TEXTO DO FERNÃO LARA MESQUITA
Inicio o editorial de hoje usando a parte final do texto do jornalista Fernão Lara Mesquita, publicado hoje, 24, no Estadão, com o título -Que tal a gente falar sério?-. Eis:
JEITO DE ORGANIZAR
Só existe um jeito certo de organizar uma sociedade. Funciona no Oriente e no Ocidente, de polo a polo. IGUALDADE PERANTE A LEI, FIDELIDADE DA REPRESENTAÇÃO E, PRINCIPALMENTE -COBRABILIDADE- do representante pelo representado sem intermediários são os seus fundamentos inegociáveis. Em todos os tempos e em todos os lugares os políticos servem não a quem tem o poder de eleger, mas a quem tem o poder de deseleger.
FICAR DO JEITO QUE ESTAMOS
Mais: O Brasil que não é do mal precisa se decidir se quer mesmo ser do bem. Temos de viabilizar um meio de sair disso (situação política e econômica) com os políticos que temos. Criar um caminho para quem queira mudar de lado. A adesão formal a um compromisso avalizado pelo mandato de adoção de uma lista mínima de princípios universalmente consagrados da democracia a ser implantados num prazo curto, terminando na transmissão do poder de decisão final ao povo, com recall e referendo sem mutretas na regra de legitimação.
Pôr o País sob nova direção é a reposta. FICAR NO MEIO DO CAMINHO É FICAR DESSE JEITO QUE ESTAMOS.
ESCOLHA IMPORTANTE
Fica aí, portanto, a dica para a sociedade brasileira. Cabe a ela, exclusivamente a ela, decidir qual o Brasil que quer o BRASIL DO BEM ou o BRASIL DO MAL. Com um detalhe importante: o BRASIL do MAL já mostrou a sua cara ao provocar forte destruição econômica, enorme desemprego e caos social. Resta agora, se a sociedade achar por bem, experimentar o BRASIL DO BEM. Que tal?
CENÁRIO MUITO RUIM
Também aproveito este editorial para repercutir o que disse o pensador e presidente do IBGE, Paulo Rabello de Castro, na entrevista que concedeu ao jornal Valor de hoje, 24, (Não houve erro, o mercado está neurótico). Lá pelo meio da entrevista Rabello de Castro, mostrou, de forma taxativa, que o cenário econômico do país é MUITO RUIM. Como se vê, enquanto ministros e o próprio Temer insistem em defender a tese de que a recuperação econômica vinha em marcha, Rabello de Castro vai no caminho oposto, como definiu.
TENDE A AGRAVAR
Eis a resposta completa: - Muito ruim. E tende a agravar a síndrome de confiança, porque tudo o que essa administração tem tentado fazer desde o dia 01, que foi comemorado há dias o primeiro ano, foi reinstituir a confiança. E no momento em que politicamente essa confiança é desmontada no seu aspecto mais visceral, que é a confiança na atitude do governante, realmente é para ficarmos muito preocupados.
MISSÃO
Na parte final da entrevista, Valor perguntou: - Existe o planejamento de conseguir recursos vendendo pesquisas?
Rabello de Castro respondeu: - Não. Eu não estou planejando isso. Eu não conto com isso e não vai ser na minha gestão. Agora que já cumpri um ano aqui, posso dizer que é uma ideia para a próxima gestão.
Valor: Quando o senhor fala que não vai ser na sua gestão, o senhor tem um planejamento de quanto tempo pode ficar no IBGE?
Rabello de Castro: - Fui convidado pelo presidente Temer, que agora está enfrentando uma dificuldade grande até de permanência. Eu vim aqui para realizar uma missão. Agora, devo dizer de modo muito claro: tive uma alegria e também uma surpresa enormes de estar na presidência desse órgão que realmente orgulha o país. E se existe bagunça no Brasil, não ponham o IBGE no meio dessa bagunça. Aqui nós preservamos a idoneidade das nossas pesquisas, que se refletem em precisão e imparcialidade de modo rigoroso.