DOIS ASSUNTOS
Quando já estava me despedindo da Feira de Hannover, na sexta feira, 24, na Alemanha, participei de um almoço informal que reunia empresários e investidores alemães. No meio da conversa dois assuntos vieram à tona: 1- o peso dos tributos no Brasil e na Alemanha; e,2- as falcatruas das passagens aéreas que a mídia, felizmente, não para de expor.
CARGA ELEVADA
Depois que informei a nossa carga tributária que beirava os 40% do PIB, um deles, bem mais interessado disse que na Alemanha o peso também é altíssimo. Por isso muitas empresas, em busca de maior competitividade, estão caindo fora de lá procurando países menos gananciosos.
DOADOR COMPULSÓRIO
Aproveitei o momento de atenção para informar que no Brasil eu sou um doador compulsório de dinheiro para o governo. E que os alemães, sim, pagam impostos. Como o meu interlocutor franziu o cenho, dando clara demonstração de não ter entendido, expliquei:
COMPRA EFETIVA
- Para vocês, aqui na Alemanha, o pagamento de impostos corresponde à compra efetiva desta maravilhosa infra-estrutura que se vê e que está disponível além de todos os serviços sociais. Vocês realmente pagam pelo que recebem, embora até tenham o direito de discutir o valor que pagam.
POUCI EM TROCA
Eu, lá no Brasil, como recebo muito pouco em troca, não estou pagando impostos, mas fazendo uma doação de dinheiro ao governo. Doação, como se sabe, não tem compromisso de contrapartida. Só que no Brasil o donativo, a contribuição é compulsória.
DESAPONTADO
Percebi que o meu interlocutor ficou muito despontado. E de forma disfarçada anotou o que eu disse. Deu-me a impressão de que ele estava riscando o nosso país dentre àqueles com possibilidades de investir. Será?
CIDADANIA
Isto que o tempo não permitiu falar sobre as falcatruas das passagens aéreas. Imaginem se tivesse falado. Mas ainda assim percebi, nas entre linhas, que os alemães gostariam de saber quando o povo brasileiro irá assumir a sua condição de cidadão e partir para cima dos safados. Se perguntarem isso, o que devo dizer?