticos comprometidos apenas com seus partidos e projetos pessoais têm nos dado é de que se alguém tiver que perder algo ou ser afetado pela crise econômica não serão eles, que vivem na ilha da fantasia. A conta é e sempre será repassada para nós, enquanto existir esta imoralidade de sustentar partidos políticos com dinheiro público.
Dinheiro Privado
Por outro lado, eles mantiveram a proibição em relação as doações privadas empresariais, como se só o fato de existir este tipo de doação fosse o gatilho corruptor e não o caráter das pessoas envolvidas na ação, suas atitudes e motivações. É como se com isto eles estivessem dando um atestado de honestidade dizendo “nós não queremos este dinheiro sujo empresarial que depois vai nos cobrar retorno e nos corromper”.
Outra questão polêmica foi a restrição de doação por pessoa física de no máximo 10 salários mínimos por cargo. Ou seja, se eu quero doar para deputado estadual, só posso doar até este teto. Se quiser ajudar mais de um candidato, terei que dividir este valor entre os candidatos. Isto vai tornar a captação ainda mais difícil em 2018, para aqueles que não tem partidos milionários e reservas guardadas. Está dado o recado. A doação do candidato para sua própria campanha, que antes era limitada a 7% ou até R$ 200 mil reais para cargos majoritários foram retirados do texto, ficando proibidos.
Em compensação os partidos poderão vender “bens e serviços” e “promover eventos” para captar fundos de campanha (sejamos criativos ao pensar que bens e serviços poderiam ser). Também será possível começar a arrecadar para a campanha a partir de 15 de maio por meio de financiamento coletivo online (vaquinhas), podendo utilizar os recursos após o registro das candidaturas.
Liberdade e eficiência
O que podemos ver é que se retira mais liberdade do financiamento privado e se aumenta o financiamento público, garantindo a reeleição de candidatos que deveriam estar atrás das grades. Neste sistema o Brasil continuará dando aval para que péssimos políticos se mantenham no poder. Com o fundão eles garantem sua existência, independente de representar ou não os seus eleitores. É o Brasil cada vez mais longe de uma representação política substantiva e eficiente, onde só sobreviveriam os partidos e os políticos que defendessem os valores e demandas de seus eleitores e não apenas os seus próprios.
NA MOSCA
Espero que gostem da novidade. Mais: nunca esqueçam de que nesses quase 16 anos de Ponto Critico antecipei tudo aquilo que aconteceria no nosso empobrecido Brasil e, notoriamente, no falido Estado do Rio Grande do Sul. Detalhe: não precisei recorrer ao quiromantismo para expor o que acertei na mosca.