Artigos

05 abr 2011

A INFLAÇÃO E O CÂMBIO


Compartilhe!           

PREOCUPADO
O governo, pelo vazamento das conversas das reuniões sem fim que acontecem no Palácio do Planalto, está pra lá de preocupado com a escalada da inflação e com a valorização do real frente ao dólar.
INFLAÇÃO
Para combater a inflação, considerando que o governo definitivamente não admite cortar custos, a taxa de juros passou a ser a única arma que dispõe. Com efeitos duvidosos, porque a inflação não é só pelo efeito demanda, mas de custo internacional das commodities.
CÂMBIO
Quanto ao fator CÂMBIO, a coisa está ainda mais complicada, uma vez que não dispõe de uma arma capaz de enfrentar a valorização do real frente ao dólar, principalmente. Tudo porque elevando a taxa de juros, para frear a inflação, acaba por acelerar a entrada de recursos internacionais no Brasil, provocando, assim, o derretimento cambial.
ENXURRADA
Examinando o assunto com o cuidado que merece, uma coisa é mais do que certa: enquanto o Brasil oferecer taxas de juros maiores do que as praticadas nos países que tem dinheiro para investir, nada vai poder conter a valorização do real. Se ainda for levado em consideração que, ontem, a agência Fitch Ratings elevou os ratings (classificações de risco de crédito) do Brasil, em moeda estrangeira e local, de BBB- para BBB, sinalizando a redução no risco de calote do País, a enxurrada de dólares tem tudo para aumentar ainda mais.
LIÇÃO DE CASA
Como as taxas de juros no mundo estão muito baixas porque os países desenvolvidos estão em crise, os países que pagam mais e ainda tem risco reduzido ganham grande preferência dos investidores. Portanto, antes de ficar revoltado com os interessados nas nossas taxas de juros, como acontece todos os dias, melhor seria se fizessemos a nossa lição de casa. Se as reformas fossem feitas as nossas taxas de juros cairiam por gravidade.
OS ESPECULADORES
De novo: o capital ESPECULATIVO, como é chamado o dinheiro dos investidores estrangeiros, só entra no país porque o governo oferece uma remuneração ímpar.Como só aumenta os juros quem precisa de dinheiro, enquanto o governo chama os estrangeiros de ESPECULADORES, pelo lado da oferta, o Brasil nada mais é também, do que um ESPECULADOR. Só que pelo lado da demanda.
O ROTO E O DESCOSIDO
Mas, afinal, por que, então, o Brasil não resolve o problema diminuindo drasticamente a taxa de juros? Isto não bastaria para afastar definitivamente os compradores da nossa moeda, fazendo com que o real viesse a se desvalorizar pelo demanda de dólares? Em tese,a resposta é SIM. Mas não é isto que acontece. Como o governo está metido numa camisa de sete varas, sem mínimas condições para diminuir suas despesas, o grave problema fiscal obriga o país a manter as taxas de juros altas. Um deles, por exemplo, está na Caderneta de Poupança, que por ser isenta de IR ainda é obrigada, por lei, a pagar juros de 6,17% a.a., o que por si só já impede a redução dos juros. Mas a encrenca não fica só por aí: os fundos de pensão e aposentadoria, por lei, são obrigados a pagar um mínimo de 6% ao ano mais correção aos beneficiários, quando os resultados não alcançam esta rentabilidade. Uma arapuca e tanto, que depois de concedida não há quem consiga mais desarmar. Em suma: da mesma forma com que a sociedade critica a China, porque produz e vende de tudo a preços muito baixos, o Brasil, por sua vez, compete da mesma forma em rentabilidade de seus títulos. Ou seja: é o roto falando do descosido.