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21 jul 2010

BRASIL: ESTÁ TUDO BEM ?


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PENSAR!
Como o desempenho da economia brasileira está sendo muito festejado, tanto por empresários quanto por consumidores, isto certamente vai levar muita gente a votar pela continuidade deste governo.Antes que isto ocorra proponho uma criteriosa reflexão sobre o destino da nossa economia que está cada vez mais doente por falta de reformas. Quem faz o alerta é um dos nossos pensadores, Darcy Francisco dos Santos, do Grupo -Pensar!:
ESTÁ TUDO BEM?
Quando se constata que: 1- a inflação brasileira foi quase nula no mes passado; 2- a taxa de desemprego está baixa; e, 3- o PIB deve crescer próximo a 7%, embora sobre uma base baixa, a impressão que está sendo passada para a sociedade é de que tudo está muito bem.
DÉFICIT NOMINAL
Esse mesmo sentimento acontece quando se observa que o déficit nominal do Brasil foi de 3,3% do PIB em maio, enquanto o previsto para esse ano é próximo a 8% no Japão, quase 10% na Espanha e 12% no Reino Unido.
TRANSAÇÕES CORRENTES
Mas, além do déficit nas transações correntes com o exterior, que atingiu 18,7 bilhões de dólares (crescimento de 183% em relação ao mesmo período do ano anterior), ainda há outro grande problema: o crescimento da dívida interna do Governo Federal.
DÍVIDA LÍQUIDA
A dívida interna bruta cresceu R$ 434 bilhões entre maio de 2009 e maio de 2010 (um aumento de 32%), quando a inflação no período foi pouco mais de 5%. Quando comparado com a dívida líquida, o crescimento, embora menor em valores absolutos, alcançou o expressivo percentual de 42%.
CAUSAS
Há três causas para esse crescimento: 1- o financiamento das reservas cambiais; 2- a capitalização do BNDES (R$ 180 bilhões); e, 3- a incorporação dos juros ao estoque da dívida, por insuficiência de resultado primário.
RESULTADO PRIMÁRIO
No período citado, o montante de juros devidos pelo Tesouro Nacional foi de R$ 139,3 bilhões (27% superior ao apurado em igual período do ano anterior). Já o resultado primário foi de apenas R$ 44,8 bilhões, deixando a descoberto R$ 94,5 bilhões, ou 68%.
EXCESSO DE GASTOS
O reduzido valor do resultado primário decorre do excesso de gastos, que acompanha o excelente crescimento da receita. Só para dar um exemplo, no período de janeiro a maio de 2010, a receita líquida cresceu 13,4% acima da inflação e a despesa, 12,8%. Como grande parte dessa despesa é incomprimível, basta que se reduza o ritmo de crescimento da receita para que ocorra a volta do déficit.
DÉFICITS GÊMEOS
-Se medidas corretivas não forem tomadas, poderemos ter em pouco tempo os tão temidos déficits gêmeos: nas contas externas, e nas contas do Tesouro Nacional. Diante disso pode-se dizer que nem tudo está bem na economia brasileira.