FUNERAL DAS ESPERANÇAS

Diante da avalanche de estupidez que rolou ontem no nosso pobre Brasil, que acabou por desfigurar por completo a necessária e inadiável REFORMA DA PREVIDÊNCIA, percebi, com grande tristeza, que  só nos resta preparar o funeral  das esperanças de ver o Brasil melhorar.

 

ENORME FRUSTRAÇÃO

Depois que tomei  conhecimento do recuo monumental que o governo precisou fazer, para -tentar- aprovar  um mero e insignificante REMENDO PREVIDENCIÁRIO, que assegura a manutenção de toneladas de INJUSTIÇA SOCIAL, entrei em contato com a funerária e pedi que enviassem um caixão bem grande, com espaço suficiente para acomodar a minha enorme frustração.  

 

PREFERÊNCIA NACIONAL

A rigor, o que me levou, definitivamente, a admitir que nada mais restava a fazer senão chamar a funerária foi o recado -vencedor- emitido por sindicalistas e assemelhados, que dedicaram todo o seu tempo avisando que o  POVO BRASILEIRO, DECISIVAMENTE, QUER O CAOS. Ou seja, O CAOS É PREFERÊNCIA NACIONAL. 

DUAS CLASSES

Os leitores que me acompanham são testemunhas do quanto me esforcei, contando muito com a colaboração de dois incansáveis pensadores, Darcy Francisco dos Santos e Ricardo Bergamini, para explicar o quanto o nosso sistema previdenciário é extremamente INJUSTO. Notadamente porque divide os aposentados em DUAS CLASSES, onde a turma dos servidores públicos ocupa a PRIMEIRA CLASSE e a turma do INSS ocupa a SEGUNDA CLASSE.  Pois nem esta miserável distinção foi capaz de mexer com os ânimos dos INJUSTIÇADOS. 

 

FIM DA DISCRIMINAÇÃO

Ainda que esteja abatido com o falecimento das esperanças, antes do caixão da REFORMA DA PREVIDÊNCIA ser colocado na cova rasa, proponho aos sindicalistas, que tanto lutaram pelo CAOS, que acabem definitivamente com a existência de DUAS CLASSES DE APOSENTADOS no nosso Brasil. Para tanto basta que todos passem a frequentar, para todo o sempre, as delícias da PRIMEIRA CLASSE. Com o fim desta odiosa  discriminação, o Brasil passa, ao menos, a gozar de uma JUSTIÇA IGUAL PARA TODOS.  Que tal?

BEM-VINDO, CAOS

Tudo leva a crer, neste mar revolto de estupidez em forma de grandes ondas, que o CAOS pode se transformar na oportuna tábua de salvação que o país precisa para fazer qualquer REFORMA. Aliás, a história prova que o brasileiro em geral é pouco ou nada previdente. Prefere ser atingido pela catástrofe para ver depois o que pode fazer. Portanto, só me resta dizer: BEM-VINDO SEJA O CAOS!!! 

OPINIÃO FERNÃO LARA MESQUITA

A propósito, eis o que diz o jornalista Fernão Lara Mesquita, na coluna de opinião do Estadão:

- Todo servidor se aposenta com 100% do que ganhava no último dia de trabalho, coisa inédita no mundo. (Na verdade, costumam ter uma ou duas “promoções” pouco antes de cruzar a linha aos 50 anos.) Com 30 anos ou mais pela frente de puro desfrute, camadas sucessivas se vêm acumulando. Todas essas aposentadorias têm sido “reajustadas” muito acima da inflação junto com os salários dos servidores ativos (estes com aumentos contratados até 2020, no meio do pânico do resto do Brasil). 

Já os súditos no País real “se aposentam” com 70% do último salário (que paga imposto a partir de R$ 2 mil e pouco) e continuam trabalhando até morrer, pois se já viviam no limiar da miséria com 100%, que dirá com 70%.

Essa situação é tão generalizada que o governo está criando o Regime Especial para o Trabalhador Aposentado, isentando o trabalho na velhice de alguns impostos. Aposentadoria “por tempo de serviço” aos 50 anos é, portanto, um luxo exclusivo dos donos do Estado. A maioria se aposenta antes disso, aliás, graças aos “regimes especiais”, mais uma das inúmeras formas de roubo legalizadas com que nos sangram, exatamente semelhante aos “auxílios” e outros apelidos que dão a pedaços do salário para aumentá-lo além do teto e sonegar imposto, só que aplicado ao tempo contado para se aposentar.