AGUARDANDO A POSSE
Faltando pouco mais de um mês para as eleições, a vitória de Dilma Rousseff já é praticamente assegurada. E em primeiro turno, para não restar dúvida. A partir de agora, portanto, só nos cabe aguardar a posse, no início de 2011, e ver o Brasil se entregar de corpo e alma ao devastador programa bolivariano latino.Se Lula proporcionou a entrada do bolivarianismo no país, caberá à Dilma consolidar o programa.
PROVA
O que atesta e garante esta certeza, hoje mais do que concreta, consta nos registros do XVI Foro de São Paulo, realizado na semana passada em Buenos Aires. Começando pela participação dos representantes do PT, partido fundador do FSP, que lá estiveram: Valter Pomar (além de dirigente do PT é secretário executivo do Foro de São Paulo); José Eduardo Cardozo (além de secretário geral do PT é também coordenador da campanha de Dilma Rousseff); e o já conhecido Marco Aurélio Garcia (assessor de assuntos internacionais do governo Lula).
PLATÉIA CONVENCIDA
Valter Pomar até deu uma de carteiro: levou em mãos a carta que o presidente Lula escreveu para ser lida aos participantes do FSP, com a promessa de fazer a leitura da mesma.Já o deputado José Eduardo Cardozo, e o assessor Marco Aurélio Garcia trataram de emitir declarações de confiança quanto ao avanço do bolivarianismo no Brasil. A platéia ficou mais convencida quando Cardozo informou que a vitória da candidata petista está praticamente definida.
CARTA (BOLIVARIANA) DE LULA
EIS A CARTA - Observem o que Lula escreveu e que foi lido no FSP:Queridas Companheiras e Companheiros,Há 20 anos, 42 partidos e movimentos progressistas da América Latina e do Caribe reuniram-se em São Paulo - convidados pelo Partido dos Trabalhadores - para um Encontro sem precedentes na recente história política de nosso Continente. Nascia, assim, o que um ano depois, no México, seria chamado de Foro de São Paulo.Vivíamos tempos difíceis no início dos anos noventa. Em muitos países ainda persistiam fortes marcas das ditaduras que se haviam abatido nas décadas anteriores sobre nossos povos. Esses resquícios autoritários impediam a constituição de democracias vigorosas e dificultavam a luta dos trabalhadores.
CONTINUAÇÃO
Pairava sobre nosso Continente a hegemonia do ideário do Consenso de Washington: Primazia do mercado, enfraquecimento do Estado, desregulamentação das relações de trabalho, sacrifício da noção de desenvolvimento e de políticas sociais em nome de uma suposta estabilidade, buscada a qualquer preço, com enormes sacrifícios para os trabalhadores do campo e das cidades.A predominância dessas idéias conservadoras era reforçada pela profunda crise das referências tradicionais das esquerdas - as comunistas e os socialdemocratas. Suas políticas não permitiam explicar a realidade mundial mas, sobretudo, mobilizar as grandes massas.A reunião de São Paulo e tantas outras que se seguiram nestes 20 anos tiveram como mérito fundamental criar um espaço democrático de conhecimento e de discussão das esquerdas. Esse espaço não existia, muitas vezes, nem mesmo em nossos países.Não criamos uma nova Internacional. Conhecíamos a história das internacionais e sabíamos que era mais importante termos um Foro no qual pudéssemos intercambiar experiências, discutir acordos, mas também desacordos.As transformações pelas quais passaram a América Latina e o Caribe nestas duas décadas têm muito a ver com os debates que realizamos.Hoje, nossa região vive uma situação radicalmente diferente daquela de vinte anos atrás. Muitos dos que nos encontramos no passado nas reuniões do Foro de São Paulo como forças de oposição, hoje somos Governo e estamos desenvolvendo importantes mudanças em nossos países e na região como um todo.Experiências como a UNASUL e a Comunidade da América Latina e do Caribe são herdeiras dos debates que levamos no Foro. Elas abrem o caminho para uma verdadeira integração de nossos países fundadas sobretudo nos valores da democracia, do progresso econômico e social e da solidariedade.Uns poucos tentam caracterizar o Foro de São Paulo como uma organização autoritária. É o velho discurso de uma direita que foi apeada do poder pela vontade popular. Não se conformam com a democracia de que se dizem falsamente partidários.A contribuição de meu partido e outros partidos progressistas do Brasil para esta nova realidade do Continente é de todos conhecida.Nosso Governo retomou o crescimento, depois de décadas de estagnação. Crescemos distribuindo renda. Incluímos 30 milhões de brasileiros que viviam abaixo da linha da pobreza. Criamos 14 milhões e meio de empregos formais e aumentamos substancialmente o salário real dos trabalhadores e a renda dos trabalhadores do campo. Mantivemos a inflação sob controle. Reduzimos nossa vulnerabilidade internacional. Não mais dependemos do FMI. E pudemos fazer esta grande transformação com expansão da democracia, aumento da participação popular e fortalecimento de nossa soberania nacional.O Brasil mudou e vai continuar mudando nos próximos anos.Mudou junto com seus países irmãos do Continente.Mudou como está mudando a Argentina que agora acolhe mais este encontro do Foro de São Paulo.Recebam, queridos amigos, o abraço do seu irmão e companheiroLUIZ INÁCIO LULA DA SILVAPresidente da República Federativa do Brasil.
SETE AÇÕES
No final do evento os amantes da ditadura aprovaram SETE AÇÕES a serem observadas e seguidas pelos participantes do FSP. O propósito? Derrotar o contra-ataque da direita e do imperialismo na região, segundo está escrito. Eis aí:1 - Ampliar a unidade dos partidos progressistas, populares e de esquerda; 2 - Consolidar as vitórias e não ceder espaço à direita; 3 - Aprofundar as mudanças nos países governados pela esquerda; 4 - Apoiar os partidos de esquerda que ainda não são governo na região;5 - Derrotar o contra-ataque da direita; 6- Acelerar o processo de integração regional; 7 - Fazer do ciclo de governos progressistas e de esquerdas o ponto de partida rumo a um novo modelo de desenvolvimento para a América Latina e Caribe.
ESTOU EXAGERANDO?
Há quem não acredite que Dilma seja capaz de fazer tudo aquilo que é apresentado, discutido e aprovado no FSP. OK. Porém, se este risco não existe, porquê o deputado José Eduardo Cardozo coordena a campanha de Dilma? Logo ele que, como secretário geral do PT, esbraveja nas reuniões do FSP querendo que as barbaridades cometidas em Cuba e na Venezuela devem acontecer também no Brasil. Estou exagerando, gente?