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11 fev 2009

ATIVOS PODRES


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PACOTE
Finalmente, o Tesouro americano anunciou, ontem, que deverá criar uma estrutura de fundos público-privados para retirar pelo menos 500 bilhões de dólares em ativos podres dos balanços dos bancos, incentivando investidores privados a participarem.
CONFUSO
A declaração do governo dos EUA, pelo que entendi, é que os recursos seriam usados para a COMPRA de ativos podres dos bancos para limpar os balanços deles. Fiquei confuso. O que significa comprar ativos podres? Ativo podre tem valor? Será comprado? Por quanto? Ou a notícia está errada ou o contribuinte é estúpido.
DOAÇÃO
Ora, quem compra alguma coisa quer tirar algum proveito da coisa comprada. É o que chamamos de taxa de retorno. Se o ativo adquirido está podre, nada mais óbvio de que não houve uma compra. Houve, isto sim, uma doação. Doação admitida pelos contribuintes, supostamente.
SALVAR O QUE RESTA
Nada tenho contra a prática de fazer doações. Eu mesmo, recentemente, contribui para os vizinhos catarinenses atingidos pelas enchentes. Portanto, quem deve analisar a proposta do governo americano é, exclusivamente, o contribuinte americano. Só ele deve saber o quanto está disposto a gastar para salvar o que pode e resta.
PROPOSTA
O problema, bem demonstrado pela queda dos índices das bolsas, ontem, é que não foi explicada a forma para que as doações sejam feitas. O secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, informa que o plano se propõe a: resgatar o sistema financeiro, retomar o fluxo de crédito, sanear e fortalecer os bancos e prover ajuda para os proprietários de imóveis e pequenos negócios. Só não explicou a forma.
ALAVANCAGEM
O mercado já tem consciência de que muitos bancos americanos estão praticamente falidos. Somando tudo que têm a receber, por créditos concedidos, e comparando com a soma de todos os depósitos recebidos de seus correntistas e aplicadores vai faltar dinheiro. Muito dinheiro. Simplesmente porque a alavancagem foi excessiva.
O PAPEL DO CRÉDITO
Este comentário não objetiva assustar os leitores/assinantes. O meu propósito é só explicar a forma como vejo o grave problema que está acontecendo, que não é pouco. Atenção: não se trata de problema de crédito no Brasil. Longe disso. Principalmente, porque o crédito por aqui, como é sabido, sempre foi muito escasso. O drama todo é que os principais países de primeiro mundo (EUA e Europa) representam mais de 50% do PIB mundial, os quais sempre usaram muito credito para poder crescer. Sem eles funcionando bem, todas as economias entram em parafuso.