TRIPÉ
O Congresso Nacional, de forma definitiva, conseguiu provar o tamanho da sua impressionante e indestrutível estrutura. Apoiada num poderoso tripé, composto por inabalável corporativismo, farto clientelismo e terrível patrimonialismo, a muralha se revela como algo absolutamente intransponível.
A + B
O presidente do Senado, José Sarney, por tudo que estamos assistindo, provou por A + B que o problema não é ele. Tanto isso é uma verdade incontestável que, se substituído, o novo ocupante deverá manter tudo como está, ou como sempre esteve.
TRIPÉ MANTIDO
Explico: Pelo comportamento demonstrado pela maioria dos senadores, de não tomar a atitude determinante de tirar o homem da presidência, mostra o quanto estão de acordo com os vícios existentes na casa. A dedução, portanto, é lógica: Com Sarney ou sem ele o poderoso tripé será mantido.
MESMOS VÍCIOS
Mesmo que neste momento as atenções estejam muito voltadas para o Senado, a Câmara dos Deputados não fica um milímetro atrás. Para não deixar dúvidas de que os vícios são os mesmos, ontem a Comissão de Ética assinou o atestado da existência do tripé acima mencionado: absolveu o deputado Edmar Moreira. É preciso mais?
MURALHA INTRANSPONÍVEL
Da mesma forma como os congressistas mostram o que querem e podem, o povo brasileiro também mostra que reação é fazer meros desabafos verbais, dentro de suas casas, ou por escrito, via internet. A postura identifica que não há mais o que fazer. Com esta apatia a muralha do Congresso se tornou simplesmente intransponível.
SALADA
Aquela idéia de atirar ovos e tomates nos congressistas ao descerem nos aeroportos das capitais, perdeu sentido. Vamos fazer a salada e comê-la antes que os produtos apodreçam. Enquanto o povo se mantém covarde, o repórter Danilo Gentili, do Programa CQC da Band TV, é agredido pelos seguranças de Sarney. Tá vendo?
GOSTAMOS DE APANHAR
Pois é, gente: quem deveria ser agredido é preservado. Mas os covardes precisam mesmo apanhar. E muito. Só por serem covardes. Nós estamos apanhando porque não reagimos. Vamos nos convencer de uma vez por todas: gostamos mesmo é de levar pau. Ai.